1_Mordida

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Blue hour_ TXT

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Naquela tarde de outono, Kim Sunwoo saiu mais cedo que o habitual do colégio. Em outra ocasião ele e os colegas se juntariam na portaria e ficariam a jogar conversa fora até que o porteiro viesse expulsá-los. Era uma rotina boba que ele gostava, sempre rodeado de pessoas, mas hoje ele só queria fugir e se esconder por detrás de uma grande taça de sorvete, sozinho.

Enquanto se afastava do fluxo de alunos do colégio, ele casualmente se despedia de algum conhecido e agradecia mentalmente por não ter que explicar a sua fuga. As pessoas pareciam mais interessadas nos seus próprios problemas. Sunoo não os julgava, ultimamente o estado de saúde da sua irmã mais velha vinha lhe tirando o sono e o presenteando com belas dores de cabeça. Sua irmã mais velha o havia criado, ele devia tudo a ela. Então naturalmente passava a maior parte do tempo pensando nela, pensando se a cada visita que fizesse no hospital, seria a última.

Kim Sunoo pegou atalho pelas vielas de Seul e apesar da solitude ele sentia a estranha sensação de estar sendo observado, seguido por um forte calafrio. O jovem coreano encarou o céu e ao julgar pelas nuvens acinzentadas, constatou que iria chover. Talvez o arrepio fosse apenas resultado da mudança de clima, pensou ele.

Quando estava prestes a curvar numa esquina, ele percebeu uma movimentação suspeita pelo canto do olho. Ao se virar analisou a portaria de uma loja de conveniência, haviam mercadorias e placas grandes o suficiente para que uma pessoa pudesse se esconder. O índice de criminalidade na Coreia do Sul era quase nulo se comparado a outros países da Ásia. Entretanto, uma série de desaparecimentos e assassinatos esporádicos vinham acontecendo nos últimos meses. As vítimas sempre estavam sozinhas e em locais sem monitoramento, em lugares e situações como a dele, naquele exato momento. Esse pensamento arrancou um suspiro abafado de Sunoo, logo ele tratou de acelerar o passo em direção a um lugar movimentado.

Para o seu completo desespero, passos surgiram no seu encalço e ele não se conteve em pegar impulso para correr. Correr era o instinto humano mais óbvio em momentos de perigo. Gritar parecia exagero, fugir era mais eficaz. Sunoo estaria longe dali se mãos grandes não tivessem o agarrado com firmeza pela alça da sua mochila. Bom, se correr ficava em primeiro, certamente gritar estava em segundo. Ele soltou um grito agudo e apertou os olhos como se isso pudesse salvar a sua pele.

- Calma! Sou eu... - uma voz familiar gritou tão alto quanto ele. - Não sou tão feio assim.

Sunoo abriu os olhos calmamente e se sentiu patético ao dar de cara com o seu amigo e colega de sala Jaebeom.

- Você tá bem próximo de me matar do coração. - exclamou pondo a mão no peito na tentativa de regular a respiração.

- Percebi pelo grito... - Jae murmurou.

Sunoo deu um tapinha no amigo e soltou um sorriso largo que logo tratou de cobrir com a mão.

Sem outra alternativa ele convidou Jaebeom para se juntar a ele na sorveteria.

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