O fim (mas não realmente)

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 Ochako sempre achou maravilhoso como a Tsu não tem reservas em dizer o que pensa, pois, se tivesse que depender das expressões faciais da amiga, seria muito difícil dizer o que ela está pensando ou sentindo. A boca sempre retorcida e os olhos sem brilho lhe dão a expressão de um sapo, e é só quando ela demonstra emoções mais extremas através de sorrisos ou lágrimas que dá pra perceber o que a amiga sente, de resto, não dá pra saber a não ser que a Tsu diga.

Essa garota vestida de bruxa tem a mesma fisionomia, a mesma voz e quase a mesma postura, ela só não fica com as mãos encurvadinhas na frente do corpo. Seus olhos são opacos e sua boca está torcida no que tanto pode ser um sorriso quanto uma expressão de desdém, não dá pra dizer, e Ochako não tem a menor ideia do que se passa pela cabeça da garota já que, não sendo a verdadeira Tsu e sim uma versão mais fria e distante, não é possível saber o que está pensando a não ser que ela diga.

Mas Ochako não pode conversar agora, ela precisa proteger o Bakugou dessa bruxa que quer sacrificá-lo em troca de poderes mágicos, poderes que, em teoria, a morena também possui, só não sabe de onde eles vêm e como ativá-los. O fato é que a Tsu também não está a fim de conversa, tanto que a ataca no segundo seguinte, erguendo a mão e lançando um raio de tom verde vibrante em sua direção.

Ochako não sabe o que é ou o que pode fazer, mas tem certeza que é nocivo, então pula para longe, a Tsu segue lançando raios, e a morena permanece se esquivando com pulos e acrobacias que só são possíveis graças ao treinamento intenso com o Gunhead, seria muito útil ter sua Gravidade Zero agora e...

Seus pés deixam o chão de repente em uma sensação muito familiar, é como... é como se ela tivesse se tocado com suas bolinhas e anulado seu próprio peso, mas... não, não é exatamente igual, até porque a garota não sente aquele tranco no estômago enquanto ganha altura, e não é como se seu corpo estivesse mais leve. Ela não está sem gravidade, está... está...

Voando!

Mesmo que não seja exatamente igual, Ochako já tem prática o suficiente para se movimentar no ar, então continua desviando dos raios que a Tsu lança de suas mãos, determinada a atingi-la e aparentemente nem um pouco preocupada com a nova habilidade dela de voar. Deve ser comum entre bruxas.

— Você... você já tem poderes impressionantes, por que está tentando conseguir mais? — Ochako pergunta, apoiando-se em uma das paredes da caverna.

— Do que está falando? São poderes comuns, você é uma bruxa de alto nível e não sabe disso?

— E-eu sou? — ela fica surpresa em ouvir isso. Quase poderia ser encarado como um elogio em outro contexto, um em que a garota não estivesse tentando matá-la.

— Qual o seu problema? Não tem nada que eu odeie mais que alguém privilegiado que não enxerga isso! — um raio um pouco mais forte quase a acerta, e Ochako consegue ver um brilho colérico nos olhos da Tsu.

— P-privilégios? Mas eu não... eu não tenho n-

— Não minta! Eu sinto sua energia mágica fluindo e você tem muitos poderes, alguém assim nunca entenderia os meus motivos para me tornar mais poderosa.

— Então me fala! — Ochako grita — Me fala quais são seus motivos, eu preciso entender! Preciso entender quem é você e porque me odeia tanto sendo que eu nem... — e se contém ao perceber que está descontando sua frustração com a Tsu do jogo principal nessa versão bruxa dela — Só me fala.

— Que diferença faz pra você?

— Toda! Porque eu... eu quero ser sua amiga!

Isso pega a garota de cabelos verdes de surpresa, ela mantém a mão erguida em posição de ataque, mas nenhum raio sai de sua palma, os olhos dela também estão levemente arregalados.

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