6- Minha doce criança

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Eles estavam sorrindo. Becky era a mais radiante de todos. Finalmente ela poderia conhecer seu irmão de forma adequada. Robby sairia da prisão. Ela e o pai esperavam a sua saída na porta e enquanto aguardavam Becky cantava alegremente Sweet Child O'Mine do Guns N Roses que tocava na rádio.
- Ali está ele. - Johnny disse
apontando em direção ao enorme portão.
- Aqui Robby - Becky gritou com a cabeça pra fora da janela, chamando atenção do jovem.
Robby abriu a porta, entrou e sentou no banco de trás do carro, não conseguindo esconder a felicidade na face.
- Oi Rebecah. Oi Pai. Que bom que vieram me buscar. - disse se projetando pra frente e dando um beijo estalado na bochecha da menina. - Que música é essa?
- Você tá brincando não é? Como não conhece Guns N' Roses? Essa é a melhor banda do mundo.
- É por isso que eu gosto mais dela. - Johnny deu um sorriso pra Robby olhando pelo retrovisor.
- Não posso te culpar. Também gosto mais dela.
- Obrigada. - colocar o cabelo atrás da orelha já tinha se tornado um gesto que Johnny conhecia bem. Ela estava com vergonha.
- Nós arrumamos o quarto, mas vai ter que dividir com sua irmã.
- Espero que não se importe. Eu tentei deixar o mais confortável possivel pra você.
- Vai ser um prazer dividir o quarto com você maninha. E como está todo mundo. O Sr LaRusso disse que você agora é sensei no Miyagi-Do? Porque não me contou pai?
- Não queria que você se preocupasse com nada a não ser sair. As coisas estão bem. Por mais incrível que pareça eu e Daniel estamos nos dando bem.
- Eu estou acompanhando e conheci Aisha, Demitri e Sam. Eles são muito legais.
- Aisha trocou de dojo?
- Sim. Ela não quis ficar sob as ordens de Kresse. - foi Johnny que respondeu.
- E Sam? Como ela está? - a voz de Robby se tornou baixa e triste. Ele sentia falta da garota que amava e que tinha mudado toda a sua vida. Mesmo após a traição ele ainda a queria.
- Acho que está bem. Mas eu não conheci ela antes.
- Ela está mais focada. Treino e escola, amigos de vez em quando. É como se ela tivesse ficando traumatizada e não quer mais se envolver com nada. E caso esteja se perguntando, não, ela não saiu com ninguém.
- Tudo bem. Não é como se ela fosse me perdoar mesmo. Acho q ela não vai querer nem me ver.
- Quem sabe Robby. O amor é um coisa louca e as pessoas podem te surpreender. - o sorriso de Becky contagiou-o e ele sorriu também, se permitido, por um momentos, renovar o que a muito já estava morto. A esperança de que tudo ia ficar bem.
O caminho correu alegre e rápido. Logo estavam em casa arrumando tudo. Robby foi tomar um banho enquanto Becky preparava a janta. Ela aprendeu a cozinhar o básico logo quando pequena e ao ser adotada Bruce Allen a ensinou coisas mais sofisticadas, afinal, ele amava cozinhar.
No jantar tudo parecia perfeito, como se nada externo pudesse estourar a bolha de clima familiar que os cercava.
- Robby. Eu sei que isso vai ser difícil pra você, mas eu conversei com o Diretor e você foi aceito de volta a escola. Eu não quero te obrigar, mas seria bom você se formar, pra ter um futuro melhor que o meu. - o mais velho disse com o semblante sério, sabendo que o garoto iria protestar.
- Acho que é uma boa. Posso acompanhar a Becky. Só acho que Miguel não vai ficar muito feliz. E... Como ele está? - apesar das diferenças, Robby nunca quis que o menino se machucasse da forma que aconteceu. Ele passou parte do tempo em que esteve preso desejando que o outro se recuperasse sem sequelas. - Ele... Está se recuperando?
- Uhp. Mais do que recuperando. Ele já voltou a treinar com o Kresse. - Becky disse com tom de raiva. Apesar dos percalços na escola ela nunca tinha citado nada para Johnny e ele estranhou a atitude dela.
- Miguel está com Kresse?
- Sim. E eu também não sei como ele era antes do acidente mas agora ele é um completo idiota.
- Ok. O que ele fez pra você ficar tão brava? - Johnny interferiu na conversa, curioso com a situação.
- Nada com o que vocês precisem se preocupar. - ela deu um sorriso amarelo, desconversando.

No mesmo momento em que Robby saia da prisão, Miguel estava em seu quarto escutando a mesma musica. Sweet Child O'Mine tocava o todo volume enquanto ele pensava.

She's got eyes of the bluest skies
As if they thought of rain
I'd hate to look into those eyes and see an ounce of pain

(Ela tem olhos dos céus mais azuis
Como se eles pensassem na chuva
Odeio olhar para dentro daqueles olhos
E ver um pingo de dor)

O trecho da música o fez lembrar de Becky e da sensação de desespero que ele sentiu, na única vez em que ele viu a dor em seus olhos. Ele não queria admitir, mas a vontade foi de fazer todo o possível para tirar essa dor de seus olhos. Ele estava tentando convencer a si mesmo que o motivo era por não ter sido nada a ver com o ele ou algo que ele tenha feito, mas a realidade era que ele sentia algo. Não estava apaixonado. Seria ridículo estar apaixonado, mas ele sentia algo e não era só o ódio desenfreado.
Após longos minutos pensando ele ouviu a voz dela do lado de fora. Dando uma espiada pela janela ele pôde vê- lá com o sorriso mais doce do mundo e acabou sorrindo também. O sorriso dele sumiu instantâneamente assim que viu a quem ela dirigia o sorriso dela. Robby chegou perto da menina e passou o braço em seu ombro a levando pra dentro e trancando a porta.
Não importava os seus sentimentos. Não importava os sorrisos, a beleza, a dor nos olhos dela. Não. A dor importava sim. E agora ele faria de tudo pra colocar aquela dor em seus olhos e ela não sairia tão cedo.

No dia seguinte Rebecah acordou bem cedo. Ela estava ansiosa para preparar um belo café da manhã pro primeiro dia de Robby.
- Hum... Que cheiro delicioso. - Johnny se aproximou da cozinha.
- Achei que Robby ia gostar de um café da manhã especial pra passar esse dia. Imagino que vai ser um dia difícil.
- Bom dia pessoas. - Robby estava sorrindo. Nunca passou pela cabeça dele que teria um café da manhã em família do jeito que estavam tendo.
Logo eles chegaram na escola, levados pelo pai e se despediram quando cada um foi para sua própria sala.
Robby já estava entrando na terceira aula quando ouviu alguém o chamar.
- Sam. Oi. - ele respondeu sem saber como agir.
- Oi. Fiquei sabendo que tinha saído, mas não sabia que tinha voltado pra escola.
- É... O meu pai e a Becky pediram pra eu estudar. Acho que é o melhor pro meu futuro.
- Fico feliz que você esteja bem e que esteja de volta a escola. Você também tem aula de química?
- Sim.
- Então vamos entrar. Eu não tenho ninguém comigo. O que acha de dividirmos a mesa.
- Seria legal. Sam eu preciso te...
Foram interrompidos pelo professor mandando os alunos entrarem.
- Depois da aula a gente conversa. - e eles entraram.
Lá pra metade da aula alguém bateu na porta procurando por Robby. O professor que estava no fiasco do ano passado comentou que novamente ele estava com problemas logo no primeiro dia. O choque foi tanto do menino quanto do professor ao ouvir o anúncio a ele.
- Sua irmã, Rebecah está na enfermaria. Acho melhor você ir ficar com ela.

Cobra Kai never die (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora