Dois dias se passam desde a descoberta de Isabella, a morena decide que a hora de contar para sua mãe chegou.
— mãe— apareço na sala e ela desvia o olhar da televisão para mim
— o que foi?
— tenho que te contar uma coisa..— minha mãe levanta rapidamente do sofá e para na minha frente, bato os pés no chão sentindo o nervosismo tomar conta de mim
— desembucha Isabella!— sua voz é seria e isso faz com que eu me prepare pro pior
— eu to grávida— fecho os olhos esperando o grito que não vem, minha mãe estava estática na minha frente me encarando desacreditada
— que brincadeira de mau gosto é essa, Isabella? Para com isso
— eu to grávida mãe
— não Isabella! Você... como você foi tão burra? Eu fiz TUDO por você TUDO, eu trabalhei que nem uma burra de carga pra você estudar, ter um futuro decente e agora você me faz isso?— ela gritava e a medida que cada palavra era dita um bolo crescia em minha garganta. A essa altura minha mãe ja chorava desesperada, eu só queria acalmá-la.
— mãe
— não me chame de mãe!— ela se afasta de mim e começo a ficar desesperada— eu te disse mil vezes que a única coisa que eu não tolerava era isso, eu no te criei pra isso Isabella
— por favor me perdoa mãe, eu posso trabalhar e estudar pra cuidar dessa criança! Eu não vou parar de estudar e..
— quem é o pai? É o Gabriel?— ela me corta e ainda não me olha
— não!
— não o que?— minha mãe passa a me encarar com tamanha frieza que meu coração quebra mais um pouco
— não é do Gabriel, é de um cara da faculdade— desvio o olhar e ela dá uma risada sarcástica
— deixe eu adivinhar... ele mandou você tirar a criança
— não vou fazer isso
— não mesmo, fez a besteira e vai arcar com ela
— eu vou trabalhar mãe, a senhora pode ficar tranquila
— não duvido disso mas você não vai ficar aqui
— maeee
— fora da minha casa!
— eu... por favor, mãe
— eu to indo trabalhar e quando voltar não quero vocês aqui
Sento no chão da sala desacreditada, meu peito queimava e eu tentava me acalmar. Fico ali perdida por horas, arrumo uma mala simples e faço uma ligação, nesse momento essa era a única coisa que vinha a minha cabeça.
Após horas de voo chego em Natal e assim que avisto a Isadora vindo na minha direção meus olhos enchem de lágrimas.— Bela— os braços da Isadora arrodeiam meu corpo e eu desabo em seu colo, meus soluços altos expressam toda a dor que eu sentia naquele momento— pelo amor de deus, prima! O que aconteceu?
— eu to gravida— eu não a encaro, olho pras minhas mãos enquanto os mexo, não queria ver mais nenhum julgamento e não por medo mas eu sabia que não aguentava mais.
— isso é otimo— ela dá uns pulinhos antes de me abraçar, conhecendo ela como eu conheço posso dizer que sua felicidade é genuína— e o pai?
— esse bebê é meu, não tem pai
— Isabella, Isabella...
— eu tenho que te pedir uma coisa
— o que?
— posso ficar na sua casa um tempo? Juro que é rápido mas eu preciso...
— claro né Isabella, a dinda vai cuidar de você e dessa coisa gotosa!
Vamos pro carro da Isadora e ela insiste em me levar até sua ginecologista, eu só pensava em como acertei em vim pra Natal.
— então, não tem vaga pra hoje— a atendente responde e a minha amiga suspira— fala com a Dra Clara, olha o estado dela... deplorável— a atendente me analisa por alguns segundos antes de sair dali
— deplorável Isadora? Porra!
— que foi?— ela solta uma risada alta e me faz revirar os olhos
— ela disse que vocês podem entrar que ela vai atender
Caminhamos até a sala da médica e eu me sentia estranha, um pouco desconfortável.
— eu sou a Dra. Clara, você tá grávida né?— sim, mas não fiz exame e nem nada só to tomando um suplemento
— será que tem como fazer um ultrassom rapidinho Dra? Ela passou por muito nervoso esses dias e eu to meio preocupada..
— eu tenho um tempinho de sobra— ela me leva até uma maca e eu me deito sem saber direito como agir e o que esperar.
E se eu não me emocionar? E se eu tiver perdido? E se não tiver bebê? Pode ser anembrionaria.... vários questionamentos rondavam a minha cabeça mas todos eles evaporam assim que aquele som invade meus canais auditivos.Olho pra tela e sinto meu coração palpitar ao ouvir o coração daquele ser, amor transbordava de mim naquele momento. Eu percebi ali que uma nova vida dependia de mim e prometi a ele que seria a melhor mãe do mundo, que seria suficiente pra ele, que nunca o abandonaria.
Prometi que meu passado seria enterrado e que meu futuro seria aquele bebê.
— você tá grávida de..— um mês e duas semanas!— ela me olha surpresa, eu sabia exatamente quando engravidei: no aniversário do Gabriel
— isso— ela desliga o monitor e me entrega uma foto do ultrassom— olha, vocês estão bem! Preciso que você fique mais tranquila pra não termos problemas maiores tá? Vou te receitar esses remédios aqui e esse exame— ela escreve num papel antes de me estender— você vai continuar o pré natal comigo?
— eu não posso pagar pelas consultas...
— tá doida?— a minha prima se manifesta— claro que você vai fazer o pré natal aqui, pode marcar a próxima Dra.
— não Isadora, tá doida? Você não vai pagar, não precisa
— eu sei que você odeia ser ajudada— ela fala um pouco mais baixo e solto um suspiro— mas é por esse neném que tá vindo...
Depois de acertar tudo com a médica e comprar os remédios ela começa a dirigir parar sua casa.
— eu nunca vou esquecer o que você tá fazendo por nós dois— acaricio minha barriga e um sorriso tímido surge em meus lábios— é de coração meu amor...
— eu vou continuar a faculdade— ela me olha e balança a cabeça— vou pedir a transferência da matrícula pra aqui em Natal, também vou trabalhar
— comigo, to precisando de alguém pra fazer o marketing da loja. Você trabalha de casa, com horário flexível, mil reais, pode ser?
— eu vou trabalhar muito nesses nove meses, Isadora! Vou fazer tudo que posso e que não posso por esse bebê... nada vai faltar pro meu filho
— nunca duvidei que você seria uma mãezona!
