09| Aquele em que voltamos pra casa.

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⚠ Aviso: Depressão, homofobia, tragédia.

"Yeah, we were together summer '09

Wanna roll back like press and rewind

You were mine and we never said goodbye"

Rock me – One Direction

Este é o Diário de Bordo de Kim Namjoon, narrando diretamente da TARDIS¹, onde os anos passam depressa, e os segundos são eternos.

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2002.

Muitas coisas mudaram após os grandes acontecidos de 2001. Nada poderia continuar o mesmo e, embora mudanças me incomodem, aprendi que ser como água era mais vantajoso que como uma árvore enraizada. Segurança é algo bom, contudo, quando se é fluido, nada te detém, você abre seus próprios caminhos e se adapta a eles.

Decidi que 2002 será o ano em que deixarei de ser uma poça rasa, e buscarei me tornar rio que corre e galga caminho até que possa desemborcar no oceano e fazer parte do profundo.

Assim como Taehyung, alguém muito mais que a casca aparente.

E, eu não sou o único a pensar assim. Par de meses após o retorno das aulas, Tae foi convidado a expor um de seus trabalhos para a faculdade, numa galeria sustentável no centro da cidade. Não era nada grandioso, se comparado a outros artistas, mas, esse é o ponto, ele é um artista incomparável!

Tae vai além das bordas do que se considera aceitável, e a faz transbordar, molhando nossos pés e nos tornando parte daquilo que transmitia com sua arte. Taehyung é a definição de arte!

Núbia está no último ano da faculdade, muito ocupada com os trabalhos e projetos, e com o estágio na clínica universitária. Ainda assim, sempre que pode, aparece na Dynamite, algo que tornara-se tradição, mesmo que nunca tenhamos nos dado conta.

Noona, Tae e eu, temos encontros esporádicos, Vamos ao museu, cinema, passeamos no parque, ou ficamos à toa no apartamento, apenas aproveitando a companhia um do outro. Ainda que nenhum de nós tenha verbalizado, estamos conscientes de que isso não é uma simples amizade, estamos envolvidos entre nós de forma a me fazer o centro, o elo entre os três. E isso é confortável.

Jungkook produziu um curta pra concorrer em um concurso local. Trata-se da história de um coelhinho que vive na lua, ou algo do gênero, ele não nos permitiu assistir até que tivesse a certeza de que estava nada menos que perfeito. Não foi novidade alguma, quando apareceu com um dos primeiros lugares, e uma oferta de emprego num estúdio em Busan, sua terra natal. Nosso caçula está crescendo, criando asas e ganhando o mundo aos poucos, e eu não poderia estar mais orgulhoso por ele.

Ainda dividimos o apartamento, JK e eu. Conseguimos nos adaptar, e criamos uma rotina só nossa, o que pode comparar-se a um quebra-cabeça, com partes do que fazíamos quando morávamos com nossos respectivos colegas de apartamento. Mas, isso não é algo ruim, de forma alguma.

Todas as noites, Kookie passa par de minutos na varanda, apenas observando o céu. Costelinha o faz companhia, deitado à seu pé, enquanto ele conversa com as plantinhas que Lucy deixou sob seus cuidados e, de fato, ele o tinha. Cuidava de todas elas, como se fossem joias preciosas, daquelas importantes que se junta nos jogos pra conseguir passar de fase.

Enfim, é um pouco deprimente de assistir, principalmente quando chove e, ainda assim, ele não deixa a varanda até que esteja satisfeito por, seja lá o que ele sempre faça por lá. Contudo, eu o compreendo, me vejo nele todas as vezes, quando lembro de todos aqueles anos que frequentei os lugares preferidos da noona, na esperança de encontrá-la em alguma esquina, assim, de repente.

Anos IncríveisOnde histórias criam vida. Descubra agora