VOCÊ É BEM MAIS QUE A DEPRESSÃO

Capítulo 1 - Deus tem um propósito

"Esse não será o seu ponto final"

Katherine Narrando

Eu nasci através de uma gravidez indesejada pela parte do meu pai, na verdade nem gosto de chama-lo de pai, ele não tem esse direito. Desde que eu o conheço, ele sempre foi muito alcoólatra e alguém violento, quando ele soube que mamãe estava grávida bateu tanto nela que a mesma teve que ir as pressas para o hospital pois estava me perdendo, mamãe disse que o propósito de Deus na minha vida é muito maior por isso eu não morri mas eu não consigo acreditar nisso, e só sei sobre esse ocorrido que ela teve enquanto estava grávida porque ela escrevia tudo o que acontecia em um caderninho e depois de um tempo eu acabei lendo e isso fez com que eu ficasse com mais raiva ainda desse cara que infelizmente contribuiu para o meu nascimento.

Todas as noites era a mesma coisa, ele chegava em casa quebrava nossas coisas e quando estava muito bravo batia muito na mamãe, já cheguei a vê-la desacordada no chão, eu ficava desesperada e ia até ela mas ele me pegava e me prendia no porão da casa e eu ficava a noite toda chorando pedindo a Deus que cuidasse da minha mãe, apenas no outro dia quando mamãe acordava, ela então me tirava do porão, me abraçava e dizia que Deus nos ajudaria.
Mamãe sempre foi cristã e sempre manteve sua fé em Deus, independente do que acontecia ela tinha fé, no começo eu amava ir a igreja com ela, lá eu era uma criança feliz, eu sentia tanta paz e tanta alegria, lá era o MEU LUGAR mas isso mudou...

Meu pai sempre me desprezou, nunca tentou se aproximar de mim, dizia palavras que fazia minha alma chorar e aquilo era horrível.

Um dia eu disse a minha mãe para fugirmos, mamãe com os olhos cheios de lágrimas disse que não podia e eu nunca entendia o porquê.

Certa noite quando eu tinha quinze anos, eu e mamãe estávamos assistindo tv, e o Roger (meu pai) chegou em casa com um amigo, eles vieram com várias bebidas, e eu não gostei nada daquele amigo dele, ele me olhava estranho e eu senti um aperto no coração. Mamãe e eu fomos para o quarto, ela me abraçou e começou a falar de Deus mas enquanto ela falava lágrimas iam descendo pelo seu rosto e eu sentia que algo ruim aconteceria.
Ela então me entregou uma bíblia e dentro da bíblia ela disse que tinha o número de telefone de uma tia minha, se caso algo acontecesse era para eu ligar para essa tal tia, tia essa que eu nem sabia de sua existência.

Enquanto mamãe cantava pra mim, meu pai abriu a porta do quarto e começou a gritar dizendo que queria falar com a minha mãe e claro ele já estava bêbado, ele me tirou a força do quarto e fechou a porta e eu ouvia pelo lado de fora ele gritando com a mamãe, aquilo apertava meu coração, eu estava aterrorizada e lágrimas iam descendo pela minha face.
De repente, aquele amigo do meu pai me chamou para ir até ele e eu recusei, o mesmo estava bêbado também e me pegou a força, porém antes que ele fizesse algo comigo, foi se ouvido um barulho aterrorizante, um tiro foi disparado, o tal amigo do meu pai desistiu do que iria fazer e rapidamente saiu correndo da minha casa, eu fiquei imóvel por alguns minutos e logo após entrei no quarto e vi mamãe caída no chão sangrando, ela estava morta bem ali na minha frente. Meu pai olhou pra mim e saiu correndo de casa, fugiu.
Eu me abaixei ao lado da mamãe e comecei a chorar, chorei muito e depois disso me lembrei do número da minha tia que mamãe havia mandado eu ligar, liguei para essa tal tia e só pedi socorro pois eu não conseguia falar o que havia acontecido.

Conheci então minha tia Zoe, irmã da mamãe.
Ela me contou que não sabia o que o meu pai fazia pois minha mãe nunca falava e que provavelmente meu pai ameaçava minha mãe para assim ela não contar nada...
Depois do enterro da mamãe eu vim morar com a minha tia aqui nessa cidade na qual estou hoje, cidade bem longe da qual eu morava e desde o dia do assassinato da mamãe nunca mais vi o Roger.

Minha tia cuida e limpa de uma casa aqui perto, ela não ganha muito mas consegue pagar o aluguel e comprar o necessário, ela sempre cuidou bem de mim, ela é cristã e sempre me fala de Deus mas como eu disse, tudo mudou... eu não consigo acreditar mais.

Hoje eu tenho dezoito anos, tenho crises de pânico, de ansiedade e o pior é a depressão e ela é a minha única companhia, sou uma pessoa que não tem mais vontade de viver, me sinto morta por dentro, não vejo sentido em nada, não sei nem porquê nasci.
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Olho no relógio e vejo que já são nove horas da noite. Estou preocupada com a minha tia, já era para ela ter chegado do trabalho.

De repente meu celular toca.

Ligação ON

- Alô, é a Katherine Sanders? Sobrinha da dona Zoe?

- Sim, é ela mesma, quem é?

- Aqui é do hospital San Vicent.
Katherine, sei que você não está crendo agora, mas saiba que até nas coisas que não entendemos Deus tem um propósito.

É o que? será que é alguma brincadeira?

Só sei que coisa boa não vem por aí.

- Desculpa, você pode ser mais clara? Por que minha tia está no hospital?

- Sua tia sofreu um acidente enquanto voltava do trabalho, ela foi trazida aqui para o hospital... mas não resistiu e faleceu.

A Minha tia? aquela que cuidou de mim mesmo não tendo obrigação?
E agora, cadê Deus?

Nesse instante começo a chorar, eu já me sentia vazia, agora então...

- Eu sinto muito minha querida.
–diz a mulher na ligação, ela faz uma pausa e continua.
- Antes da sua tia falecer pois ela chegou aqui com vida ainda, ela falou para que disessemos a você para não desistir, ela te ama muito e você foi o melhor presente de Deus na vida dela.

- Oh não, não! É sério isso?

- Eu sei que não é fácil...

Ligação OFF

Encerro a ligação antes da mulher terminar de falar e começo a chorar novamente.

Alguns dias depois

Está sendo dias horríveis, tenho vontade de dormir profundamente...

Nesse momento estou terminando de arrumar minha mochila pois estou saindo de casa, eu não tenho emprego então automaticamente não tenho dinheiro para pagar o aluguel, sendo assim o dono da casa me pediu pra sair...

Mas se tenho algum lugar pra ir? Não, parece que o único lugar que me sobrou foi o ponto final da minha vida.

Coloco minha mochila nas costas, pego a bíblia que minha mãe me deu e saio de casa sem rumo.

Continua...