— aí Gabriel...
— Gabriel o que Isabella? Caralho Isabella— ele dá dois passos na minha direção
— a Rafaella, Gabriel— ele esfrega o rosto visivelmente irritado
— esquece ela, mas meu deus
— esquece o caralho Gabriel, é a sua namorada não é? Não tenta me meter nisso mais uma vez porque agora eu tenho um homem pra criar e eu tenho que ser o primeiro exemplo!
— eu disse pra não brigar!
— não tem ninguém brigando aqui não Cami... eu vou lá ficar com o Bernardo
— não quer saber da Rafaella?
— ela não é problema meu— o olhar do Gabriel me lembra o da primeira noite que ficamos juntos, quando estávamos brigando na festa dele— eu já disse o que aconteceu, se ela fez isso mesmo... a culpa é dela por vocês terem perdido três anos dele e não minha!
— mamaaaae— ele corre assim que me aproximo, pego ele no colo e giro ele no ar
— oi meu amor... você tá feliz né?
— muito— balanço a cabeça e beijo a bochecha dele— vamo brincar de bola.
De longe o Gabriel olhava aquela cena com cara de bobo, sua prima o encarava sorrindo de lado.
— você já é um homem Gabriel... e agora é pai e exemplo daquele menino!— ele olha pra prima— não preciso te dizer o que você precisa fazer se é ali— ela aponta pro campo— que você quer estar
— tá tão na cara assim?
— sempre foi Gabriel, eu sempre soube que vocês estavam juntos
— quê? E não disse nada?
— não, eu queria saber se você ia ser homem o suficiente pra assumir ela ou deixar ela ir
— porra Camila
— to mentindo? Se não fosse pela sua burrice, ela nunca teria ido embora! Passou da hora de crescer Gabriel, você não é mais um moleque inconsequente
— eu vou sair daqui antes que fale merda
— é a verdade— ela dá de ombros e vai pra dentro da casa
Isabella tentava brincar com o Bernardo mas ela mal sabia chutar a bola.
— aí garoto, então vai jogar com o teu pai que é jogador de futebol— não maaae, é só chutar meu deus!
— eu tava pensando— escuto a voz do Gabriel e vejo o meu pequeno correr até ele— a gente podia ir pra Angra no fim de semana
— acho uma boa ideia, assim você passa algum tempo com o Bernardo
— eu pensei em você ir também Isabella
— é mamãe, vamo!— olho pro Gabriel antes de confirmar com a cabeça— obaa
— vamo comer?— a Dona Lindalva nos chama e vamos pra sala de estar. Todo mundo já estava sentado, vejo uma cadeirinha de criança que deixava o Bernardo na altura da mesa— será que é melhor nessa cadeira Bela? Eu não sabia como ele comia e...
— perfeita, Lindalva! Vai ser mais fácil pra ele comer
— que bom... quer que eu te dê a comida Bernardo?
— porque a gente não come enquanto eu brinco de cavalinho— ele bate palmas animado
— deixa o valdemir comer também filho!
— naao, vamo brincar de cavalinho
— upa upa cavalinho! Meu cavalinho de pau— o Bernardo sai cantando com a Lindalva e o Valdemir. Fico olhando eles correndo de um lado pro outro e suspiro satisfeita.
— folgado né?— olho pro Fábio sorrindo
— ainda viu nada, fabinho! Esse moleque é uma figura
— ih Isabella, até parece que não foi a você que ele puxou
— a folga da Isa, a marra do Gabriel... meu sobrinho tá arranjado viu, tadinho
— teu cu Camila
— ah Gabi, consegui aquele negócio que tu me pediu pro fim de semana— Fabinho fala e olho pro Gabriel
— pô Fábio, eu vou pra Angra no fim de semana
— nem me falou nada Gab, não sabia que a gente ia viajar— ele me olha rapidamente e desvio o olhar
— então Rafa, é que eu vou só com o Bernardo e a Isabella... você entende né?
— agora vai ser assim? Só vocês três a família perfeita?!
— pô Rafa, não viaja mano! O moleque acabou de conhecer o Gabriel, óbvio que ele vai querer a mãe por perto
— por falar nisso, vamo por os pontos nos is!— falo e eles me olham— você pode me odiar, falar o que quiser e até mesmo me xingar! Mas nunca na frente do meu filho
— claro que ela...
— cala a boca Gabriel!— a Camila segura o riso e vejo o olhar fulminante da Rafaella sobre mim— eu só estou te avisando que não vou tolerar NADA que aconteça nesse sentido ou nele me relatar qualquer olhar torto, voz grossa... NADA tá entendendo?
— tá avisadinha ja— Fábio da dois tapinhas nas costas dela antes de levar o prato pra cozinha
— pô Isa, a Rafa não vai fazer nada disso
— eu só estou avisando Gabriel, preciso manter minha sanidade mental quando não estiver por perto
— voltamos— o seu Valdemir tava tão cansado que tava com a língua pra fora
— deu uma canseira nos seus avós né Bernardo?— Gabriel fala e o menino vai sentar no colo dele
— é que eles já tão velhinhos aí cansa mais rápido pai
— foi ótimo— o seu Valdemir sorri e recebe um beijo da Lindalva— oh Isa, será que a gente podia levar ele pra tomar sorvete?
— claaro! Eu acho que vou pra casa adiantar umas coisas do trabalho e passo mais tarde pra pegar ele...
— eu posso levar ele pra casa Isa
— tem uma hora certa, minha filha?
— não, pode ficar tranquila! Só não deixo ele pra dormir aqui porque amanhã tem aula e eu mal sei onde fica a escola ainda né
— a gente pode ir também? Levar ele na escola né
— tá todo mundo convidado— sorriu vendo a empolgação deles
— eu mando uma mensagem pra vê horário, endereço, essas coisas...— me aproximo do Gabriel pra deixar um beijo no Bernardo
— se comporta moleque, obedece seu pai e seus avós!
— pode deixar mamãe— ele me dá um beijo
— então eu já vou indo...
— e o do meu pai, mãe?— arregalo os olhos— tem que dar o beijo de tchau dele também
— cada hora que passa eu gosto mais desse moleque sabia?— o Fábio reaparece e eu olho pra ele— tem né Bê?
— vai mãe, da o beijo do meu pai!!
— inacreditável— a Rafaella resmunga
Sinto meu interior revirar quando a colônia dele invade minhas narinas, deixo um beijo na bochecha dele e sinto meu corpo enfraquecer.
Me despeço de todos rapidamente e saiu dali o mais rápido que posso.