Fale-me sobre as árvores
Quando os pés descalços tocam
E atingem o pico mais alto
Número oito de escala
Entre a subida e a decida
Pelo caule enriquecido
Repleto de ervas daninhas
E espinhos que logo consagram-se
À boas horas da tarde
Traga-me o cesto de flores brancas
Como os botões redondos de um lírio
Que, pelas águas incolores, ilustram-se
E logo mergulham profundo
Com as alças brandas e arredondadas
A cor marrom é a mais comum entre todas
Coberta pelo céu cinza
Como o mal humor da doce manhã
Fecha-se pelo coro à direita
Do álbum folclore recém lançado
Prova-me os chás gelados
Como o verão quente sobre a pele
Seu gosto doce pela boca degusta
Desce e então logo se desmancha
Pelo paladar meio amargo
As xícaras coloridas de cristal
Sobre o reflexo do acrílico da janela
Lembra-me a casa da vó
Toda ela, muito bem limpa
Pelo cheiro de clorofila na sala
E nos quartos de carpete antigo
Cheira-me o toque do outono
Quando as folhas caem ao chão
Lá no jardim da vizinha
Do primeiro andar que tinha um pátio
Mais ao fundo de todos os quartos
Costura-me como o tricô
Quando os laços entre o novelo de lã
Entrelaçam-se por meio dele
E entre as delicadas linhas
Pelas mãos tão bonitas
Mesmo um pouco enrugadas
Pelo envelhecer do tempo
Lembra-me também pelo café às quatro
Colocado à mesa da cozinha
Cheia de detalhes em vermelho
Cor acrílica, não lembro muito bem
Havia algumas bolachas, doces e pães
Todos eles o vô buscava da padaria
E sempre com aquela mania
De não gostar de coisas
Do dia anterior.
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Tudo nela brilha: A Luz dos Ressignificados
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