Traficante - *Beauany*

✨Capítulo 1✨

Any Gabrielly
10 anos atrás

O papai estava muito zangado com o trânsito, pois como sempre, ele tinha que chegar em casa para partir para o seu tão amado trabalho. Ele tinha um amor fora do comum pelo o que fazia, contabilidade sem sombra de dúvidas era seu primeiro amor.

- Olha mamãe... - Eu disse mostrando minha boneca favorita.

- Que linda, minha princesa. - Apertou minha bochecha - Agora senta, que é muito perigoso ficar de pé no carro. - Disse e logo obedeci.

- DROGA DE TRÂNSITO. - Papai gritou irritado me assustando.

- Querido, não há necessidade para gritos, chegamos na hora. - Mamãe disse segurando em sua mão.

- Priscila, está me deixando irritado, fique quieta - Disse sem um pingo dê paciência.

Algumas lágrimas brotaram em meus olhos. Eu não gostava de ver meus pais brigando, de alguma forma eu sabia que isso poderia afastar eles de mim.

- SIMON! - Mamãe grita.

Arregalei os olhos e senti o impacto contra o meu corpo, fechei os meus olhos perdendo todos os meus sentidos.

***
Abro meus olhos vagarosamente e sinto uma luz forte. Fechei eles e os abri novamente me acostumando com a luz forte. Olhei ao meu redor, eu estava em uma sala, para ser mais exata, uma sala de hospital.

-Mamãe? - Sussurro com medo.

- Tudo bem, minha menina - Ouço uma voz. Era Yonta, minha babá.

- Yonta... Cadê minha mamãe? - Sorri e ela se manteve séria.

- Ó querida - funga - Seus papais partiram... Viraram uma adaptação estrelinha lá no céu.

Yonta me envolveu em seus braços e eu me alinhei aos mesmos, ela beijou minha testa com amor.

- Uma estrelinha? Quem vai cuidar de mim? Como eu vou falar com eles de novo? - Choro desesperadamente - Eu nunca mais vou ver eles?

- Eles estão bem aqui - Toca no meu coração - Eles sempre vai estar com você, para o que você precisar minha princesinha.

- Eu quero eles de volta - Murmuro deixando um soluço escapar.

***
Acordo assustada e me sento na cama.

- O que foi, querida? Ouvi seu grito lá de baixo... - Yonta disse com a mão sobre o peito.

- Só mais pesadelos daquela tarde. - Digo entristecida.

- Estou aqui contigo - Ela me abraça carinhosamente.

- Eu sei, muito obrigada por tudo - Beijo seu rosto com amor.

- Agora levanta, já está na hora de você ir pro colégio - Dá um tapinha de leve na minha coxa.

- Já vou - Sorri amarelo.

Levanto e caminho até o banheiro, faço minha higiene. Visto a blusa da escola, minha calça jeans e calço meu vans preto. Faço um rabo de cavalo alto e passo apenas uma camada de rímel.

Tomei café da manhã, forçando muito, pois Yonta sempre me obriga. Eu não sinto nem um pingo de fome pela manhã, me causava um certo enjoo comer a esse horário.

Me despedi de Yonta e saí de casa. Olhei a rua e sorri abertamente por conta da vista. Nós morávamos na Rocinha desde que meus pais vieram a falecer. Eu amava aquela favela e amava mais ainda a forma que me acolheram.