Capítulo 7

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 Haviam se passado três dias desde a queima dos fogos de Fred, tudo parecia estar voltando ao normal na Toca. Agora todos desciam para o jantar e comiam juntos como de costume. A queima dos fogos foi uma forma de lembrar a todos como Fred era uma pessoa leve e divertida e, em honra a sua memória, todos deveriam continuar vivendo suas vidas felizes e lembrar dele com alegria. Eles estavam na mesa do jantar, comendo sobremesa e explicando, depois de muita insistência de Molly, o que eles tinham feito durante a guerra. Hermione foi a primeira a explicar, seguida de Rony. Porém, quando chegou a hora de contar o que aconteceu na mansão Malfoy, ele se calou como se calou, como se não soubesse o que dizer. Ele e Harry se entreolharam perdidos por um momento. Então, Harry tomou a frente da história e tentou contar com menos detalhes possíveis:

-Bom... quando chegamos na mansão, não me reconheceram logo de cara porque Hermione tinha lançado uma azaração ferroteante no meu rosto mas, depois de discutirem, eles me reconheceram e nos prenderam em um calabouço mas Belatriz torturou Hermione – ouviu-se o ruido das pessoas prendendo a respiração ao longo da mesa – para tentar descobrir como conseguimos a espada de Grifindor.

-Ela usou somente a maldição cruciatus?

-Ela usou a maldição cruciatus oito vezes e usou uma faca pra escrever uma coisa no braço dela.

-O que ela escreveu? - interrompeu Gina, parecendo estar escandalizada

Rony olhou um pouco apreensivo para Hermione, pois ela estava pálida e muito quieta. Então, como se tivesse sido retirada de um transe, a mesma respondeu:

-Ela escreveu sangue ruim – e mostrou o braço a sua futura cunhada, que estava sentada ao seu lado -eu vou subir um pouco. O jantar estava ótimo como sempre Molly – acrescentou rapidamente depois de longos momentos de silêncio.

Ela subiu para o quarto que dividia com Gina e ficou observando a vista, sentada na escrivaninha do quarto, do quintal da toca enquanto chorava. Após algum tempo ela ouviu a porta abrir então enxugou rapidamente suas lágrimas e virou-se pra dar de cara com Harry. Ele observou-a por um momento parecendo não saber o que dizer, então sentou-se ao seu lado na escrivaninha e disse:

-Mione, nem adianta dizer que você está bem que eu não vou cair nessa.

-Mas eu estou bem. Porque não estaria?

-Bom, pra começar, acho que você não gostou muito de mostrar sua cicatriz para todos.

-Tudo bem, nisso você pode estar certo.

-Lembra do que você me disse no chalé das conchas? Você disse que se ser sangue ruim era ser contra Voldemort, então você seria sangue ruim com orgulho.

-Só porque disse isso, não significa que goste de ver o olhar de pena das pessoas quando olham pra mim.

-Hermione, essa cicatriz não faz ninguém ter pena de você, só faz as pessoas te admirarem ainda mais – Ele parecia buscar as palavras certas – Essa cicatriz representa toda o preconceito que você enfrentou e mesmo assim foi forte e enfrentou de cabeça erguida. Essa cicatriz não te faz uma coitada, te faz apenas uma mulher mais forte.

Ela ficou em silêncio por um momento então o abraçou, dizendo:

-Obrigada, Harry. Você é um bom amigo.

Ele apenas retribuiu o abraço com ternura. Ele simplesmente sabia que aquela era a coisa certa a se fazer naquele momento.

-Você quer ficar sozinha por um tempo ou quer descer? - disse após de soltar o abraço

-Acho que quero ficar aqui por mais um tempo.

-Tudo bem. Vou dizer ao seu super-preocupado namorado que você está bem.

Ela riu e concordou com a cabeça.

***

-Você está bem mesmo? - perguntou ele após vê-la fazer uma expressão triste pela milésima vez naquele dia; apesar de Harry ter dito que ela estava bem, ela estava distante durante a tarde toda e agora, deitada com ele na cama, ela parecia estar distante novamente e estava com o olhar úmido e perdido direcionado a cicatriz que tinha no braço.

-Estou bem Ron. – disse ela, virando-se de frente para ele e alisando seu queixo – Já te disse que não precisa se preocupar.

Após dizer isso ela apenas selou seus lábios num beijo e ele disse:

-Está bem amor, que bom que você está....

-Eu estou bem, porque é tão difícil acreditar em mim?

-Calma, eu acredito em você! É só que todos aqui em casa se preocupam com você...

-Eu sei que todos se preocupam comigo – interrompeu ela – é só que... Essa cicatriz representa todo preconceito que existe no mundo bruxo e... e se todos estiverem certos? E se eu for realmente só uma sujeitinha de sangue ruim, como o Malfoy disse?

-Hermione, você está se ouvindo? – disse ele, sentando-se na cama e tendo seu gesto repetido pela namorada – Em primeiro lugar, não se chame assim. Em segundo lugar, o Mallfoy é um idiota e você sabe disso. E em terceiro lugar, você ser nascida trouxa não muda em nada seu valor nem sua inteligência. Você ainda é a bruxa mais linda e inteligente que eu já conheci, amor.

-Eu amo você – disse ela, desviando o olhar do quarto e direcionando-o novamente para o ruivo.

-Eu também amo você, Mione. Agora vem cá! – acrescentou ele, puxando-a para o seu peito.

Ela se acomodou entre os braços do seu amado e sentiu as mãos fortes dele alisarem seu cabelo carinhosamente.

-Quando foi que você ficou tão sensato? - disse ela, momentos depois, fazendo o ruivo rir pelo nariz e beijar-lhe a cabeça.

-Acho que foi a convivência com você.

Depois desse curto diálogo ela inebriou-se com o cheiro do seu amado e apagou.

Depois da batalhaOnde histórias criam vida. Descubra agora