As semanas se arrastam e Isabella gasta todas as suas energias na faculdade e em seu trabalho. Ela ignorava o buraco em seu peito e evitava qualquer coisa que pudesse lembrá-la ainda mais ele.
— não vai comer de novo Isabella?
— bom dia pra você também mãe
— senta pra comer criatura
— minha gastrite atacou mãe, não tá parando nada no estômago
— e porque você não falou antes, Bela? Mamãe vai fazer aquele chá que sempre ajuda e na volta você toma tá bom?
— obrigado mãezinha— ela me abraça rapidamente e alisa meu rosto
— Deus te abençoe minha filha
Saiu de casa e desço o morro pra pegar o ônibus, o calor insuportável que fazia no Rio fazia com que eu suasse horrores. Quando finalmente chego na faculdade vou pro banheiro sentindo meu corpo formigar, lavo meu rosto e bebo bastante água na tentativa de acabar com aquele mal estar. LIGAÇÃO ON - cadê você sua doida?
- no banheiro
- que voz é essa Isabella?
- esse calor infernal que tá quase me fazendo desmaiar
- quer ajuda?
- não amiga, chego aí jaja LIGAÇÃO OFF
Respiro fundo e vejo a porta abrir, um cheiro forte toma conta do lugar e meu estômago se embrulha de uma forma absurda. Corro pro box e só dá tempo de levantar a tampa do vaso, meu estômago contrai violentamente. — meu deus amiga, que porra é isso— ela segura meu cabelo e esfrega minhas costas.
Quando finalmente consigo respirar me jogo pra trás sentindo meu corpo fraco. — a gente vai num médico
— não... é só a minha gastrite mas eu to com o remédio aqui— como uma lâmpada que se acende uma possibilidade invade a minha cabeça, eu tentava me convencer de que estava louca mas não conseguia
— você tem certeza Isabella? Você tá gelada— encaro a minha amiga e a culpa toma conta de mim, levanto com um aperto no peito e evito olhá-la nos olhos.
— absoluta Cami
Escovo meus dentes, lavo o rosto e prendo o cabelo num rabo de cavalo antes de ir pra aula sendo quase que carregada pela morena. Tomo um remédio de dor qualquer e como um pouquinho de uma maçã que a Camila arranjou. As horas passam e cada vez mais me sinto ansiosa. — você sabe que pode tirar a tarde livre né?
— eu to bem, dona Camila!
— até jaja entao— desço do carro e entro na farmácia que ficava próxima da empresa.
— Bom dia, no que posso te ajudar?— a mulher sorri pra mim e sinto o desespero tomar conta do meu corpo
— um teste de gravidez... daquele digital!
— ei, fica calma— ela segura minhas mãos e sorri delicada— aqui tem um banheiro, vou pegar o teste e você já faz tá?— balanço a cabeça sentido meus olhos arderem e ela sai, meus pensamentos se voltam pra minha mãe, pra minha vida e pro Gabriel... tanto tempo que eu não o via, meu peito aperta devido a saudade que me consome.
Assim que a mulher volta e Isabella paga o teste, a morena caminha até o banheiro e segue as instruções. Levariam três minutos pra ela saber como sua vida seria daqui pra frente, três minutos pra algo que poderia mudar todo o seu futuro. Ela não sabia o que fazer, nem no que pensar... naquele momento tudo que vinha a sua cabeça era o rosto do Gabriel. Ela fecha os olhos e se sente perdida...
O alarme apita indicando que já haviam se passado três minutos, seu coração dispara, a boca seca e as mãos suam. Isabella abre seus olhos lentamente e enxerga o positivo no aparelho em suas mãos. As lágrimas brotam e caem incessantemente pelos seus olhos, o medo, a culpa e insegurança a atingem em cheio.
&/&3&3 — e aí?— ela escuta uma voz do outro lado da porta e sai dali, seus olhos a entregam e a mulher compreende na hora— ah minha querida, não fica assim— a mulher envolve Isabella num abraço carinhoso— filho sempre é benção
— como eu pude fazer uma coisa dessas?!— me encontrava em estado de choque e ela tentava me acalmar
— isso aconteceu comigo também... e o meu filho é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, assim como o seu vai ser na sua— ela enxuga as lágrimas em meu rosto e me olha como se enxergasse em mim ela mesma— você tá pensando em tirar ele?— encaro ela por alguns minutos e respiro fundo
— não é uma opção!— ela solta um suspiro aliviada e sorri
— vai lavar esse rostinho bonito...
Faço o que ela disse e passo uma base que eu tinha na bolsa pra disfarçar um pouco da minha cara de choro. Volto pra farmácia e ela me entrega uma caixinha com sapatinhos — sei que é simples, mas é de coração tá!?
— muito obrigado... de verdade! Por tudo
— fica bem menina...
— Isabella, meu nome é Isabella
— Isabel— ela me abraça mais uma vez
Saiu dali e caminho até a empresa, o Gabriel não saia da minha cabeça e eu pensava em como contaria pra ele algo tão importante. WHATSAPP - tá aí?— meu coração parece que vai sair pela boca assim que vejo a notificação ficar azul
- eu sempre to aqui Isabella... aconteceu alguma coisa?
- preciso te contar algo Gabriel
- pode falar
- não sei se falar por mensagem é a melhor forma...
- pode falar Bela
- não surta por favor!
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- você... é meu?
- é Gabriel, mas vc não é obrigado a fazer nada! Só to te contando e avisando que eu vou ter esse filho
- não acho uma boa ideia
- filho da puta arrombado EU VOU TER ESSE FILHO VC QUERENDO OU NÃO ESQUECE QUE EU TE CONTEI GABRIEL!
- ok
WHATSAPP OFF
Isabella não conseguia acreditar nas mensagens de Gabriel, ela se perguntava o quão bom ator ele era pq todas as vezes que eles falavam em filhos o jogador dizia ser seu maior sonho. Ela estava furiosa, como ele ousou sugerir que ela tirasse seu filho? Ela acaricia a barriga involuntariamente, um sentimento de proteção desabrochou e ali nasceu uma mãe!