3 - Se enturmando

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Cap 3
Robby respirou fundo, tentando acalmar as batidas de seu coração e ao mesmo tempo não alimentar as expectativas que o devoravam. Há alguns dias um novo advogado, sem ser o que a justiça o designou, apareceu e disse que era seu novo advogado. Disse que não havia motivo para ele ainda estar preso. Ele era primário ( pelo que eles sabiam) e apesar da gravidade, Miguel não havia morrido. Saiu prometendo que em pouco tempo Robby estaria livre, apenas cumprindo alguns trabalhos comunitários. O jovem imaginou que a visita que estava recebendo era o tal Dr Brice.
A confusão o atingiu em cheio quando, ao longe, viu seu pai acompanhado de uma garota loira. Seguiu em direção aos dois já imaginando que se tratava de Rebecah.
A garota tentava se acalmar. Antes de irem tinha pedido para Johnny não dizer para Robby que foi ela que conseguiu o advogado, queria que ele gostasse dela por ela mesma e não por ter o ajudado, mas agora isso não parecia tão boa idéia assim. Uma ajudinha para um bom começo seria ótimo. Não queria o mesmo relacionamento de início conturbado que teve com Connor.
- Oi Pai. E você deve ser Rebecah, não é? - disse Robby se sentando de frente  para os dois.
- Pode me chamar de Becky - ela falou enquanto colocava uma mecha do cabelo atrás da orelha.
- Oi Robby. Como você está?- Johnny perguntou percebendo o constrangimento da menina.
- Bem. Na verdade muito bem. Eu ganhei um advogado novo, mas ele se recusa a dizer quem está pagando então não sei quem agradecer.
- E o que o advogado disse? - o sensei imaginou que seria algo bom para o filho mostrar tanta esperança no semblante.
- Que em pouco tempo eu vou sair cumprindo trabalhos comunitários. - ele deu um leve sorriso
Becky não conseguiu disfarçar a alegria e deu um grande sorriso que não passou despercebido por Robby. Ela parecia tão sincera que isso aqueceu o seu coração.
- Isso é ótimo filho.
- É. É sim. Então Becky. Você é minha irmãzinha.- ele falou dando um sorriso de lado.
- É acho que sim. - não conseguia disfarçar o quanto estava nervosa.
- Acho que vai ser legal ter uma irmã. Quantos anos você tem?
- Tenho 15. Não. Na verdade vou fazer daqui a dois meses. É que eu estou tão ansiosa pelo meu aniversário que falo como se já tivesse 15. - e lá estava o sorriso doce novamente. Robby pode perceber que ela, apesar de tímida e claramente o tipo de menina que não gosta de chamar atenção, tinha um sorriso fácil, do tipo que fazia você querer rir junto. Isso o impressionou mais ainda. Seu pai havia contado sobre a venda para traficantes e que ela viveu com eles até os 10 anos. Por isso ele achou que ela seria do tipo seria e fechada, mas ela o estava surpreendendo.
- Então você vai ter uma festa daquelas com vestido de baile?
- Annn... Meu aniversário não é tão importante. Me fale sobre você. O que você gosta de fazer? Filmes favoritos? Música?
- Eu gosto de skate e karatê, gosto de filmes de ação e terror e gosto de rock. - aquilo foi estranho. Porque não falar sobre o aniversário ou sobre uma suposta festa. Ela claramente parecia nervosa.
Eles mantiveram a conversa com pouca interferência do Lawrence. Ao final já se conheciam um pouco melhor. Rebecah adorou Robby. Ela amava Connor mas tinha certeza que havia espaço em seu coração para Robby também. Já o menino ainda tinha suas dúvidas. Parecia que ela era perfeita demais, e o que houve quando ele falou da festa. Ela estava escondendo algo e ele podia sentir isso.

########

Era início das aulas no Miyagi-Do e Johnny decidiu levar Becky, afinal nas duas últimas semanas a garota não havia saído de casa a não ser para ir visitar Robby.
Ao chegar deram de cara com Demitri.
- Olá garoto. - o sensei cumprimentou, sem saber se LaRusso já tinha informado os alunos do acordo entre eles.
- Olá sensei Lawrence. - pelo jeito já tinha informado sim.
- Essa é minha filha Rebecah. - ele tirou Becky de suas costas e colou-a de frente para Demitri.
- Oi. - ela estava nervosa, até um tanto assustada. Não era boa em fazer amigos, nem em conhecer pessoas novas.
- Uau. Não sabia que tinha mais filhos.
- É... a gente nunca tinha se encontrado. Basicamente minha mãe era uma vadia e ele nunca soube sobre mim. Mas não foi tão ruim, meus pais adotivos são incríveis e agora tecnicamente eu tenho duas famílias, apesar de Robby estar preso. Mas eu acho que logo logo ele vai sair...
- Nossa, você fala mais que eu. - Demitri a interrompeu no meio de uma frase.
A menina abaixou a cabeça rapidamente, envergonhada - Desculpe. Eu falo muito quando tô nervosa.
- Tudo bem. Vem vou te apresentar o pessoal. Você vai treinar com a gente?
- Não. Eu só vim pra não ficar sozinha em casa. - disse olhando em direção ao pai, como se pedisse permissão para ir como garoto.
Johnny que observou a conversa ao mesmo tempo em que tentava localizar Daniel, apenas deu um aceno com a cabeça, dizendo silenciosamente que ela deveria ir e fazer amigos. Ela era uma garota doce e meiga, divertida e espontânea, mas aparentava ser muito solitária. No tempo em que estiveram juntos não citou nenhum amigo a não ser sua família. Também não disse nada dos 8 anos em que esteve nas mãos dos traficantes.
Becky seguiu Demitri logo que viu o aceno do mais velho. Ao adentrar na área aberta do dojo, estavam se aquecendo Aisha e Sam, que apesar das reservas de sua mãe, bateu o pé e não desistiu do karatê.
- Gente, essa é Rebecah, filha do sensei Lawrence. Rebecah, essas são Aisha e Sam
- Olá. Podem me chamar de Becky. - disse ainda envergonhada.
- Sensei Lawrence tem uma filha. Essa é novidade. - Aisha disse
- É uma longa história. Outra hora eu conto. - Becky se limitou a dizer, já mais calma.
- Então Becky. As aulas voltam na semana que vem. Onde você vai estudar? - Sam perguntou educada
- No colégio de Reseda. ( Gente, não achei o nome do colégio aí coloquei esse mesmo)
- Legal. Vai estudar com a gente.
- A gente pode sentar juntas no intervalo.
- Becky, pode vir aqui? - ela ouviu Johnny chamar
- Estou indo.- ela se virou para os novos amigos - com licença.
Ao chegar próxima de Johnny foi apresentada para Daniel LaRusso. Logo em seguida a aula começou e ela sentou em um canto, pegou o livro O visconde que me amava e pôs-se a ler.

Cobra Kai never die (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora