Cap. 16

50 9 0
                                    



Eventos estranhos das últimas 24 horas:

Uma lista mental por Margot Cavan


· Primeiro: Eu tinha uma carta pessoal do meu chefe dentro bolsa

· Segundo: Jimin não estava no ônibus de manhã, também não mandou nenhuma mensagem.

· Terceiro: Tive a estranha sensação de estar sendo observada na faculdade(?)

· Quarto: Vi Maia entrando numa HB20 (AKA. carro de taxista, como ela mesma gosta de chamar) junto com JK.

· Quinto: Não pude correr até lá para pegá-la no flagra porque já estava atrasada para o trabalho e quis chorar de frustração, porque adiava demais aquele assunto.

E por fim,

· Sexto: Tinha um cartaz enorme, bem na frente do caixa, anunciando a abertura de testes para um espetáculo que estrearia em agosto e eu o encarava fixamente neste exato momento.


Alguém poderia dizer: "Não tem nada de estranho com o cartaz, você que é maluca". No entanto, não era Gustav que ainda ontem estava uma pilha de nervos, sem saber o que fazer para arranjar uma peça em tão pouco tempo? Como é que, de uma hora para a outra, ele encontrou um maluco que topasse essa presepada?

— Ci, o que que é isso? — Perguntei a minha colega de trabalho, que apertou os olhos em direção ao anúncio escrito em letras garrafais.

— Você está parada aí na frente a mais de um minuto e não sabe o que é?

Dei um riso sem graça.

— Não, eu sei o que é, mas como isso é possível?

A mulher deu de ombros.

— Parece que alguém ficou até tarde dando telefonemas. — Enquanto ela falava, passei para o outro lado de trás do guichê. — E agora pouco, — Cinthya se inclinou para frente no seu balcão — chegou uma moça toda elegante. Eles estão no escritório já faz uma meia hora.

Ergui as sobrancelhas.

— Você sabe quem é?

Ela negou com a cabeça.

— Nos cinco anos que trabalho aqui, nunca a vi. Mas os dois pareciam se conhecer a bastante tempo. — Deu um olhar furtivo para a porta do escritório e sussurrou. — Ela o chamou de "Gu", acredita?

— Uuul. Será que o chefe andou arrumando mais do que só um novo espetáculo?

Cynthia deu uma risadinha maliciosa. Quando abriu a boca para dizer mais alguma coisa, ouvimos a maçaneta da porta girar. Nos encaramos de maneira cumplice e ela fez um sinal de silêncio para mim. Virei de costas, fingindo contar os ingressos, mas com os ouvidos atentos.

— A gente pode ir almoçar depois? — Uma voz feminina perguntou. — Ainda não comi nada hoje.

— Claro. Não acho que vamos demorar no cartório.

— Espera, cadê a pasta?

— Ah! Esqueci lá dentro. Só um minuto. — Olhei por cima do ombro, vendo meu chefe entrar no escritório novamente, enquanto ouvia o som abafado dos saltos da mulher contra o carpete.

Voltei-me em sua direção. Ela era bonita, alta e estava muito bem vestida, mas não parecia contente em me ver.

Não era desgosto por me ver em um uniforme cor mostarda tão feio, como pensei a princípio. Na verdade, a forma como demorou-se com seus olhos sobre o meu rosto, me fitando como se me conhecesse, foi um pouco... inesperada.

O Garoto do ÔnibusOnde histórias criam vida. Descubra agora