Take me to Church

Magic

Os raios solares entraram no quarto de Hamish sem nenhuma cerimônia e iluminaram o rosto do rapaz, que acordou devido à claridade. Ao abrir os olhos, Hamish sentiu o mundo girar, afinal mesmo com a capacidade enorme de regeneração do Tundra, ele havia consumido tanto álcool que deveria estava sentindo um pouco de ressaca. 

Ele decidiu se levantar da cama, ainda que ainda fosse cedo e faltasse um par de horas até a reunião com o restante dos cavaleiros. Ao chegar na cozinha, Hamish preparou um café forte e sorveu o líquido negro e quente enquanto pensava sobre o que tinha acontecido na noite anterior. 

Ele e Vera haviam se beijado. E o beijo embora breve, fora o suficiente para que eles se conectassem. Hamish tivera a confirmação de que a atração que ele sentia era correspondida por Vera! E por mais que ele entendesse, ele não compreendia porque ela teve que o abandonar que nem um idiota. 

O café havia chegado ao fim e Hamish se perguntava se o fato de ser rejeitado fora unicamente por conta de atividades da Ordem ou se aquilo era um indício que ela não havia gostado do beijo. 

Hamish deixou um longo suspiro sair e exclamou em voz alta, feliz por não ter nenhum dos cavaleiros ali para ouvir seu lamento:

 一 Porra! Que tipo de magia essa mulher fez para mim pra que eu ficasse que nem um adolescente me perguntando se eu sei ou não beijar?! 

Ele sabia que não havia nenhuma magia envolvida, que a razão dele se sentir assim era apenas atração. Ou aquela angústia causada pela rejeição significava que a atração estava se enraizando em um tipo de sentimento mais profundo? 

Antes que ele pudesse se entregar àquelas reflexões, o alarme do celular tocou. Decidido a não dar tanta brecha para os seus pensamentos focarem em Vera, Hamish decidiu tomar um banho, vestir roupas limpas e ir até o Blade & Chalice. 

Ele fora o último a chegar ali e logo ouviu sobre o plano de Jack sobre como eles precisavam apenas passar por um corredor simples e pegar as coisas. De imediato, ele propôs para que fossem até o cofre e resolvessem isso logo, ignorando as nada discretas olhadas de Lillith e Randall se questionando de onde ele havia tirado tanto ímpeto.

Mas ele sabia que jamais poderia dizer que estava ansiando por tirar logo as coisas do cofre para se livrar da Ordem e de Vera Stone. Entretanto, algo dentro de si dizia que sair da ordem era fácil, sair do domínio de Vera, não. 

Logo eles chegaram no corredor e Hamish viu seu pior medo à sua frente: O boneco ventríloco! Ele não sabe como mas se livrou daquilo!

De volta ao Blade & Chalice, ele discutia com os outros sobre o que viram no corredor e logo chegou à conclusão que a inscrição ao topo, que fazia alusão à parte do Inferno de Dante Alighieri era um encantamento e que eles precisavam de um amuleto para protegê-los durante a caminhada.

一 A Alyssa tinha esse colar diferente…一 Jack falou.

一 Ah, tipo um amuleto grande? 

一 Sim, com uma inscrição na borda. 

一 Ah, sei qual é… Eu vi a Vera usando um igual. 一 Hamish declarou, sem perceber que havia mencionado o seu nome.

一 Hmm, Vera? 一 Lillith declarou, gargalhando ao perceber que Hamish havia ficado com as bochechas levemente vermelhas ao ouvir seu comentário. 

一 Eu não posso mais abusar da boa fé da Alyssa… 一 Jack declarou, olhando para Hamish.

一 Dessa forma, só sobra uma fonte. 一 Ele disse, sorvendo a bebida rapidamente.

Hamish não esperava que iria ter que lidar com Vera tão cedo. Ainda que dentro de si houvesse muitas dúvidas, inseguranças e uma ponta de desapontamento, ele sentia-se envergonhado por ter se atrevido em beijá-la. E no centro daquele carrossel de emoções, havia aquela atração indescritível. 

***

Vera havia acordado no final daquela manhã e assim que abriu os olhos e se espreguiçou, lembrou dos toques firmes e cálidos de Hamish na sua cintura e do beijo avassalador que recebera na noite anterior.

Ainda que ela desejasse que ele estivesse na cama com ela, Vera sabia que havia coisas mais importantes que sucumbir ao desejo por Hamish. Dentro de dias, ela iria ter que lidar com Rogwan, o demônio imperador do medo e era sobre aquilo que Kepler queria tratar naquela madrugada e dentro dali a uma hora.

Após um café caprichado, ela foi até o templo. Assim que chegou, viu Kepler e juntas foram até o relicário treinar os dizeres e os movimentos das foices. Vera achou que morreria de tanto tédio, mas algo extremamente agradável adentrou no recinto.

Hamish Duke, com dois copos de drinks. Ao vê-lo, Vera ajeitou sua postura e deixou um suspiro sair.

一 Com licença, Grand Magus. Eu percebi que é 5 horas da tarde em algum lugar do mundo e pensei que vocês queriam um drink.

一 Não, estamos ocupadas!

一 Sim, por favor. 一 Ela exclamou, sem tirar os olhos dele. Ao perceber que o seu drink era um bourbon, ela mordeu levemente os seus lábios.

一 Julian Assange para você e um Grand Magus para a Grand Magus, similiar a um winter’s eve, mas com um quê a mais.

一 Obrigado, acólito!

一 De nada!

Vera sorveu o líquido sem tirar os olhos de Hamish, que não parava de encarar o seu busto. Ela nunca ficou tão agradecida pela falta de conhecimento de Kepler sobre bebidas e drinks porque o olhar de Hamish era penetrador… Ah, se ele soubesse no quanto aqueles olhares a estava instigando. 

Quando ele perguntou como estava o drink, Vera não aguentou a tensão sexual que havia entre ela e Hamish e falou, antes de beber o drink, olhando para os olhos azuis do outro:

一 Bem forte e incisivo, mas intrigante. 

一 Estou feliz que você gostou. 一 Hamish declarou, olhando novamente para o busto dela, antes de sair da sala. 

Hamish teve que respirar fundo e se recompor para se submeter à optografia. Enquanto isso, trancada em seu relicário, Vera relembrava pela milésima vez do quão próximo eles estiveram na noite anterior e no quanto ela ansiava por ficar com ele novamente.