18 - Sol

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Soliloque

       Eu já estava há um dia naquele lugar escuro. Eu estava com fome e sede, e ninguém desceu aqui embaixo. Eu estava desenhando estrelas e nuvens na parede com a mão quando ele disse.

       — Loirinha, não fique assim, trago boas notícias — ele estava com um sorriso torto, me observando do outro lado da grade — Mais quero te lembrar do combinado antes. Eu te digo como elas estão e você me diz quem elas são. E você vai ficar me devendo porque consegui informações sobre o seu pai que nem Eleanor tem. 

       — Desembucha Breu. Ok, ok, não me esqueci do combinado, se você não percebeu não fiquei muito ocupada esse tempo — ele já estava dentro da sala, apoiado na grade.

       — Já que você é do povo ares, você deve ficar mais bonita a luz do sol, não é mesmo? Aqui embaixo, você parece estar irritada toda hora — ele riu da própria piada, que não teve nenhuma graça — Ta bom, você não está muito pra brincadeira. A morena, está com o povo dos mares, e é filha da princesa deles sabia? Estou muito curioso pra saber como você conhece ela e como isso foi acontecer, já que o marido dela morreu. E a outra que fede a flores esta com os plantes, ela é sobrinha da Rainha deles, e a mãe dela também era uma princesa antes de seus pais morrerem. Agora solzinho, como você conhece a realeza? Estou até pensando que você é realmente princesa dos luzes, filha de Bevron.

       — Aliás você disse que sabia alguma coisa sobre ele que nem Eleanor sabia, só conto sobre as meninas quando você terminar — quando eu terminei de falar, aquele marca na minha mente começou a arder e Breu começou a ficar inquieto — O que está aconteceu? — perguntei com a cabeça latejando.

       — Ela está vindo, se ela perguntar ninguém esteve aqui e você não sabe de nada ok? Tchau loirinha, até a próxima — ele me jogou um beijo e sumiu, se não fosse pela minha dor, eu ficaria irritada.

       Ouvi passos na escada, lentos, e quanto mais perto eles chegavam, mais a marca na minha mente doía. 

       — Deve ser irônico não é? Eu ter um pedaço do sol tão longe e escondido do céu — Eleanor terminou de descer as escadas. Ela tinha um ar autoritário, e uma certa diversão dançava nos seus olhos —Você fala sozinha? Eu estava ouvindo vozes, tinha alguém aqui?

       — Eu falo sozinha. Deve ser problema de ser uma mestiça — ela avançou pra cima de mim, passando pela grade, e agarrou meu rosto.

        — Você ainda não aprendeu criança? Não me provoque! E nem insinue que você é minha neta, você brilha muito pra ser uma — eu ri pensando se ela teria um infarto a conhecer as meninas. Mais aquela marca ardeu muito agora, eu me arquei de dor. Eleanor riu e disse com escárnio — Cuidado com seus pensamentos criança, ainda acha que não sei sobre suas irmãs? Que Laila te trouxe aqui, e ao mesmo tempo duas princesas perdidas foram encontradas entre outros dois povos, pensa que sou burra? Eu não duvido que vocês sejam filhas de Bevron, ele sempre quis testar as teorias do pai que juntos os povos se tornam mais fortes. O pai dele morreu querendo confirmar essa tese, se ele não tomar cuidado é capaz que ele termine igual.

        — Veio aqui para se divertir vovó? Pensei que teria muitas coisas pra fazer nesse buraco, ainda mais sendo rainha dele — ela avançou novamente contra mim, e fincou suas unhas em meu rosto, eu não deixei transparecer muito minha dor, mais minha mente começou a latejar mais forte.

       — Não. Me. Provoque. Não insulte a mim e meu reino! Quando eu encontrar Bevron você vai ter o mesmo fim que ele — ela me apertou mais, o rosto e a mente. Me soltou e sumiu. Eu não tinha nenhuma aguá para passar nos sangramentos e minha mente ... eu nem conseguia pensar direto.

       Eu estava me segurando para não desmaiar, quando ele simplesmente apareceu, com um balde da água e um pano na mão, mais quando me viu se aproximou rapidamente me segurou e disse.

       — O seu povo consegue se curar sozinho com a luz do sol, eu vou te tirar daqui, mais por favor não desmaie — entrei no lugar escuro de Breu, e surgimos em um lugar que parecia ser nuvens, eu me senti melhor com o sol, mais continuava com dor — Por favor loirinha, eu não sei como fazer isso, no meu povo a gente só suga o a escuridão para se recuperar, tente isso — eu fiz o que ele falou e suguei.... mais não o sol... a escuridão de Breu que ainda rodava ao nosso redor e me senti melhor até a marca na minha mente parou de latejar. E olhei pra Breu ainda assutada pelo que ele fez.

        — Aonde estamos? — foi a única coisa que consegui perguntar.

        — Estamos na terra de seu povo, os ares. Isso que eu ia te falar... — eu o impedi de terminar de falar, ainda não sei como funcionava essa marca na minha mente, mais não ia deixar as coisas fáceis pra Eleanor.

        — Eu estou cansada — percebi que ele ainda estava me segurando, e desci para o chão... bem, estava mais para uma nuvem, mais eu ainda estava me recuperando — E aí? Vamos falar com eles ou vamos voltar para a cela?

        — Eu não vou deixar Eleanor chegar mais perto de você loirinha. E acho que você está me devendo bem mais que uma explicação sobre suas irmãs agora.

        — Pelo visto você já sabe, e vou ver o que posso fazer por você quando eu estiver melhor — ele me olhou incrédulo, porque eu já parecia estar melhor — Eu preciso te contar uma coisa... a Eleanor... colocou... uma... na ... mente... eu... não... consigo... — a marca não me deixava falar pra ele, por favor que ele tenha entendido.

        — Ela o que? Uma marca você quer dizer? — eu acenei com a cabeça — acho melhor você dormir então, é melhor ela não saber pra onde vamos — eu dormi involuntariamente, Breu me segurou nos braços e nos levou a outro lugar, que desta vez eu não estava acordada para ver aonde.

Amor de irmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora