Capítulo 2: Onde procurar o sargento Antunes?

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Rodrigo já tinha andando e arrombado mais portas que todo o tempo em que estava no batalhão. Horas de operação e nem sinal de alguém que soubesse qualquer coisa a respeito do sargento desaparecido.

A vida de um infiltrado não é fácil. Antunes sabia do risco que corria ao estar disfarçado dentro da maior favela do país.

Apesar de todos saberem que ele não era um homem santo, também sabiam que ele era leal ao seu dever e era um dos melhores agentes em campo do BOPE. Não só isso, ele também era o melhor amigo de infância de Rodrigo.

A tensão pessoal estava deixando todos na operação cada vez mais nervosos ao não acharem uma única pista do paradeiro do colega.

Presumiram que o disfarce dele havia caído, porém ainda assim a operação procurava por um foragido da justiça e envolvido com o tráfico.

Eram tantos soldados que os traficantes correram para a mata. Dois helicópteros cercavam o morro.

Mas que droga, Igor.

  Rodrigo não cogitava a hipótese de chegar em casa e falar para a mãe e a madrinha, mãe de Antunes, que ele desapareceu.

Igor Antunes tinha trinta e três anos, estava infiltrado fazia quatro anos recolhendo valiosas informações para a inteligência.

Mas ele não era perfeito, como eu já mencionei. Se apaixonou por uma puta. Que homem de família, cristão e bem criado, se apaixona por uma puta? Ora, qualquer um! Quem disse que mandamos no coração, não é?

Cada vez que ele tinha tempo ele se encontrava com a maldita. O programa para ele era de graça. Cada cantinho escuro era um motel diferente.

Naquela noite não foi anormal. Tatiana sentou na frente da lojinha de eletrônicos do Teteu e ficou esperando pelo homem que a tiraria daquela vida. Enquanto confabulava consigo mesma sobre uma casa, talvez filhos, voltar para o nordeste e ter um cachorro, não percebeu que as luzes dos postes piscavam num ritmo incomum.

Ela olhou para o lado, aquele beco super escuro seria perfeito. Tão escuro. O lugar estava tão quieto para uma favela movimentada como aquela.

Antunes chegou a levantando no colo. Tatiana deu um grito e riu. Os dois se beijaram e ele a largou no chão.

Ele pegou na mão dele e o levou para dentro do beco escuro. Ele gostava de falar várias coisas no ouvido dela, porque a safada gemia do jeito que ele gostava.

Ela parecia se excitar muito com preliminares. Quando ela tirou a pouca roupa que vestia, ele a abraçou e a ergueu contra a parede.

Ele estava tão concentrado no que fazia que demorou para perceber que a companheira havia perdido os sentidos. Só se deu conta quando sentiu um líquido quente derramar pelo seu peito. Ele chamou o nome dela três vezes, então tirou o celular no bolso da calça e a iluminou.

Tatiana havia pedido os dois olhos e no lugar deles haviam buracos correndo sangue. Seu pescoço também foi quebrado de forma muito rápida.

Completamente em pânico, ele xingou tentou sair correndo, mas foi puxado para dentro do beco de volta, pela cabeça, por uma garra enorme.

Antunes não gritou, não apareceu mais. A luz do letreiro da lojinha piscou e a luz dos postes voltaram ao normal.

Faltava apenas algumas horas para ele fazer seu relatório semanal para o comando, como ele não apareceu, os traficantes foram atrás. A notícia que o braço direito do chefão estava desaparecido começou a circular e o bope teve que agir.

Onde está o sargento infiltrado no tráfico?
Onde está o melhor amigo de Rodrigo?
Onde ele foi parar?

Apenas mais um beco na favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora