𝘼𝙪𝙧𝙤𝙧𝙖 𝙀𝙫𝙖𝙣𝙨
— Cheguei!
A voz estridente de Aurora ecoou pelo corredor da sala no momento em que abrira a porta, ela sempre dizia isso quando voltava para casa, mesmo sabendo que não teria ninguém para recebe-la quando entrasse. Largou os sapatos na entrada, os tirando delicadamente e colocando no cantinho, no mesmo lugar de sempre. Afinal, era o que ela imaginava que sua mãe pediria para fazer caso tivesse uma.
Ao acender a luz, se deparou com a bagunça na cozinha, as roupas jogadas no chão do seu quarto e a toalha de banho estirada no sofá da sala por ter saído às preces pela manhã para o colégio. Sentou-se na cadeira gélida da cozinha, dando um longo suspirando e tomando coragem para arrumar tudo aquilo.
Aurora Evans estava no último ano do ensino médio, mas isso não era grande coisa. Tinha um emprego de meio período durante os fins de semana na lanchonete dos Bennet e ganhava razoavelmente bem, o bastante para conseguir pagar as despesas de casa e não sobrar quase nada para gastar em roupas ou coisas que as garotas gostariam de fazer normalmente. Mas tudo bem, ela se contentava. Estava feliz por ao menos ter um emprego, concedido pela senhora Bennet, que a criou durante sua infância, já que Aurora nem mesmo sabia quem era ou foram seus pais, não se lembrava nem mesmo se tinha um nome quando a mulher a encontrou nas ruas com seus cinco anos de idade e a adotou. Mas a emancipação chegou, logo, ela resolveu traçar seu próprio destino e morar sozinha em uma casa não tão grande, mas confortante.
O lado bom disso tudo é que podia fazer as coisas no seu tempo, seja do banho até a horário que fosse dormir ou comer alguma coisa. Tinha seus altos e baixos, ter quase dezoito anos de idade e sentir falta de pais que nem mesmo se lembrava dos rostos não era uma tarefa muito divertida ou aconchegante.
E foi isso que ela fez depois de quase duas horas de relógio organizando sua casa: rumou para o banheiro e se despiu, entrou no box e ligou o registro, sentindo a água quente cair sobre seu rosto. Depois de alguns minutos, enrolou uma toalha na cabeça, outra em volta do seu corpo e foi para o seu quarto, sentando-se na cama, visto que já se tratavam das oito e meia da noite e checou as mensagens em seu celular.
— Nenhuma mensagem, porquê diabos minha vida é tão sem graça e monótona? — Resmungou, jogando o celular e se deitando do jeito que estava em sua cama, olhando para o teto de gesso branco.
❦ ❦ ❦
Aurora estava em um lugar desconhecido, mas ao mesmo tempo, mais familiar do quê pudesse realmente ver. Ela sentiu que já esteve ali antes, e de fato esteve, em outros sonhos iguais a esse. Era como se estivesse lúcida dentro do seu próprio pesadelo.
Olhou ao redor, observando o castelo gigantesco e escuro, com algumas velas que iluminavam a enorme escada que levava ao segundo e último andar. Nos outros sonhos, ela nunca conseguiu passar dessa escada, ela sempre acabava caindo da mesma quando sentia que alguém estava atrás dela, e a puxava, para que morresse.
— Dessa vez vai ser diferente...
Sussurrou para si mesma, correndo em direção a velha escadaria, subindo curiosamente para saber o que havia depois dela. Cansada pela velocidade em que subiu, analisou o corredor, entrando em um quarto que a janela estava aberta, e foi quando percebera que estava chovendo muito lá fora. Se aproximou, cautelosamente, vendo as cortinas brancas rasgada na enorme janela balançarem, e chegou um pouco mais perto.
Olhou para o lado de fora, especificamente para baixo, estava muito alto para pensar na possibilidade de pular dali, ainda mais em uma tempestade como aquela! Mas, os barulhos do que pareciam ser espadas e risadas assustadoras, chamou-lhe mais a atenção do que pensar em sair dali. Olhou para cima, onde vias as nuvens escuras e os trovoes e raios, que soavam tao furiosos.
Franziu o olhar um pouco mais, tentando focar no que realmente parecia estar vendo. Coçou os olhos, na esperança de que acordasse logo daquele sonho lúcido. Mas, não foi o que aconteceu. Ela viu o que pareciam ser anjos travando alguma espécie de batalha com demônios, que pareciam tão lindos quanto os anjos, mas a energia de ódio que transmitiam era fora do normal, suas asas escuras e seus rostos debochados e malignos.
Foi quando percebeu que eles haviam a percebido. Um dos anjos, que ela não conseguia exatamente ver o rosto de tanto que brilhava, parou de lutar para observá-la, assim como todos os outros que ali estavam voando no meio do céu, como se fossem invisíveis aos olhos de outras pessoas.
— Você não deveria ter visto. — Um dos anjos disse, sua voz era tão distante e ao mesmo tempo clara, como se falasse sem usar a boca, apenas pelo subconsciente da garota.
Sentiu novamente ao arrepio subir pela sua espinha, e sentiu-se observada. Virou-se para trás, percebendo que havia alguém além dela no quarto, e o terror a consumiu por inteiro. Viu aquela forma que não conseguia identificar avançar contra ela, a matando.
— Não!
Gritou Aurora, acordando ofegante no meio da noite, igualmente nas ultimas duas semanas. O relógio marcava três e meia da manhã, e a sensação que tinha era de arrepios. Estava toda soada, se levantou e foi ao banheiro rapidamente lavar o rosto. Seus cabelos ruivos estavam todos bagunçados e as olheiras se faziam mais presentes do que nunca, ela odiava aquilo. Aproveitou para tomar um copo d'água, enquanto pensava sobre o mesmo sonho maluco de que vinha tendo nesse tempo.
Era sempre a mesma coisa. Sempre. E ela nunca entendia o porquê de ter esses sonhos, nunca entendi a razão de sempre ser com elas todas essas coisas estranhas, e muito menos entendia porquê sempre acordar depois do mesmo pesadelo as três da manhã.
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Como Dizer Se Seu Namorado For o Anticristo
Fanfiction[𝑵𝒐𝒆𝒏 𝑬𝒖𝒃𝒂𝒏𝒌𝒔] Aurora Evans, a garota mais gentil de toda a Flórida, a que não sabia nada sobre seu passado ou sua infância por percas de memória constantes quando criança, a que nunca sabia dizer não. A que nunca deixava um amigo desampa...