Capítulo Cinco.

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Tudo está no seu devido lugar o almoço já está quase pronto. O relógio antigo na parede tocou, mostrando que passavam das dez e logo o Jacob chegaria.
Subi para o quarto a fim de me arrumar. Já pronta, desço as escadas e ouço a campainha tocar. Meu coração dispara, só pode ser o Jacob!
Meu sorriso se desfaz e minha cabeça se torna uma verdadeira confusão. Ergo as sobrancelhas e fico sem saber o que dizer.
— Nicolas! Oi, o que você faz aqui?
— Bella, como vai? Vejo que continua linda, espero não ter chegado cedo demais! — ele diz.
— Cedo demais? Mas...
Sou impedida de continuar quando minha mãe aparece e começa a falar, e eu a entender tudo.
— Nicolas, que bom que chegou! Isabella, onde estão seus modos? Vamos, Nicolas, entre! — ela convida.
— Claro, entre!
— Dona Graziela. — Ele beija o dorso da mão dela. — Com todo o respeito, o tempo tem lhe feito muito bem!
— Oh! Nicolas, são seus olhos! E nada de dona, apenas Graziela —minha mãe fala, se sentando no sofá. Nicolas faz o mesmo.
— Mãe, será que a senhora poderia vir comigo até a cozinha?
— É... Se eu estiver incomodando, posso ir embora. — Nicolas diz, e se levanta.
— Não, imagina, é só uma coisinha, eu já volto! Então, sente-se e fique à vontade. Mãe, você vem?
— Com licença, Nicolas — minha mãe pede e sai na frente.
— À vontade, dona Graziela! — Minha mãe o olha em reprovação. — Quer dizer, Graziela!
Ela sorri e apenas sai.
Já na cozinha...
— O que o Nicolas está fazendo aqui?
— Bom... eu o convidei — ela disse simplesmente, sorvendo o vinho que tinha na taça.
— Como assim, convidou? Você não tinha esse direito, é o meu almoço de noivado com Jacob!
— Eu só achei que você e o minerador...
— JACOB, MÃE! O NOME DELE É JACOB! — grito.
— Jacob, que seja! Eu só achei que vocês fossem gostar de vê-lo novamente! Afinal de contas, ele é o melhor amigo de vocês, ou estou errada?
— Éramos amigos! Outra, eu te conheço e sei quando está armando alguma coisa. E desde quando você pensa no Jack? Nem do nome dele você se lembra!
— Filha, como pode pensar isso da mamãe?! Só pensei em vocês, princesa, mas agora mesmo vou pedir-lhe para ir embora.
— Não!! Não faça isso! Afinal de contas, ele já está aqui! Só me dá um tempo, ok? Fica fazendo companhia para ele e depois eu vou.
— Tudo bem, querida, só não demora!
— Ai, mãe. — Um beijo na testa e ela sai, gloriosa como sempre. Se ao menos minha mãe soubesse o que aconteceu há dois anos.

Lembrança_ anos atrás 
Eu estava sozinha na cabana, à espera da grande surpresa de aniversário de namoro que o Jack havia preparado para nós. Meus olhos são cobertos por duas mãos.
— Amor, você demorou, achei que não fosse mais che... Nick? — Sorrio. — O que você está fazendo aqui?
— Eu... Eu só precisava te ver!
— A mim? Mas para quê? A gente se viu hoje de manhã. Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu, sim, eu não aguento mais esconder o que estou sentindo, não aguento ter que guardar só para mim. Esconder isso está acabando comigo!
— O que foi? É alguma coisa com seu avô? Nick, me diz!
Mas ele não disse nada, apenas me beijou com tanta força que chegou a doer. E, claro, eu interrompi.
— Nicolas, o que você pensa que está fazendo? Eu namoro o Jacob! Seu melhor amigo. O nosso melhor amigo!
Infelizmente, não pude impedir que o Jack visse o que aconteceu, ele estava ali parado olhando para a gente.
— Jack, não é nada disso que você está pensando! Deixa eu te explicar!
O Jack parte para cima do Nick, dando socos nele sem parar. Eles rolaram no chão e, por mais que eu gritasse para que eles parassem, nada acontecia. Os dois continuavam brigando. Saí dali correndo e pedi ajuda a alguns pescadores, que vieram ajudar rapidamente e conseguiram separar os garotos. Mas, mesmo separados, os dois tentavam se aproximar.
— Não!!! Podem parar os dois!
Saí dali sem olhar para trás, enquanto os menino gritavam por mim. Duas semanas depois, eles fizeram as pazes. Nicolas assumiu que errou e nos pediu perdão e, depois de alguns dias, eu e o Jack acabamos fazendo as pazes. Nós três voltamos a conversar novamente, mas nada seria como antes, disso nós sabíamos. Dois meses depois de toda a confusão, o Nick resolveu ir embora de Ilha das Flores. Ele se despediu da gente e partiu rumo a Nova York! E agora, depois de dois anos, ele volta assim? Dessa forma? Eu só espero que o Jack não se irrite com a presença do Nick no dia do nosso noivado.
Fazendo sala para o Nicolas, falamos de vários assuntos, inclusive das suas aventuras em Nova Iorque. No meio da conversa, a campainha toca e meu coração erra uma batida.
Era o Jacob. Com o resto de coragem que me restava, levantei e fui atender a porta, tinha chegado a hora da verdade.
— Oi, meu amor, se atrasou, sabia?! Achei que tivesse desistido!
— Oi, linda, fiquei preso no trabalho. E que história é essa de desistir? Você conhece o meu lema: desistir jamais.
— Jacob Montenegro! Que bom revê-lo. — Nick lhe estende a mão. Jacob me olhou, franzindo a testa como se estivesse perguntando o que Nicolas Miller estaria fazendo ali.
Sem mais demora, Jack pega na mão do Nick.
— Nicolas Miller! Não sabia que estava de volta à cidade.
— Pois é! Cansei de Nova York. Mas me conta, como você está?
— Eu estou ótimo, melhor do que nunca, ainda mais agora que...
— Olá! Você deve ser...
Meu pai interrompeu no justo momento em que o Jack ia falar do noivado.
— Jacob Montenegro, senhor, é um prazer conhecê-lo pessoalmente. Como vai?
— Então você é o famoso Jacob! Nessa casa, só se fala de você.
— Samuel, não está esquecendo de ninguém? — Minha mãe pergunta, como sempre atrapalhando a conversa.
— Você é? — Meu pai questiona, sem reconhecer o homem feito à sua frente.
— Ele é o Nicolas Miller, pai, neto do senhor Lauro, seu chefe.
— Oh! Sim, pequeno Nicolas, ou devo dizer grande Nicolas! Você cresceu, não é mais o garotinho que vivia correndo pelas praias.
Fico boquiaberta pelo meu pai se lembrar do Nicolas e não do Jacob. Apesar de a memória dele não estar boa e o coração se encontrar fraco a cada dia que passa, ele se recordou do Nicolas.
— Se o senhor se lembra do Nicolas, então deve se lembrar do Jacob também. Nós éramos inseparáveis, o Jack sempre vinha aqui!
Meu pai buscou na memória por alguns segundos.
— Desculpa, querida, eu não me lembro.
— Tudo bem, pai, não tem problema.
Todos ficamos olhando uns para os outros. E, para quebrar aquele silêncio constrangedor, resolvi falar:
— Bom, vamos almoçar, a comida está na mesa.
— Sim, vamos — responderam em uníssono.
Sentados à mesa, fiquei ao lado do Nicolas. Um lugar não muito confortável, para mim.  Com o Jacob, a minha frente e o Diego ao seu lado, por obra da minha mãe, meu pai começa a falar.
— Então, Jacob, o que você faz da vida?
— Trabalho na mineração de diamantes do avô do Nicolas, o senhor Lauro.
— Nossa, que surpresa! Então, serei o seu chefe — Nicolas fala.
— Chefe? Como assim? Achei que o seu Lauro fosse o dono e chefe de todos! — Jacob rebate, surpreso.
— Pois é, meu avô já está velho. Então, me pediu que voltasse para assumir os negócios.
— Que fantástico, Nicolas! Você vai adorar tudo aquilo lá, é simplesmente maravilhoso! Mas, voltando ao assunto, onde pretendem morar após o casamento? — Meu pai diz, e o Nicolas tem um breve engasgo.
— Casamento? Que casamento? Você vai casar com a Isabella? — ele pergunta.
— Sim, nós vamos, estamos noivos e nos casaremos em breve. Não é, meu amor?!
— É, sim, Jack! E pai, não importa onde vamos morar; se estivermos juntos, será ótimo!
Seguro a mão do Jacob sobre a mesa e sorrimos.
— Bom, isso merece uma comemoração. Afinal de contas, não é todo dia que meus melhores amigos ficam noivos.
— Não é pra tanto, Nicolas, eles ficaram noivos ontem, não é Isabella?! — Como sempre, mais uma intromissão da minha mãe.
— Foi! Mas isso merece, sim, toda a comemoração do mundo!
— Então — Nicolas se levanta com a taça na mão e nós fazemos o mesmo —Um brinde ao Jacob e a Bella, que sejam muito felizes!
Brindamos. Não sei o que me deu, mas o olhar da minha mãe para o Jack estava me assustando. Senti um frio na espinha e, por mais que isso me faça parecer supersticiosa, sabia que algo ia acontecer. Resolvi ignorar tudo e sorrir; afinal de contas, era o dia do meu noivado e nada poderia me deixar triste, nem mesmo esses sinais ou minha mãe.

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