16 8 42
                                    

Fale-me sobre as árvores

Quando os pés descalços tocam

E atingem o pico mais alto

Número oito de escala 

Entre a subida e a decida

Pelo caule enriquecido 

Repleto de ervas daninhas 

E espinhos que logo consagram-se

À boas horas da tarde 


Traga-me o cesto de flores brancas

Como os botões redondos de um lírio 

Que, pelas águas incolores, ilustram-se

E logo mergulham profundo

Com as alças brandas e arredondadas 

A cor marrom é a mais comum entre todas

Coberta pelo céu cinza 

Como o mal humor da doce manhã 

Fecha-se pelo coro à direita 

Do álbum folclore recém lançado


Prova-me os chás gelados 

Como o verão quente sobre a pele

Seu gosto doce pela boca degusta 

Desce e então logo se desmancha 

Pelo paladar meio amargo 

As xícaras coloridas de cristal

Sobre o reflexo do acrílico da janela

Lembra-me a casa da vó

Toda ela, muito bem limpa 

Pelo cheiro de clorofila na sala

E nos quartos de carpete antigo


Cheira-me o toque do outono

Quando as folhas caem ao chão

Lá no jardim da vizinha 

Do primeiro andar que tinha um pátio

Mais ao fundo de todos os quartos


Costura-me como o tricô 

Quando os laços entre o novelo de lã 

Entrelaçam-se por meio dele

E entre as delicadas linhas 

Pelas mãos tão bonitas

Mesmo um pouco enrugadas 

Pelo envelhecer do tempo


Lembra-me também pelo café às quatro 

Colocado à mesa da cozinha 

Cheia de detalhes em vermelho 

Cor acrílica, não lembro muito bem

Havia algumas bolachas, doces e pães

Todos eles o vô buscava da padaria

E sempre com aquela mania 

De não gostar de coisas 

Do dia anterior. 



Tudo nela brilha: A Luz dos Ressignificados Onde histórias criam vida. Descubra agora