EM NOITES DE LUAR

2 - Praia

Ela: Eu não sabia a quanto tempo, mas eu tinha certeza de que ele estava me observando. Apesar da pose relaxada, parecia tenso, como se estivesse se preparando para um ataque a qualquer momento. E com as roupas que ele usava ninguém diria que ele estava ali para curtir um dia de sol, ele usava roupas sóbrias, camisa, calça e sapato social. Ele parecia ter saído de uma revista de moda. Então uma loira se pôs entre nós, ela era igualmente linda e vestia roupas de praia, o que a deixava ainda mais linda...os dois juntos ofuscavam todas as outras pessoas com a sua beleza. Eles formavam um belo par.

Ele: Eu a estava observando, ela estava linda, de maiô, as pernas expostas...(suspiro) e o cheiro dela...
- Porque você não disse que vinha para a praia? Eu teria vindo com você...E porque você veio com essa roupa?
- Kênia, por favor, me deixa em paz.
- Se você não veio para tomar sol, o que você faz aqui?
- Princesa...
- Me responde, Keylan...O que você está fazendo aqui?
- Atrás de você...
- O quê? Minha nossa, aquela é a garota que eu...
- É.
- Então você... Ah, Keylan...Que tal uma água de coco?
- Kênia... - Quando ela quer algo é impossível dizer não - Tudo bem, vamos...

Ela: Eles estavam vindo em nossa direção, só a presença dele me causava arrepios.
- Uma água de coco.
- Só um minuto.
- Nossa, que cabelo lindo!
- Obrigado. Eu sou a Kênia, e esse é o meu irmão Keylan.
"Irmãos, ainda bem...Que pensamento é esse Louise?"
- Eu sou a Fabrícia e a minha irmã Louise.
- Vocês são muito bonitas.
- Obrigado.
- Sua água.
- Obrigado. Toma Kênia.
- Obrigado, maninho. Podemos sentar com vocês?
- Claro. Venham...

Ele: Eu podia ouvir o jeito descompassado do coração dela batendo, a respiração ofegante, o jeito que ela tentava me ignorar mexendo no cabelo ou nas unhas...Eu estava perdendo o controle...
- Keylan, responde a moça...
Era uma tortura para mim sentir seu cheiro, saber que ela estava ao meu alcance, mas...
- Keylan?
- O quê? Do que vocês estavam falando?
Minha mente, o meu corpo já não me obedeciam...isso é muito frustrante.
- Sairmos todos juntos qualquer dia desses...
- Pode ser. Vamos, Kênia, já deu de praia por hoje.
Eu preciso sair de perto dela logo...
- Vamos. Tchau, meninas.
- Tchau, Kênia. Tchau, Keylan...
- Até logo, até logo, Louise.
- Até logo, Keylan.

Ela: Voltamos para casa logo depois que eles saíram, mas eu ainda podía sentir o calor do olhar dele sobre mim como um abraço. Eu podia sentir...Era desconcertante, eu nunca me senti assim antes...A minha mente estava totalmente voltada para ele...

Ele: Ao voltarmos para casa encontramos o nosso irmão.
- Onde vocês estavam? E por que estão tão vermelhos?
- Fomos a praia. Bom dia, imãozinho...preciso descansar.
- Keylan? O que houve com vocês?
- Calma, Kemuel, só fomos a praia.
- Sei...
- Vamos tirar um cochilo. Minha pele está queimando.

Ela: O dia de praia me fez bem, à noite eu fui caminhar como sempre, só que quando eu ia saindo de casa...
- Keylan?
- Oi, Louise.
- O que você faz aqui?
- Eu moro do outro lado do parque. Vim dar uma volta. Você mora aí?
- Moro.
- Vai sair sozinha a essa hora?
- Eu também vou dar uma volta, caminhar à noite me faz bem.
- Se importar se eu lhe acompanhar?
- Não, claro que não.
Andamos um pouco além do meu quarteirão, rodeamos o parque. Andamos em silêncio, a presença dele apagava todo o resto do mundo, só existia eu e ele. De repente, trazida pelo vento, uma música suave nos alcança...
- Quer dançar?
- Claro...
Ele era um ótimo dançarino, mas eu também não ficava para trás (risos). Foi quando, em um giro, ele me beijou...e não houve fogos de artifício e nem perninha subindo, só o meu coração batendo no ritmo do dele...e eu flutuei.

Ele: Ela estava se tornando uma obsessão para mim. No meio do parque nós dançamos, e eu nunca imaginei que isso fosse acontecer. Mas foi como se eu estivesse finalmente livre de uma prisão que eu nem sabia que existia. Eu a beijei. Senti o coração dela batendo acelerado, não houve nenhuma resistência, eu poderia, poderia...Não, eu não vou fazer isso com..."Mas, o que é isso?". Alguém nos observava, onde exatamente eu não sei. Eu precisava tirar ela dali. Eu sentia que era um caçador.
- Vem, eu te deixo em casa.
- Mas...Tudo bem, vamos.

Ela: Ele me deixou em casa. Estava estranho, parecia aquele rapaz que eu vi na praia, relaxado por fora, mas pronto para um ataque a qualquer momento e não o que acabou de dançar comigo no meio de um parque vazio.
- Boa noite, Louise.
- Boa noite, Keylan.
Quando eu dei as costas para ele que me virei de novo, ele havia sumido.
- Que cara é essa? Parece que viu um fantasma.
- Não é nada. Pra onde você vai?
- Eu vou sair com a galera. Quer vir? Estão sentindo sua falta.
- Não, obrigado. Não tô afim.
- Você que sabe. Não me espere acordada. Tchau.
- Tchau, Fabi, cuidado. E juízo!
- Tá. Boa noite.
- Boa noite.

Ele: Eu fui para o lugar de sempre. Não sentia mais aquela presença, o cheiro era quase inexistente...talvez encoberto pelo dela... Manter a distância dela seria o melhor, seria mais seguro para ela. Eu vi quando a irmã dela entrou em um carro e saiu. Vi quando ela subiu para o primeiro andar, apagou a luz, sentou no parapeito da janela e olhou diretamente para mim. Eu ouvi o seu coração em uma batida diferente...o cheiro dela me acertou em cheio...sua voz...e uma única frase saiu da minha boca...
- "Será que você pode me ver?"
Eu desejava desesperadamente que sim...

Ela: Eu não estava à fim de sair, nunca fui muito de festa, preferia ficar em casa, mas mesmo assim não me sinto sozinha...olhei para a escuridão do parque a minha frente e sorri...
- "Eu sei que você está aí...Obrigado, seja quem for... "