Como Dizer Se Seu Namorado For o Anticristo

x. ɪɴɢᴇɴᴜᴀ

➳ 𝙉𝙤𝙚𝙣 𝙀𝙪𝙗𝙖𝙣𝙠𝙨

Estive mais ocupado do que realmente gostaria. Hoje à tarde, teria o que seria o "jantar" realizado uma vez em todo início de mês desde que pisei os pés na Igreja Satânica. Isso não era do feitio dos seguidores daqui, mas a minha presença era algo a ser comtemplado, porque sabem que eu sou.

Sabem que estou aqui, pelo motivo que estou e o que vou fazer.

Me olhei no espelho, pela última vez. Haviam se passado dois dias desde que Aurora estava na casa de Anzel, mas não havia mandado mensagens ou ido visita-la desde que a deixei lá. Ajeitei meu cabelo no espelho, o qual eu havia mudado a cor. Rosa escuro misturado com o meu loiro natural combina comigo, devo admitir, e mais ainda com o terno preto que estou usando.

Suspirei e busquei paciência, pedindo para a empregada fechar a casa e arrumar meu quarto, pois já estava de saída.

Todos estavam ao meu redor, me observando provar alguns pratos que trouxeram. Eu odiava, de alguma forma, tudo isso. Quero dizer, não tem nada de desagradável em me sentar em uma mesa enorme com pessoas que fazem de tudo para me agradar com os mais típicos diferentes de comidas e dar risada de maldades que praticaram durante a semana, o ponto é que me lembro de cerimonias de igrejas Evangélicas e Católicas.

E todo o lance de rituais de adoração, do qual já sei muito bem como é. Ainda me recordo da infância, quando meus pais, pouco antes de eu assassiná-los e traçar meu próprio caminho em busca do conhecimento sobre quem eu sou, estávamos em uma espécie de cerimonia da Igreja deles aos domingos, quando uma senhora parou ao meu lado e questionou minha arrogância, e sobre como "Deus" mudaria minha vida, e que eu precisava me libertar disso.

Todas as religiões de natureza espiritual são invenções dos Homens. Eles criaram um sistema inteiro de deuses com nada além do que seus cérebros carnais. Só pelo fato de alguém ter um ego e não poder aceitá-lo, ele teve de ser exteriorizado de uma maneira espiritual que a própria pessoa chama de "Deus".

Deus pode fazer tudo o que as pessoas não podem — Coisas como matar outras pessoas, realizar milagres para gratificar a si mesmas, mudar o que seria o pensamento delas e "minha ignorância", ter controle sobre tudo e todos sem nenhuma responsabilidade aparente, etc. Se uma pessoa necessita de um deles assim e o reconhece, então ela estará adorando a invenção de uma outra pessoa, ou seja, de maneira indireta, estaria adorando o homem ou a mulher que inventou tal deles. Não faria muito mais sentido então que essa pessoa adorasse a um Deus criado por ela mesma, um deus que melhor represente a criatura real e carnal que teve a ideia/poder par a inventar um deles em primeiro lugar? Essa é a resposta que gostaria de ter dado naquele tempo, mas tive que me conter no maldito banco da igrejinha, desejando que aquela mulher que não enxergava seu ego como os de fora, morresse da pior forma possível por seus insolentes insultos.

— Noen, gostaria que conhecesse minhas filhas, Claire e Alisa. — Uma mulher se pronunciou, com a mão em meu ombro enquanto eu delicadamente depositava os talheres de volta à mesa. Meu olhar foi para uma jovem moça, e logo ao olhar em seus olhos senti o peso da luxuria que carregava. Em seguida para a menor que a acompanhava, ela tinha aparentemente seis ou no máximo sete anos.

Ela era realmente muito bonita.

— Oi... — Disse Claire timidamente, embora não fosse verdadeiro — É um prazer conhece-lo, uma verdadeira honra!

— É uma honra também, senhorita. — Assenti com a cabeça, com um breve sorriso nos meus lábios. — E você, Alisa, como está? — Abaixei o olhar, fazendo as bochechas da menor corarem, ela apenas assentiu.