Cap. 4

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-Alô.

-Oi mãe.

-Não quer carona mesmo? Está tarde já filha! - Insistiu.

-Não precisa mãe, de verdade. O ônibus já vai chegar. – Menti.

-Hmmm... Ok - resmungou do outro lado da linha.

-Então, já vou deslig--

-Mas vem cá ... - interrompeu-me – Por que está indo pra lá a essa hora? Você quase nunca sai assim, tarde. - falou num tom desconfiado.

Não gagueje, não gagueje

-Ah, é que decidimos de última hora e ... - travei por um segundo – e Maia tinha umas aulas a tarde.

-Sei...

A linha ficou em silêncio por um tempo, a ouvi balbuciar algo para o meu pai, mas não pude entender o que era.

-Tá, tá- disse minha mãe próxima do telefone, provavelmente ainda falando com o meu pai – Filha, tome cuidado então, tá bom? Nos ligue quando chegar na casa da sua amiga. Quero conversar com ela também, ok?

-Tudo bem mãe. - Respondi, um pouco impaciente – Vou desligar, tchau! Te amo.

-Também te amo.

...

Assim que cheguei no local da festa, sai procurando por Maia desesperadamente. A música estava alta, muito alta, mas eu já imaginava que seria assim. Passara todo o trajeto do ônibus planejando o que faria, para não dar motivos para meus pais desconfiarem da minha pequena escapada.

O ponto chave era Maia, eu precisava encontra-la, ou tudo daria errado. Precisava ser rápido, pois o tempo que levei para chegar ao Deck das atléticas era quase o mesmo que eu levaria pra chegar na casa dela, se de fato eu tivesse ido para lá. Meus pais, com certeza, estavam esperando que eu ligasse de volta em alguns minutos. Se demorasse mais do que o normal , eles me ligariam e eu não poderia atender e todos sabemos que perder a ligação dos pais em situações como essas não é uma boa coisa.

Encontrei com alguns dos meus veteranos e perguntei se a tinham visto e nada. Fiquei próxima a entrada, olhando atentamente, tentando encontrar seu rosto em meio à multidão. Eu estava começando a sentir um medo irracional de ser descoberta pelos meus pais, e olha que nada demais havia acontecido ainda, estava apenas nervosa.

Levei um susto que me fez dar um salto, quando alguém subitamente puxou meu ombro de leve.

-Calma Margot! Sou só eu. - disse Maia, para o meu alívio.

-Ai meu deus! Finalmente te encontrei, vem comigo AGORA!

Agarrei seu pulso e a arrastei em direção ao estacionamento sem mais explicações.

-Calma! Calma aí! - Exclamou, resistindo um pouco aos meus puxões – Aonde está me levando mulher?

Paramos atrás de um dos carros do estacionamento. Olhei para os lados, tinham poucas pessoas por perto e o som da música alta apenas se ouvia ao longe, bem abafado. Era o lugar perfeito.

Tirei o meu celular do bolso do shorts e disquei o número dos meus pais, que sabia de cor.

-Eu preciso de um graaaande favor seu, Mah. – Ela estreitou os olhos pra mim automaticamente quando me ouviu a chamar de "Mah" – Disse pros meus pais que dormiria na sua casa hoje, eu vou ligar agora pra eles e dizer que já cheguei na sua casa, talvez eles queiram conversar com você, então, preciso que você "dance conforme a música", entendeu? - Expliquei, torcendo para que me ajudasse.

O Garoto do ÔnibusOnde histórias criam vida. Descubra agora