Luciana
Quarenta dias depois...
Eu não vinha passando nada bem nas últimas semanas, nem físico nem psicologicamente. As injeções hormonais deixavam meu corpo inchado, dolorido, afetavam o meu apetite e meu humor, e ainda se somava às infinitas contestações que eu fazia a mim mesma sobre eu estar fazendo a coisa certa.
Porém, nada daquilo tinha a menor importância e todo o sofrimento era recompensado quando eu via aquele sorriso no rosto da minha filha.
A moça que a atendia na clínica onde faríamos as próteses tirava as suas medidas e explicava tudo para Lara com muita paciência e bom humor. Dessa vez, faríamos a encomenda da nova prótese para o dia a dia, mas eu já havia prometido que dentro de pouco tempo voltaríamos para fazer a de corrida, e era sobre essa que minha filha ouvia, encantada, às explicações a respeito.
— Eu vou poder com ela correr igualzinho às outras crianças? — Lara perguntou, encantada.
— Lógico que vai! — a moça respondeu, sorridente. — Mas para isso, você precisa se dedicar muito na fisioterapia. Promete que vai fazer isso?
— Prometo! Darei o meu melhor!
— É assim que eu gosto, garota! — Ela estendeu a mão para que Lara batesse com a sua.
Ver aquela felicidade de Lara era o que mais me importava na vida.
Estava tão absorvida observando aquela cena que cheguei a sobressaltar quando alguém tocou o meu ombro. Olhei para o lado, encontrando Carol, que tinha ido me encontrar na clínica.
— Cheguei a tempo? — ela perguntou, ofegante.
Eu me sentia péssima por estar dando todo aquele trabalho à minha amiga. Eram dez e cinquenta e cinco da manhã, e às onze o motorista do Marcos Herrmann – meu contratante – chegaria ali na clínica para me buscar. Eu tinha consulta marcada para as onze e meia. Carolina teve um encontro com um cliente pela manhã para mostrar uma casa, e depois correu para lá me encontrar. Ela ficaria com a Lara até terminarem as medições para a prótese, depois a levaria para casa e a arrumaria para mandá-la para a escola quando o transporte escolar passasse para buscá-la.
— Obrigada por vir, Carol — agradeci, segurando a mão que ela ainda mantinha em meu ombro.
Sentada no sofá, de frente para a moça que lhe mostrava a prótese de corrida, Lara olhou para Carolina e se empolgou ao contar:
— Dinda, olha só isso! A mamãe logo vai comprar uma dessa pra mim, e vou poder voltar pra equipe de corrida da escola!
— As outras crianças que se preparem, será muito difícil te vencer! — Carol retrucou, fazendo Lara rir.
Quando minha filha voltou a prestar atenção nas explicações sobre a prótese, Carolina me puxou, nos afastando alguns passos de onde Lara estava. Então perguntou, com a voz baixa:
— É hoje que você vai confirmar se a inseminação deu certo?
Eu já tinha feito alguns testes de farmácia. Vários, para falar a verdade, praticamente desde a primeira semana após o procedimento de inseminação. Os primeiros deles tinham dado negativos, depois passaram a dar positivos, mas eu sabia que ainda era muito precoce para ter tal precisão, especialmente porque eu havia ainda sido submetida a tratamentos hormonais para aumentar a fertilidade, o que poderia contribuir para um resultado falho. O médico marcou a 'consulta da descoberta' para a quarta semana, quando a eficácia seria maior.
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A Esperança do CEO [DEGUSTAÇÃO]
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