A sala do apartamento é separada da cozinha por um balcão. Não é um lugar grande, mas é super aconchegante. Na sala um pequeno sofá, uma mesa com duas cadeiras e uma Tv. Na cozinha, uma geladeira e um fogão. Vejo o banheiro e uma porta, oposta a da entrada, onde deve ficar o quarto. A cor do cômodo é de um salmão desbotado, o piso encerado é bege, bem desgastado.
- Pode sentar - ele fala e vou até o sofá. Um gato enorme branco sobe no meu colo - Essa é a Lupina.
- Oi Lupina - falo passando a mão em sua costa. A gata ronrona de prazer.
- Tá com fome? - ele fala e me viro pra olha-lo.
Minha barriga ronca.
- Muita.
- Vou só tomar um banho e volto pra fazer um lanche e esse bendito trabalho.
Ele entra na porta - o quarto - e vejo que é azul com algumas coisas coladas na parede.
- A curiosidade matou o gato - murmuro.
Lupina vira a cabeça e me olha, o que me tira uma risada.
- O que foi? - fala Edgar voltando. Segura uma toalha e uma muda de roupas.
- Só lembrei de uma coisa.
- Seu sorriso é bonito - ele sorri também e fecho a cara.
5 minutos depois ele volta. Um perfume de flores e floresta molhada enche o cômodo. Edgar usa uma calça de moletom e uma camisa branca de mangas compridas, que contrasta com sua pele cor de bronze.
Ele começa a mexer em algumas coisas e me levanto. Lupina corre para o quarto.
Edgar parece frustrado.
- O que foi? - pergunto.
- Queria preparar uns sanduiches. Mas acabou o pão e o queijo.
- Tá tudo bem...
- Não está. Se importa se eu for na mercearia aqui a esquina? Não demoro.
- Tudo bem, mas não precisa se preocupar, nem estou com fome.
Como se por maldade, minha barriga ronca e fico vermelho.
- Volto já.
Edgar saí e fico ali na sala. Vejo a porta do quarto entreaberta e a curiosidade me faz ir até lá.
O quarto é todo azul. Uma cama de solteiro fica na parede oposta. Uma porta grande de vidro, na mesma parede leva para uma varanda com plantinhas. A parede da esquerda, está coberta de pôsteres, sobre filmes, musica e séries. Na parede da direita, tem uma mesa pequena, uma cômoda e uma estante pequena cheia de livros. Vou até ela e passo o dedo sobre as obras. Orgulho e Preconceito. A Rainha Vermelha. Contos de Lovecraft. Harry Potter. Crepúsculo.
Sorrio.
Em uma mesinha ao lado da cama, um livro sem nada na capa, descansa. Sento na cama e o cheiro de café e flores me invade. Tão bom.
Balanço a cabeça.
Pego o livro e encontro paginas em branco, mas também encontro coisas escritas. Abro em uma das páginas.
" Se você, oh meu amado
Fosse como a neve do Inverno
Tenho certeza que eu,
Gostaria de simples ser, o solo
Para que deitasse sobre mim e depois, com o sol do nascente
Derretesse, nos tornando um só"
- É um livro de poemas - quase grito quando Edgar fala encostado no batente da porta.
- Desculpa...eu...eu - começo a gaguejar e sinto meu rosto queimando.
- Tá tudo bem, você vai poder me dar uma opinião se ficaram bons - ele sorri, os olhos brilhando - trouxe pão e queijo - ele ergue uma sacola.
Respiro, deixando o ar sair de meus pulmões.
- Que tal você preparar os sanduiches e eu faço um café forte? - ele pergunta.
Meu sorriso saí sem esforço algum.
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No Inverno do meu Coração (Romance Gay) - CONCLUÍDO
RomanceTrês anos se passaram desde que Marcus Hayne perdeu o namorado em um trágico acidente. Agora, prestes a embarcar na Universidade, Marcus congelou o coração para qualquer relacionamento, para sempre. Afastado da família, o jovem rapaz passa seus dias...