𝙸 𝚗 𝚒́ 𝚌 𝚒 𝚘 𝚍 𝚎 𝚞 𝚖 𝚊 𝚙 𝚘 𝚎 𝚜 𝚒 𝚊

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"𝚎́𝚜 𝚖𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚌𝚘𝚗𝚜𝚝𝚎𝚕𝚊𝚌̧𝚊̃𝚘 𝚙𝚛𝚎𝚏𝚎𝚛𝚒𝚍𝚊".

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Aza nunca esteve tão frágil naquela noite, Jimin de fato havia sido enviado para ajudá-la a suportar a terrível bagunça que viver era. Ela infelizmente teve que retornar a casa, o rapaz precisava da sua privacidade novamente embora ele mesmo tenha dito que Aza poderia morar com ele se quisesse. Quando ela voltou, viu a mãe limpando o porão, a velha máquina de escrever não teve concerto e agora se encontrava largada em uma lata de lixo, para Aza, era a mesma coisa que ter jogado seu coração fora. Antiguidades eram bastante caras e raras então demoraria até encontrar outra máquina, por hora teria de se habituar a escrever em um notebook. O manuscrito agora se encontrava trancado na última gaveta de sua escrivaninha, ela queria muito libertar sua poesia mas entendia que não era o momento para fazê-lo. Para ela, o dia que o tirasse de lá novamente seria o dia de sua liberdade.

Ela calçou as pantufas, bebeu o último gole do chá e subiu para a cozinha. Alexander agora se encontrava em qualquer lugar menos em casa, o homem foi tão covarde que fugiu no meio da noite para não arcar com as consequências de seus atos, de qualquer forma não faria falta para Aza, já para Glória não se poderia dizer o mesmo. Desde que o marido saiu e não voltou, ela tem estado mais triste, por uma lado Aza entendia a mãe. O homem havia sido o primeiro amor dela, o primeiro em tudo, porém se mostrou bastante desprezível.
Glória sempre dizia que estava tudo bem quando não estava, Aza sentia pena da mãe mas não aceitaria que ela ficasse ao lado dele. As coisas estavam bem mais tranquilas na casa, a mãe da garota ficou maravilhada quando a viu chegando com Jimin, já sonhava com ele sendo o genro perfeito que vinha nos almoços de domingo. Aza logo tratava de tirar a ideia da cabeça da mãe.

Mas era impossível negar que o coração de Aza já se encontrava ao lado do coração de Jimin, batiam como um só. Cada mínimo sentimento de Aza tinha o rapaz no meio, era como se ele sempre arranjasse um jeito de estar em seus pensamentos, talvez agora ela sentisse algo semelhante ao amor. Ela nem mesmo conseguia se concentrar em suas poesias.
─ Está no mundo da lua Aza?─ perguntou a mãe vendo a filha parada na porta da cozinha.
─ O que? Ah não, eu só estava pensando.─ disse deixando a xícara na pia.
─ Seus pensamentos por acaso tem algo haver com aquele rapaz?─ Aza corou, a mãe parecia ler sua mente.
Ela não respondeu, apenas lavou a xícara e a guardou em seu devido lugar.─ Vamos filha, sei que gosta dele! E se quer saber eu apoio vocês.─ disse ela deixando a filha mais envergonhada.
─ Mãe! E-eu gosto dele como um bom amigo que ele é, só isso.─ Glória riu.
─ Eu já fui jovem apaixonada também Aza, não precisa mentir para mim.─ disse ela olhando a filha.

─ Eu não sei mãe, minha mente e meu coração estão em uma terrível discussão!─ disse ela se sentando em uma cadeira.
Glória se sentou em frente à filha e pegou em suas mãos olhando nos olhos da jovem.
─ Querida, quando se trata disso, esqueça sua mente. Amor puro e verdadeiro é algo que só se sente uma vez na vida! Acha que não vi como ele olhou para você naquele dia?─ Aza riu soprado.─ Os olhos dele brilhavam!
─ Eu tenho medo mãe, sabe que é difícil pra mim.─ Glória suspirou.
─ Aza, não tenha medo de amar, ame com todas as forças que conseguir! E se ele te decepcionar no final, siga em frente e de cabeça erguida, existem outras pessoas no mundo!─ disse a mãe acariciando o rosto da filha.
─ Sente falta dele, não é?
─ Queria dizer que não, mas também não quero mentir. As vezes ele era carinhoso, na verdade quando você não estava por perto.─ falou Glória com os olhos marejados.

Aza abraçou a mãe e a confortou, mesmo o pai tendo sido uma enorme pedra no sapato, sabia que logo a mãe ficaria bem e encontraria outra pessoa. E ela estava disposta a apoiar Glória em qualquer se fosse a decisão que tomasse.
Antes, ela nunca ousaria sentar no sofá da sala já que o pai sempre estava por lá, mas agora viu que era uma chance se reajustar a vida. Ajudou a mãe a limpar o guarda-roupa, e o restante da casa se livrando das coisas que pertenciam a Alexander. O pobre sofá da sala estava cheio de bitucas de cigarros, atrás dele haviam inúmeras garrafas escondidas, não teve outro jeito a não ser jogar o sofá fora, afinal o cheiro de cigarro impregnado nele era horrível. Pegaram a velha caminhonete e foram para uma loja comprar outro, Aza se viu perdida em tantos móveis bonitos, talvez um dia arriscasse fazer uma faculdade de designer de interiores já que sempre admirou tal área, mas sua grande paixão eram os livros. Levaram um grande sofá macio para casa, agora tudo parecia mais claro lá dentro. As cortinas que antes sempre estavam fechadas, agora se encontravam dentro de uma máquina de lavar, a casa nunca esteve tão iluminada.

Ela encontrou quadros com frases motivadoras guardados em um armário, provavelmente não viam a luz a muitos anos. Glória sorriu ao ver aqueles quadros pendurados novamente.
─ Eles ficavam no meu dormitório da faculdade, fazia tanto tempo que não os via.─ disse analisando-os.
─ Estudou o que mãe?─ perguntou Aza curiosa.
─ Artes! Eu adorava pintar, mas parei depois que casei com seu pai. Ele não gostava pois sempre havia muita sujeira.
─ Pode voltar a pintar agora e fazer sua própria exposição, ele não está mais aqui mãe e você vai achar um bom cavalheiro que te ama a cada batida do coração e que te apoiaria em tudo!─ disse Aza sorrindo para a mulher.
─ Deus te ouça minha querida, quem me dera encontrar alguém como você encontrou Jimin.─ Aza riu envergonhada.
Glória nem o conhecia direito e sempre dizia o quão bom ele era, ela tinha medo de que ele fosse areia demais para a caminhonete dela.
─ Mãe eu perdi as contas de quanto me envergonhou
hoje!─ disse Aza com a mão na cabeça.
─ Ah por favor minha filha, quem perde tempo é relógio. E eu ja lhe disse para não ter vergonha de amar!─ falou Glória dando pequenos tapinhas no rosto da filha.
Aza pegou o cesto de roupas sujas que estavam no corredor e os levou até a lavanderia, sentiu o celular vibrar no bolso e sorriu ao ver quem era.

𝙲𝚘𝚗𝚜𝚎𝚐𝚞𝚎 𝚟𝚒𝚛 𝚊𝚝𝚎́ 𝚖𝚎𝚞 𝚊𝚙𝚊𝚛𝚝𝚊𝚖𝚎𝚗𝚝𝚘 𝚊𝚐𝚘𝚛𝚊?:)

𝙲𝚕𝚊𝚛𝚘! 𝙻𝚘𝚐𝚘 𝚌𝚑𝚎𝚐𝚘:)

Ela guardou o celular no bolso e saiu a procura da mãe.
─ Jimin me pediu para encontrar ele, não devo demorar.─ Glória acentiu sorrindo.
─ Não é de costume transar a luz do dia!
─ MÃE!!!─ gritou Aza envergonhada com medo de que algum vizinho tenha escutado.
Pegou as chaves da caminhonete e foi para o apartamento de Park. O rapaz não costumava chamar Aza assim, normalmente combinavam de se encontrar em outro lugar, de qualquer forma ela estava nervosa. Chegou no pequeno prédio e subiu até o apartamentinho de Jimin, bateu na porta algumas vezes e logo foi atendida.
Ela ficou surpresa ao ver tudo tão perfeito, as paredes foram pintadas em tons alegres, tudo parecia ter adquirido uma alegria naquele lugar.
─ O que aconteceu aqui? ─ perguntou ainda olhando ao redor.
─ Meu apartamento foi infectado por você, uma vez me disse que seu quarto possuía cores alegres e eu quis arrumar aqui para que se sentisse em casa.─ Só então ela percebeu que ele usava roupas típicas do exército.

Ela não entendeu de imediato, fez uma cara estranha ao ver ele com uma bolsa preta em suas mãos.
─ Por que está de farda?─ perguntou rindo fraco.
─ No meu país, o serviço militar é obrigatório. E chegou a minha vez.─ Aza desfez o sorriso na mesma hora.─ vou ficar fora durante vinte e um meses, por isso tudo aqui tem uma cara diferente.
─ Por que todos aqueles que amo precisam me deixar?─ Park ficou surpreso.
─ Ei ei, eu não vou te deixar para sempre!─ secou uma lágrima de Aza.─ vou voltar assim que terminar. Sua mãe não te contou mas ela vendeu a casa, ela quer aproveitar agora que seu pai não está no caminho.
─ Ela o que?! Como sabe disso?─ falou e se sentou no sofá desacreditada.
─ Ela não conseguiu te contar.
─ E onde eu vou morar?─ Jimin riu.
─ Aqui, é pequeno mas perfeito para no máximo duas pessoas.─ Aza o olhou.

Em alguns meses sua vida havia mudado por completo, sua relação com Jimin era de certa forma "complicada", eram alguns beijos calorosos de bons amigos. Jimin nunca negou seu amor por Aza, e estava na hora de ela parar de negar seu amor por Jimin.
─ Os homens no exército não precisam raspar o cabelo?─ falou ela abraçada a Jimin.
─ Vou fazer um pequeno ritual com amigos antes de ir realmente, é sempre assim.─ disse ele.
─ Sua cabeça deve ser estranha sem seus cabelos.─ disse ela fazendo Park rir.
Rapidamente, deixaram que seus corações se rendessem um ao outro, Jimin era realmente o amor da vida de Aza, seu anjo da guarda. Já Jimin percebeu que não importava o que fizesse, tudo seria por Aza.
─ Tenho que ir.─ falou ele baixo.
Aza o olhou e acentiu.
─ Tudo bem, eu vou estar aqui quando voltar.─ ele sorriu e a beijou.

Ela sempre sentiria as pernas bambas quando beijasse Jimin, ela entendeu que era desse amor que sua mãe tanto falava.
─ Quando nos conhecemos, você me disse que só entregaria seu número de telefone se eu fosse digno. Eu sou digno agora?─ perguntou olhando nos olhos de Aza.
─ Sim, é sim.

𝚀𝚞𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚜𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛 𝚖𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚏𝚊𝚕𝚝𝚊, 𝚘𝚕𝚑𝚎 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚊𝚜 𝚎𝚜𝚝𝚛𝚎𝚕𝚊𝚜.
𝙿𝚘𝚛 𝚚𝚞𝚎̂?
𝚂𝚎𝚖𝚙𝚛𝚎 𝚝𝚎𝚖 𝚞𝚖 𝚙𝚎𝚍𝚊𝚌𝚒𝚗𝚑𝚘 𝚍𝚎 𝚙𝚘𝚎𝚜𝚒𝚊 𝚗𝚎𝚕𝚊𝚜.

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