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Depois de fechar a biblioteca, caminhei até o prédio ao lado, era um hotel. Entrei no saguão vendo o recepcionista no balcão. Ele estava usando o uniforme dos funcionários dali, uma camisa social branca, com um colete vermelho e uma calça preta.

E sim, o prédio também era da senhora Eliot. Me aproximei de Wyatt que estava concentrado digitando alguma coisa no computador. Suspirei e limpei a garganta vendo a atenção do mesmo se voltar para mim.

— A chave da biblioteca — estendi a chave para o mesmo que a pegou me devolvendo um sorriso de canto.

— Muito obrigado — disse ele guardando a chave no devido lugar dela.

— Você está cheirando a chocolate, pode me entregar um — levanto uma sobrancelha e vejo ele revirar os olhos.

— Seu faro para encontrar chocolate realmente é incrível, Celine! — ele reclama pegando uma barrinha na gaveta e me entregando.

— Valeu magrelo, até amanhã! — falei já saindo, mas ele me chama antes que eu pudesse passar pela porta.

— Celine! — me viro olhando para ele— Toma cuidado amanhã... — Ele completa e eu concordo com a cabeça.

— Obrigada... Até mais — acenei pra ele e saí do prédio.

Wyatt era neto da Sr.ª Eliot, ele tem vinte anos e ajuda ela com as reservas do hotel. Os pais dele vivem viajando a trabalho, desde que ele era criança, conheci ele à uns anos atrás, eu tinha ido ao cinema e sem querer derrubei a pipoca dele no chão. Nós rimos muito e conversamos depois do filme, graças a ele que eu consegui o meu emprego na biblioteca.

Estava caminhando pela calçada enquanto comia o chocolate que ele havia me dado. Senti a brisa pelo meu rosto enquanto observava as ruas quando de repente, um homem com uma máscara de palhaço meio mal feita pula na minha frente soltando um grito alto.

— MÁSCARAS PELA METADE DO PREÇO! — reviro os olhos o empurrando para poder passar e continuei caminhando ouvindo ele completar a frase — A PURIFICAÇÃO É O HALLOWEEN DOS MAIS VELHOS!

Eu odiava esses babacas, as máscaras nem sequer eram bonitas. Enquanto eu passava pela frente de outra loja, agarrei uma máscara escondendo embaixo do meu sobretudo e dei um sorriso de canto avistando minha casa.

Era a mesma casa em que meus pais morreram, eu não tinha condições de pagar outro lugar pra ficar, e não queria me aproveitar da bondade da Sr.ª Eliot, já sou muito grata a ela por me deixar trabalhar na biblioteca, o dinheiro que ganho lá já serve pra pagar as contas.

Mas as vezes me sinto muito desconfortável naquela casa, lembranças aparecem na minha cabeça do nada, meus pais sempre foram os melhores comigo, perder eles naquela maldita noite foi horrível pra mim.

Entrei na pequena casa vendo as coisas exatamente do mesmo jeito que deixei pela manhã. Eu estava um pouco cansada, ontem a noite fiquei vendo séries até tarde e hoje tive que acordar cedo para ir à biblioteca.

Tomei um banho demorado e vesti um conjunto de moletom, em seguida fui até a cozinha procurar algo para comer, como o esperado não tinha quase nada decente de se comer, só algumas porcarias congeladas.

Peguei qualquer coisa mesmo e coloquei no microondas, enquanto esquentava fui fazer um café, e esse foi meu jantar.

— Que sono...

Murmurei pra mim mesma enquanto caminhava para o meu quarto. Me sentei na cama e peguei meu notebook velho vendo algumas notícias e coisas da minha cidade, estavam todos se preparando para a purificação que seria amanhã.

Recebi um e-mail da administração do Hotel, que também se responsabilizava pelo prédio da biblioteca, que amanhã estamos todos dispensados dos nossos afazeres.

Vou usar o dia de amanhã para me preparar.

Acordei no dia seguinte com o despertador tocando, perfeito, eu tinha esquecido de desligar ele ontem.

Eram seis da manhã, revirei os olhos e desliguei o aparelho que fazia aquele som irritante, me virei pro lado oposto na intenção de voltar a dormir, mas não obtive sucesso.

O jeito era levantar mesmo, bocejei me espreguiçando e indo até o banheiro. Depois de um banho, tomar café e fazer minhas higienes, desci até o porão. É lá que eu guardo todas as armas que eu usaria essa noite.

Abri a maleta com uma AK 47 dentro, um sorriso de canto surgiu em meus lábios e eu olhei em volta. Na parede havia três fotos, as fotos das pessoas que entraram na minha casa naquela noite, dois homens e uma mulher.

Como de costume, peguei uma caixinha que estava em cima de um armário e retirei três dardos de lá.

Me afasto um pouco e arremesso o primeiro acertando o nariz de um. Em seguida arremesso o outro acertando a testa, e por último, acerto o olho da mulher.

Levo um pequeno susto pelo meu transe ao ouvir uma notificação no meu celular, era Millie.

Celine, pelo visto a purificação
vai mesmo ser hoje, tem certeza
que quer prosseguir com isso?

Tenho sim, já expliquei várias vezes
que isso é importante pra mim.
Eu sei me cuidar, vou ficar bem.

Só toma cuidado, eu não sei
o que faria sem você.

Pode deixar :)


Guardei o celular no bolso da calça de novo, e caminhei calmamente até o armário que tinha mais no canto abrindo o mesmo. Ali eu guardava as balas e outras armas de porte mais baixo, como pistolas.

Peguei os pacotes com as balas e levei até a mesa em que estava a AK47 à carregando. Fiz o mesmo com duas pistolas que estavam no armário.

O dia passou relativamente rápido, era por volta das dezoito e cinquenta quando a programação da televisão foi interrompida com o início da matança.

Isso não é um teste.
É o sistema de transmissão de emergência anunciando o início da purificação anual aprovada pelo governo dos Estados Unidos.

Armas de classe quatro ou abaixo foram autorizadas para o uso durante a purificação, o uso de qualquer outro armamento é restrito.

Oficiais do governo de nível dez receberam
imunidade durante a purificação e não poderão ser feridos.

Ao toque da sirene, todo e qualquer crime, inclusive assassinato, será permitido durante doze horas contínuas.

A polícia, os bombeiros e os serviços médicos de emergência estão indisponíveis até amanhã às sete da manhã, quando a purificação estará encerrada.

Abençoados sejam nossos novos pais fundadores, e nosso país. Uma nação renascida.

Que Deus esteja com você.

Em seguida uma sirene muito alta preencheu a minha casa fazendo um arrepio percorrer o meu corpo.

Eu estava pronta.

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© furiowsgirl, 2020.

𝗍𝗁𝖾 𝗉𝗎𝗋𝗀𝖾 ─ aidan gallagher⸝⸝ Onde histórias criam vida. Descubra agora