22.O

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[01:27 a.m. Um dia depois da morte de Harry.]

Eu não sabia onde estava. Talvez eu havia bebido demais. Estava completamente tonto, tudo girava e a única coisa que eu reconhecia era a garrafa de cerveja na minha mão.

Eu cambaleava em alguma rua estreita pouco iluminada e vazia, tentando achar alguma coisa para me apoiar e não cair de novo como já havia acontecido umas sete vezes.

-Harry... -Eu tentei pronunciar pela milésima vez, mas soava mais como um gemido. -Eu te amo. -Gritei para o nada, minha voz rouca raspando em minha garganta, a dor corroendo meu peito.

Tomei um gole da garrafa. Ouvi vozes se aproximando atrás de mim.

-Harry? -Perguntei ao me virar, sorrindo.

-Ele está bêbado! -Ouvi risadas. Três garotos se aproximavam de mim.

-Quem são vocês? -Meu sorriso sumiu.

-Quem somos nós? -O garoto do meio olhou para o outro, ainda rindo. Depois voltou a me olhar. -Quem é você, seu idiota! -Fizeram uma roda a minha volta.

Eram quatro, não três.

-Eu te conheço? -Falei alto, ignorando a situação.

O garoto me encarou. Senti um soco no rosto. Imediatamente coloquei a mão no local, que agora estava dolorido.

-Por que está me agredindo? O que eu te fiz? -Gritei, confuso. -Pare com essa merda!

-Quem você acha que é para gritar assim? -O garoto à esquerda disse, me dando mais um soco e me observando cair no chão, rindo.

Vendo que não tinha a menor possibilidade de eu reagir, recebi socos e chutes dos quatro. Meu corpo doía inteiramente e percebi que meu braço sangrava e havia cortes em minha perna, por conta da calçada de cimento e também, obviamente, pela agressão. Meus olhos estavam marejados. Estava me esforçando ao máximo para não chorar, mas era quase impossível ao ser vítima daqueles insultos e agressões que não paravam. Tentava implorar para não me agredirem mais, mas eu não conseguia falar. Minha boca sangrava e meus dedos tremiam. Por que tudo isso? O que eu havia feito de errado?

Olhei para o anel em meu dedo, que eu havia prometido a mim mesmo nunca tirar, me concentrando em Harry. Fechei os olhos, chorando mais ainda. Ouvia os xingamentos dos garotos e pensava que eu merecia aquilo. Merecia por não ter impedido que Harry entrasse no avião. Por não ter impedido que Harry morresse.

As dores por todo meu corpo se intensificavam cada vez mais e eu olhei para o sangue no chão. O meu sangue. Voltei meu olhar para o anel e em seguida para os quatro. Eu realmente merecia tudo isso.

Don't Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora