Capítulo 5

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- Fazem qual curso? - pergunta Tina enquanto seguimos para o jardim.

- Eu faço Literatura.

- E eu Arte.

- Não creio - Tina fala animada - sou caloura de Arte.

- Sério? - Caesar da um gritinho e os dois começam uma conversa sobre obras, esculturas e pinturas.

Me sinto sobrar. Como quase sempre. Olho pelo gramado. O sol dando um brilho especial para tudo. Alunos andam de um lado para o outro, carros passam na rua em frente ao campus. A vida segue, só eu me sinto parado no tempo. Preso a alguém que não quero e não posso esquecer.

- Marcus? - fala Cae - Eu e a Tina vamos para as salas de Arte. Quer ir com a gente?

- Acho melhor não. Vou esperar minha próxima aula começar.

- Tudo bem. Nos vemos mais tarde.

Os dois se vão e mesmo com o sol tinindo, sinto frio. Caminho a passos lentos, enquanto ligo para minha mãe.

- Estou bem mãe...é...já até fiz amizade.

- Serio?

- Sim. Preciso desligar.

- Mas você acabou de ligar.

- Minha aula que vai começar.

- Oh, claro. Boa aula querido.

Desligo. Sou tão covarde que nem consigo falar com minha mãe. Mentir que estou bem.

As aulas seguintes são tranquilas. Literatura, Inglês, Escrita...

Com o fim das aulas, corro de volta para meu quarto.

Estou sentado na cama, lendo Orgulho e Preconceito, quando Caesar entra no quarto, com Tina mais atrás.

- Que quarto arrumado - ela fala - o meu é uma zona. Oi Marcus.

- Oi Tina.

- Vamos em um Book Café aqui perto Marcus -fala Cae - vamos com a gente?

- Estou cansado.

- Mas tem livros! - Cae fala.

- E muito café - complementa Tina.

- E vai ser uma forma ótima de nos conhecermos - continua Cae.

- Aaaaah, tá bom, eu vou.

*   *   *

O Book Café fica perto do campus. Uma fachada amarela, com grandes janelas de vidro. Na calçada, mesas e cadeiras já cheias. Quando entramos, me sinto em um mundo magico. Prateleiras e estantes de livros e entre elas mesas. O cheiro de doces, café e livros novos preenche o lugar.

Cae nos leva até uma mesa junto da parede.

- Eu vou fazer o pedido - falo antes de sentar - querem o quê?

- Café Preto - fala Tina.

- Um Cappuccino - fala Cae.

Vou até o balcão e olho o cardápio.

- Em que posso ajudar - fala alguém atrás e levanto os olhos. Um leve calor enche minha face.

Um garoto de pele morena, cabelos pretos ondulados e olhos incrivelmente verdes me fita. Usa uma camisa amarela e um avental.

- Oi? - respondo como um idiota.

O garoto ri.

- Seu pedido.

- Ah. Eu quero...dois Cappuccinos e um café com...creme?

Qual pedido mesmo?

- Levo daqui a alguns instantes.

- Tá.

Volto para mesa e respiro. O que foi aquilo? Os olhos dele...verdes como esmeraldas...

Engulo em seco.

- O que foi Marcus? Tá branco como papel.

- Nada...só estou com um pouco de dor de cabeça.

Logo o que aconteceu passa e converso tranquilamente com o pessoal.

Caesar é de Boston e veio estudar em NY. A mãe trabalha como enfermeira, pra ajudar ele na faculdade e ainda cria mais 4 irmãos. Ele é gay - como imaginei - e tem um rolo com um aluno de Química.

Tina veio de uma pequena cidade no Maine chamada Raventown.

- Ela nem existe no mapa - ela falou rindo.

O pai dela conseguiu um bom trabalho aqui na cidade e todos se mudaram.

Temos em comum que somos todos bolsistas. Falo sobre mim também. omitindo alguns fatos.

- Minha família não entende que eu gosto de Arte - fala Tina.

- Minha mãe nunca fez comentário algum - fala Cae.

- Os cafés de vocês - fala o garoto depositando nosso pedido na mesa.

- O quê? E meu café preto?

- Desculpa...acho que errei no pedido - falo.

- Vou pedir meu café preto...vocês que tomem esses cafés de gay.

Não conseguimos segurar o riso.

- Você é gay também - fala Cae.

- Como?

- Eu vi.

- Viu o que?

- Como olhou para o garoto do café.

Rio de nervoso.

- Sim, sou gay...mas não tenho qualquer interesse em garoto algum no momento.

Olho para o garoto do café, convicto do que falo. 

Ou melhor dizendo. Mais ou menos convicto.

















No Inverno do meu Coração (Romance Gay) - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora