Capítulo quatro

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Marcos

Duas semanas depois...

Aquela situação era... curiosa, para dizer o mínimo.

Sentado no sofá do meu escritório, na sede da MH Tecnologia – minha empresa – eu observava os três envelopes sobre a mesa, que continham fotos, informações e, o mais importante: o resultado dos exames feitos pelas três 'finalistas' da busca de Thiago.

Ele realmente encontrou mulheres dispostas a alugar o útero – pelo valor que eu concordei em pagar, aquilo não me admirava tanto. Todas passaram por entrevistas. Ele também contratou uma psicóloga de confiança para fazer uma consulta de avaliação com cada uma delas, afinal, eu não queria nenhuma psicopata que pudesse sequestrar o bebê, me fazer ameaças ou qualquer coisa parecida. Por último, todas fizeram exames médicos para ver as condições gerais de saúde e se estavam aptas a engravidar. No final de tudo isso, restaram três. Jovens, fisicamente saudáveis e mentalmente estáveis. E agora eu deveria escolher uma delas com base em... Não faço ideia.

— Tem fotografias delas para ajudar — Thiago informou, sentado na poltrona do outro lado da mesa, apontando para os envelopes. — Será a morada do seu filho durante nove meses, é justo que você decida pela mais bonita.

— Isso não é o aluguel de um apartamento, Thiago — retruquei, levemente irritado. — São de três seres humanos que estamos falando.

— É um aluguel, amigo. E, se me permite acrescentar, um aluguel bem caro. As três têm idades parecidas e são igualmente saudáveis. O único parâmetro que resta é a aparência física. Anda, olhe as fotos e vá em frente.

Eu não ia fazer aquilo. Não, era demais para mim.

Levantei-me, passando a caminhar devagar pela espaçosa sala.

— Onde encontrou essas moças? Nenhuma delas sabe sobre quem eu sou, não é?

— Você não está lidando com um amador, amigo. É claro que nenhuma delas sabe da identidade do meu 'cliente'. Você provavelmente vai querer acompanhar alguns exames médicos durante a gravidez, então a escolhida vai ter que assinar um termo de confidencialidade. Vamos nos cercar ao máximo para que isso nunca chegue à mídia.

— Certo. Mas onde as encontrou?

— Eu joguei umas iscas por aí. Mencionei o caso com meia dúzia de pessoas... fique tranquilo, nenhuma delas te conhece. Uma delas em pessoa se ofereceu na mesma hora. Das outras cinco, três comentaram depois com amigas que acabaram me procurando. As outras, como falei, deixaram anúncios em grupos do tema no Facebook. Aliás, você poderia criar um sistema de grupos no Connection, né? É uma mão na roda.

Eu não estava disposto a discutir sobre ferramentas do meu app com Thiago. Por isso, insisti no assunto:

— E essas três 'finalistas', de onde veio cada uma? Aliás, você tem algo a dizer sobre cada uma, para eu ter alguma coisa além de histórico médico e fotografias para fazer a decisão?

Thiago girou a poltrona, ficando de frente para mim.

— Duas delas vieram dos grupos. A número um é a mais jovem, tem vinte e cinco anos, sem filhos, trabalha como professora...

— Não vai ser estranho? — eu o interrompi. — Ela vai aparecer grávida no trabalho. Os colegas e alunos vão perguntar depois pela criança.

— Não esqueça que você vai arcar com todos os gastos da escolhida durante os nove meses, Marcos. Exatamente para que ela não tenha que trabalhar e fique mais reclusa. Será primordial que apenas as pessoas mais próximas à mulher saibam o que está acontecendo, o mínimo de pessoas possível.

A Esperança do CEO [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora