Habitación

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Segui Poncho até seu carro em silêncio, eu não estava entendendo o que estava acontecendo nessas últimas semanas, nunca conversamos e agora até em festa nos esbarramos? Literalmente.

Eu estava toda molhada de bebida e não sabia aonde colocar a cara
- o que ele iria fazer? Pegar um paninho e me secar? - pensei sozinha e soltando uma risada sem querer, afinal, eu já tinha bebido um bom tanto.

- Alfonso, você pode me chamar de Any, caso você queira - Falei na lata, eu estava aqui pra me divertir, ele era meu chefe apenas segunda, hoje sábado é só meu vizinho que esbarrei em uma boate.

- Poncho!.- ele murmurou baixo.

-Poncho? Eu gostei, irei te chamar assim. - Se eu não estivesse alcoolizada eu não estaria conversando com ele assim, mas eu estava aproveitando.

Sentei no banco do caroneiro com as pernas para fora e virada para ele, Poncho pegou uma jaqueta que estava no banco de trás e me entregou.

- É, o que me resta é pedir desculpas, você quer que eu te leve até em casa?- Ele me questionou entregando a jaqueta.

- Pra ser sincera eu não estava com muita vontade de ir.

-Any, acho melhor ir, se ficar aqui molhada irá pegar um resfriado. - Ele falou com voz de mandão.

- Eu não estou muito afim, eu tenho meus amigos que estão lá dentro e..e.. acho que ficaria meio estranho aceitar uma carona sua. - falei.
Eu continuava sentada virada pra ele enquanto ele estava de pé, eu percebi ele tirando uma carteira de cigarro do bolso da sua calça e acendendo.

-Any, não tem nada de estranho, vamos! Não irei te deixar aqui toda molhada, te devo uma dessa, entra que vou te levar. - ele falou com um ar de mandão, e eu não gostava daquilo.

-Achei que nossa primeira conversa fora do escritório seria totalmente diferente- falei rindo.
Levantei do banco do carro e me escorei na porta, eu estava alterada até demais.

-E você estava pensando nisso?- ele falou entre dentes me fitando. Puta olhar sensual.
- Any, vamos, sem enrolação, por favor, não tenho paciência.

-Então você não tem paciência?- perguntei chegando mais perto.

POV Poncho

Ela estava me testando, não gostava de enrolação, iria levar ela pra casa por bem ou por mal, ela estava toda molhada por besteira minha e ainda mais estava podre de bebida.

-Então você não tem paciência?- Ela perguntou chegando perto de mim, o que ela estava fazendo? Ela estava me provocando e iria se arrepender disso.

-Não tenho, você ainda tem muito pra me conhecer - falei seco. - Vamos? - falei saindo de perto dela e entrando no banco do motorista.
Ela bufou mas cedeu, entrando no banco do passageiro.

-Só estou aceitando porque estou encharcada de bebida- ela falou e eu revirei os olhos.

Liguei o carro e liguei o som, estava tocando ayo do Chris Brown e ela começou a cantarolar

-Não sabia que gostava desse estilo de música- falei quebrando o silêncio entre nós dois.

-Poncho, há muita coisa que você não sabe sobre mim- ela falou e lembrei que minutos atrás quem tinha falado isso tinha sido eu assim me fazendo soltar uma risada.

Rodamos por Atlanta até chegar no nosso condomínio, metade do caminho viemos em silencio. Parei o carro em frente a casa dela e abaixei o volume da música.

-Bom, Any, estamos aqui - Falei virando para o lado esperando ela sair, mas me dei conta que ela estava literalmente dormindo, porra!. Fiz a volta com o carro e entrei no enorme espaço que tinha na frente da minha casa, meus seguranças abriram o portão para mim, ela iria dormir aqui, afinal, não seria eu que iria entregar ela sonolenta aos país e ela mesma disse que queria chegar em casa só amanhecendo.
Estacionei e tirei ela com todo o cuidado do mundo pra ela não acordar, a peguei no colo e a levei em um dos quartos de visitas que tinha na minha casa. Ela continuava com o vestido molhado, e então, acordei uma das empregadas da casa e pedi para que colocassem uma camiseta minha nela e levassem o vestido para lavar.

POV Anahi

Eu acordei com o sol batendo no meu rosto, fui abrindo os olhos bem de vagarzinho para não lacrimejar, eu não lembrava de muita coisa do dia anterior
Eu fui recuperando um pouco a consciência e percebi que não estava no meu quarto, calma, aonde eu estou, Any? E o que você fez?, Eram tantas perguntas que logo minha cabeça começou a doer.
Era um quarto bege, muito bonito por sinal, percebi também uma porta que dava a um banheiro..
Puta merda, Any, não me diga que aqui é aonde eu estou pensando que é, sua otária, o que você fez?
Eram tantas informações para mim que eu não conseguia processar e demorei pra perceber que eu também não estava mais com o vestido que eu saí na noite anterior, eu usava uma camiseta larga e que tinha um cheiro tão gostoso que me remetia a Poncho, e ali eu estava sentada na cama e me dando conta que estava na casa do meu chefe, vulgo Herrera.
Foi ele que me trouxe até em casa? Foi ele que colocou a camiseta? aconteceu alguma coisa a mais? Porra eu estava ferrada, como eu ia sair dessa casa sem ser vista e principalmente sem roupa?
Enquanto passava tudo isso em minha cabeça uma batida na porta me assusta

-Any? É a doméstica, Sr. Alfonso me mandou aqui para trazer o seu café. - alguém por trás da porta falou
A porta se abriu e revelou uma mulher de aproximadamente 50 anos, com cara de ser uma pessoa muito querida, ela tem seus cabelos cor chocolate e é super baixa.

-É-É oi- falei com um sorriso amarelo e senti minhas bochechas pegarem fogo.

-Não precisa ter vergonha, só irei deixar seu café, eu troquei a senhora ontem e você dorme como pedra, viu?- ela falou dando uma risadinha. - seu vestido está na lavanderia secando, qualquer coisa pode me chamar - ela avisou saindo do quarto
Essa visita dela até no quarto foi muito agradável, afinal, ela revelou minha maior dúvida, não rolou nada e quem me trocou foi ela, estou surpresa com Poncho.

Estava tomando meu café e comendo umas bolachinhas que ela me deixou quando lembro da Dulce e do Bryan, puta que pariu, eles devem estar super preocupados, afinal eu sumi e não avisei
Procurei meu celular mas sem sucesso, e nessa história toda, aonde está Poncho nesse exato momento? Me questionei e levantei da cama.

Tudo bem, ele que me vestiu assim e me deixou sem roupa, vou descer procurar ele assim mesmo!- pensei decidida.

Quando eu abri a porta do quarto me dei de cara com um corredor gigante, com várias portas e uma escada que dava em direção ao térreo da casa
- Gênia, você quer ir procurar ele como? Você nem conhece a casa - pensei.
Desci as escadas enormes e me dei de cara com um monte de seguranças perambulando por todos os lados, eu não nego que fiquei vermelha, mas esses caras são profissionais e eu nunca mais irei voltar aqui mesmo, e afinal, pra que tanto segurança?

Eram tantos questionamentos que me vi louca. Eu estava a procura de Poncho e não o encontrava, a casa era gigantesca.
Eu vi uma moça que estava com trajes de trabalho e cheguei até ela

-Oi, tudo bem? Moça, você poderia me informar aonde está o Poncho? - perguntei toda simpática

-Olha, acho que ele está no escritório dele, mas ele odeia ser interrompido quando está la, muito menos por garotas de programa.- ela falou e eu senti meu rosto queimar de ódio, quem ela pensa que é pra falar comigo desse jeito?

- O que você disse? Eu trabalho pra ele, sou a secretária da empresa, e eu parei aqui por que...- eu estava falando tão irritada que me perdia nas minhas palavras, e afinal, eu nem devia satisfação para essa garota -não te devo satisfação.- falei saindo e indo em direção a outro cômodo da casa quando me dou de cara com Poncho.

-Any?- Ele disse surpreso

-Poncho, está tão surpreso porque? Até então foi você que me trouxe pra cá. - falei explodindo de raiva

-Calma, está tão brava porquê? - ele me questionou

- Você me trás para sua casa para suas funcionárias me confundirem com garotas de programa.

-Any- ele falou, provavelmente não sabia nem o que iria me falar -Me desculpa, mas você dormiu e não quis te acordar!- ele mudou totalmente o tom de voz e ficou mais seco.

-Bom, seria melhor se tivesse acordado, porque não deveria aguentar desaforo das suas empregadas e muito menos metade dos seus seguranças me verem de camisetão e calcinha. - falei bufando.
Eu não queria estar assim, mas realmente, tudo que aconteceu nessa noite me deixou super irritada.

-Sobe tomar um banho, mandarei irem comprar alguma roupa pra você sair daqui sem ser só com uma camiseta. - ele ordenou.

Dangerous NeighborOnde histórias criam vida. Descubra agora