Take me to Church

Rosenrot

Então tinha que ser daquela forma.

Os cavaleiros conseguiram invocar o demônio barão do roubo, Zecchia, para finalmente ter seus pertences de volta. Ao perceber que eles estariam livres da influência da Ordem, Hamish sentiu um aperto no peito sem explicação. Ele e Tundra estavam gostando de aprender magia e, como líder, ele sabia que os cavaleiros precisavam estar menos envolvidos com a Ordem para que a sua função de fiscalizar o uso da magia fosse feita de forma efetiva.

Hamish sabia que a sua principal motivação de livrar-se da Ordem era para que ele pudesse mostrar à Vera Stone que os cavaleiros de São Cristóvão não eram os seus cachorrinhos de colo e que qualquer uso indiscriminado de magia neles deveria ser combatido à altura. Além disso, a ideia de tê-la e ter a Ordem sob seus comandos era extremamente agradável.

Hamish estava imaginando as palavras que ele iria usar para revelar que a Grand Magus e toda a ordem estavam à mercê dos cavaleiros, quando algo que Lilith falou chamou sua atenção.

“Pode ser o fim das vidas falsas, mas nem todo o sentimento é falso”.

Enquanto ouvia Jack falando que estava bem em sair da Ordem sem se despedir de ninguém, Hamish refletiu sobre como ele estava apegado à Vera e como seria melhor sair sem se despedir, mas dentro de si ele sabia que ignorar aquele anseio de pelo menos vê-la novamente antes que tudo viesse à luz da verdade, era impossível. Por isso, ele folheou rapidamente o livro e declarou:

— Ela não poderá retornar ao seu reino até cumprir o acordo. - Declarou sentindo uma onda de alívio atingir o seu peito.
Sem procurar se aprofundar naqueles sentimentos, Hamish despediu-se dos cavaleiros e foi até o seu apartamento em downtown, onde passou a noite em claro, ponderando se deveria ir até o templo pela última vez ou não.

Era dez da manhã quando Hamish chegou até o templo. Aparentemente o lugar estava vazio, o que fazia sentido já que aquele era horário de aula. Diante do bar do local, Hamish olhava as bebidas e refletia o quanto sentiria falta daquelas bebidas.

— Vou sentir tanto a sua falta. - Ele declarou segurando uma garrafa.

Estava tão absorto pensando nas infinitas possibilidades de drinks que poderia ter feito ali que nem reparou no som do toque suave de um salto de laboutin negro se aproximando do local.

De repente, um aroma suave de um perfume conhecido invadiu o local fazendo com que Hamish deixasse um suspiro sair ao reconhecer a dona daquele cheiro.

— Você está falando com as taças? — Vera questionou, se aproximando do bar.
Após colocar a garrafa de volta ao seu local, Hamish virou-se e respondeu:

— Apenas estou sonhando com novas receitas, algo com gim, talvez.

— Você deveria manter o bourbon. Aquele drink que você fez na outra noite estava delicioso. — Vera declarou, encarando sem nenhuma vergonha o rapaz que sentiu seu coração acelerar com aquela olhada.
Vera virou-se fazendo menção de sair do local. Ao ouvir o tom meio desesperado do outro, ela deixou um sorriso malicioso escapar de seus lábios. Ela sabia que o que estava prestes a fazer era arriscado, mas como o outro dissera enquanto dançavam, não havia ninguém da Ordem ali e muito menos ninguém da reitoria. E mesmo se houvesse, ela poderia usar da magia para manipular os pensamentos de quem os visse ali.

— Se você quiser eu posso te trazer um outro Grand Magus. — Hamish declarou com um sorriso.

— Traga-me algo em uma taça alta. — Ela declarou, percorrendo seu olhar pelo corpo do rapaz, antes de virar-se e caminhar até o relicário.

Hamish ainda tinha um sorriso bobo em seus lábios quando ele percebeu o que a ‘taça alta’ verdadeiramente queria dizer.
“É impressão minha ou a Vera Stone acabou de dar em cima de mim? Bem, ela deseja algo numa taça alta então é melhor eu servi-la”. Pensou, sentindo seu coração bater descompassado diante da possibilidade que surgia na sua mente.