[IV] Mudanças

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[👿]

Não sou muito fã de mudanças. Na ciência, quando uma célula normal se transforma em uma célula maligna, é chamado de transformação celular. A maldita célula se torna tóxica aos seus olhos.

Pelo que eu sei até agora, transformação é uma droga.

A semana anterior havia acabado muito rápido, assim como os primeiros tempos de aula. A escola continuava a mesma, já os alunos estavam um pouco alterados, suas novas companhias invisíveis pareciam os fazer muito bem, por enquanto.

Quando o sinal tocou, indicando o intervalo para o recreio, peguei meu lanche e caminhei até a quadra não utilizada da escola. Como costumeiro, Park estava lá, talvez aquele tivesse se tornado nosso ponto de encontro, ninguém — além de nós — ia lá.

Ele estava fofo e estressado, como sempre também, desta vez aconteceu algo que o irritou mais ainda, porque ele está em pé no canto da quadra, rodopiando sem parar pelo piso. Virou bailarino.

Cento e dez, cento e onze, cento e doze...

Subi as arquibancadas e me sentei no último degrau, perto dele e o observei por alguns segundos.

— Você é um bom ‘rodopiador’, Park. Vem comer.

Ele parou, estava suado e vermelho.

— Não quero — disse, e voltou a dar umas piruetas doidas pelo chão.

Cento e um...

— Eu trouxe sua bebida mágica — balançei meu cantil prateado em sua direção.

Ele parou novamente, olhou para minhas mãos e se apressou em subir os degraus para se jogar ao meu lado.

Noventa e um... ainda bem.

— Virou bicho-piruleta por quê?

— O velhão disse que não sou bom o bastante para entrar para o clube de dança — pegou o cantil de minhas mãos e o levou até a boca, bebendo da água que coloquei lá. — Isso não é a bebida mágica, Jung! — reclamou, me fazendo gargalhar. — Você é um pilantra!

Com "velhão" ele quis dizer o professor rabugento do clube de dança, Sr. Min. Era engraçada a maneira como Jimin, aparentemente, odiava chamar as pessoas pelos seus verdadeiros nomes, Park era bom com apelidos.

— Você vai adquirir uma cirrose se continuar bebendo tanto, Park. Trouxe esse negócio, disseram que é bom e saudável, então come aí — coloquei a sacola de plástico com o lanche em seu colo. — E eu não acredito que ele disse isso, agora vou ter que atropelá-lo com meu possante.

Fiz uma falsa expressão de tristeza, ele gargalhou alto e tapeou meu braço, em seguida pegou o bolinho doce em suas mãos e enquanto comia falava sem parar, em um minuto reclamava sobre a escola ser chata e em outros já estava fofocando descaradamente sobre pessoas que nós nem conhecíamos. Comentou até sobre o sonho que teve comigo na noite anterior, onde ele era um médico engomadinho e eu um mendigo esquisito. Realmente ele era bem maluco.

— Por que você fala comigo? — perguntou aleatoriamente, cruzando as pernas em frente ao corpo e apoiando os cotovelos em suas coxas.

Garoto infernal • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora