Capítulo 4 - Ele tem sempre te salvado

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"Para te resgatar Eu mudo montanhas do lugar, faço o relógio atrasar, adiantar ou até mesmo parar, confundo a medicina e Vou pessoalmente ao seu encontro.
Sim, para te resgatar Eu faço o que for preciso."

Após algum tempo Benjamin para o carro em frente a um prédio.

- Chegamos
—diz Emma

- Kathe, amanhã eu venho te visitar
—diz Benjamin

- Ok.
—dou de ombros.

- Obrigada pela carona Ben.
—agradece Emma

- Magina.
—responde Benjamin e o mesmo sorri para a Emma.

Em seguida eu e ela saímos do carro e entramos no prédio.

Entramos no elevador e reparo que paramos no décimo primeiro andar. Após sairmos do mesmo, Emma abre a porta de seu apartamento e entramos.

- Fique à vontade Kathe, aqui tem quarto de hóspede que a partir de agora é seu quarto e fica na segunda porta a esquerda, e o banheiro fica no final do corredor

- Obrigada, será que eu posso tomar um banho?

- Claro, enquanto isso vou preparar algo para jantarmos.

Vou até o banheiro, me olho no espelho e fico pensando no que eu estou fazendo aqui, minha vida está uma bagunça total e eu não sei como arrumar tudo isso.

Tomo meu banho e enquanto a água cai sobre o meu corpo as minhas lágrimas caem também.
Após o banho, troco de roupa, prendo meu cabelo em um coque, respiro fundo e vou até a cozinha.

Vejo a Emma terminando de cozinhar algo e fico em silêncio, até que ela percebe minha presença.

- Só mais alguns minutinhos e o nosso jantar já ficará pronto
—ela diz de forma amigável

- Já estou dando trabalho

- Não é trabalho algum Kathe.

- Emma, eu nem havia perguntado antes mas você mora com mais alguém?

- Sim, com Deus

- Você é cristã, não é?
—ela assente com a cabeça em resposta de sim e eu continuo a falar.
- Você sempre foi cristã?

Nesse instante Emma se vira pra mim.

- Não, infelizmente nem sempre foi assim. Eu nasci em uma comunidade carente da minha cidade natal, fui criada pela minha avó pois meus pais morreram em um acidente de carro quando eu ainda era criança, até então eu não acreditava em Deus, porém minha avó sempre foi cristã.
Certo dia houve um tiroteio na nossa comunidade e eu fui atingida nas costas por uma bala perdida, a bala foi direto para os meus pulmões, na hora eu cai no chão já perdendo a respiração, sentindo uma dor inexplicável e sangrando para a morte. Nesse momento minha avó não estava em casa, eu estava sozinha, e foi aí que um policial entrou na minha casa, eu ainda estava ouvindo e vendo tudo, ele ligou para a ambulância e veio até mim e disse que tudo ficaria bem, que Deus estava comigo.
E em seguida eu fechei os olhos.
Acordei dias depois no hospital, minha avó chorava ao lado da cama e dizia que eu era um milagre.
Os médicos me explicaram que eu cheguei ainda com vida e só isso já era um milagre, mas eles achavam que eu não sobreviveria devido a bala ter feito um estrago nos meus pulmões e ter se alojado na minha costela. Os médicos fizeram uma cirurgia de emergência e falaram a minha avó que aquilo era tudo o que eles podiam fazer, me colocaram na UTI e disseram que minha vó podia esperar meu atestado de óbito.
Contudo, eu fui melhorando dia após dia confundindo assim a medicina, e sem explicações eu fui curada. E foi a partir daí que eu passei a crer na existência de Deus e senti sua gloriosa presença.

- Uau... Quer dizer, nem sei o que dizer, bom... Eu não acredito mais em Deus mas fico feliz por você estar aqui

- Será mesmo Kathe, que você não acredita? Eu não sinto isso em relação a você

- Olha, ele pode existir sim mas eu e Ele não somos mais próximos

- Kathe, eu não sei direito ainda pelo o que você passou, mas compreendo que foi por coisas difíceis demais e não nas mesmas circunstâncias que eu mas assim como Deus me salvou, ele tem sempre te salvado

- Não acredito nisso.
E voltando a sua história, foi por causa daquele policial que você quis se tornar policial também?

- Foi, mas eu não diria que ele era um policial

- Mas você disse que ele era...

- Ele apareceu pra mim como policial, mas na minha recuperação perguntei aos médicos se eles sabiam onde estava esse homem que chamou a ambulância pra mim e ficou ali ao meu lado. Os médicos responderam que quando a ambulância chegou eles não viram nenhum policial ali, e que na verdade os polícias ainda estavam a caminho do local, não havia nenhum deles lá.

- Que loucura isso

- Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias.
Primeiro coríntios, capítulo um e versículo vinte e sete.

- Nossa, e quando você veio morar nessa cidade?

- Quando fiquei de maior vim morar aqui para trabalhar na polícia e isso já faz sete anos.
Minha avó continua na comunidade, ela tem um projeto com as crianças de lá, por isso não quis vir morar comigo. E ah qualquer dia posso te levar lá no projeto, ela vai amar te conhecer

- Eu... Seria um prazer conhece-la mas eu não vou ficar aqui por muito tempo

Emma apenas sorri e se volta para as panelas

- O jantar está pronto.
—Ajudo Emma a arrumar a mesa e nos sentamos para jantar.

- Tudo bem se eu fizer uma oração em agradecimento?

- Ah, é... Tudo bem.

- Pai amado e querido, eu agradeço por esse abençoado alimento que irá saciar nossa fome física.
E hoje em especial quero agradecer por essa vida preciosa que está aqui ao meu lado, obrigada pela existência da Kathe, ela é especial pra nós.
—nesse instante fico sem saber o que falar ou o que fazer, não esperava por isso.
- É isso Kathe, bom apetite.

- Ah... Obrigada Emma.

Jantamos enquanto a Emma me contava sobre o projeto que sua avó criou.
Logo após ajudei a lavar a louça do jantar e me senti ainda mais cansada do que eu já estava.

- Emma, eu estou me sentindo cansada, tudo bem se eu ir me deitar?
—ir deitar não resolve esse cansaço, mas é só o que eu quero fazer agora.

- Claro, vou ir me deitar também.
Mas Kathe, se precisar de qualquer coisa pode me chamar está bem? E não pense que vai me atrapalhar, pois não vai

- Não se preocupe Emma, você já está fazendo demais por mim

- Magina. Bom, então boa noite e Deus te abençoe Kathe.

- Boa noite.

Emma vai para o seu quarto e eu vou para o quarto de hóspedes, no qual vou dormir essa noite, ou melhor tentar pois já faz noites que não durmo.

Me deito na cama, começo a chorar, e a sensação de desespero, solidão, insuficiência, medo... Vai tomando conta de mim.

Fico assim por umas duas horas seguidas, até que ouço algo.

- Vá até a cozinha, a solução está lá.
—não faço ideia de quem disse isso, todavia me levanto e vou até a cozinha.

Continua...

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