Ácido

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Quando a noite cai

Mansa, sobre as nuvens

O silêncio natural ao luar

Por ela, livre repousa

Como os ciclos das eclipses 

Pela forma anular, a brilhar


Pelo céu, a aurora dorme

Como o brilho de uma estrela 

E respira pelo véu brando 

Tão branco como a cor 

De um esmalte onírico 

Sobre o despertar reluz 

O sonho profundo, a marejar 

Pelos olhos nele, mergulhados 


O sonho é como o arco plano

Quando as flechas estão a mirar 

Como o sobrevoo dos pássaros

Que logo, assertivos, cantam 

O epitáfio múltiplo 

De várias lápides ao ardor 

Do dia que nunca chega

E das flores que são compradas

Logo, homenageando-o 

Frases tristes sem alguma definição

Pelas letras, organizam-se 

E espalham-se logo abaixo 

De uma imagem


Lá fora, os ventos sopram 

A rede elétrica, onde estão

Os pássaros, logo se movem

E, entre as nuvens cinzas, desde já

Apronta-se o temporal: os trovejos 

E os relâmpagos que incendeiam 

Pela casa, o cão recolhe-se 

Logo, em sobressalto pelo susto

Sobre o armário da cozinha 

No fundo do balcão

O chão branco se lustra

E tímido, ele se coloca a tremer


A chuva de abril 

Prepara-se para o mês que vem

Corteja o café da manhã

Tão quieto a dançar, pela preguiça

Matutina, pela xícara e pelo prato 

Colocados à mesa da cozinha

De cor amarela e xadrez colorido

Entre mãos humanas, se consome


As árvores do condomínio 

Juntas, movem-se 

E pelas gotas d'água 

Como a cor da púrpura ácida 

Molham as folhas e as flores

Mui bem nutridas ao verde

Distribuído pela relva 

Que sob o clarão do raio, a pairar

Sobre as antenas; as chaminés 

São como o choro seco do sol

Logo esquenta-se, pelo orvalho

Alguma de todas

As outras chuvas

Tudo nela brilha: A Luz dos Ressignificados Onde histórias criam vida. Descubra agora