Capítulo Quatro

930 128 79
                                    

Capítulo Quatro

Ana Júlia

Saulo Nogueira havia sido a pessoa que guiou Caio Sherman nos seus primeiros anos de contribuição às indústrias SHERMAN. Com tudo isso ambos se tornaram amigos, ele era uma das poucas pessoas de confiança de Augusto Sherman e possuía um dos maiores cargos na empresa, mas a ambição falou mais alto.

Com meus pais morando em outro país, ele foi uma das pessoas que ficaram responsáveis pela empresa no Brasil.

Com meus doze anos vi meu pai enlouquecer dentro da nossa casa, não entendia toda aquela fúria, a quantidade de advogados e reuniões, a polícia bateu na porta da cobertura e eu me lembro claramente do meu pai gritando para que Katy, minha babá, me tirasse do local o mais rápido possível.

Caixa dois. Ele precisava de menos de um dia para desaparecer no mundo e levar milhões da empresa, deixando meu pai e todas as pessoas que dependem de seu trabalho sem um só centavo. Pela primeira vez vi meu pai chorar e pedir pela volta de Augusto para ajudá-lo porque ele não seria capaz de suportar todo aquele problema.

Mesmo com a agilidade dos profissionais envolvidos que conseguiram capturar o sujeito, todos nós víamos a decepção no rosto de Caio. Ele não conseguia acreditar que seu amigo fosse capaz de fazer aquilo. Saulo havia travado uma guerra com Caio, e meu pai não estava disposto a deixá-lo vencer.

Preso até os dias atuais lutando por uma liberdade condicional, ele era sempre derrotado pelos advogados da minha família. Meu pai não queria vê-lo mais e muito menos que ele voltasse para as ruas como se ele não tivesse feito absolutamente nada.

Ver seu filho na minha frente, era recordar toda a dor do meu pai.

"Anaju, vamos sair daqui." Lis agarrou meu braço.

"Quem deve sair daqui é ele." disse sem deixá-lo de encarar.

"Mas ele não tem nada haver com o que Saulo fez." dessa vez foi Enzo quem o defendeu.

"Chega! Parem com isso inferno!" Mason aumentou seu tom de voz.

"Eu sabia! Sabia que em algum momento teria que ficar cara a cara com você, mas eu juro que isso está sendo pior do que todas as vezes que eu imaginei." Rodrigo se pronunciou.

"Ótimo! Assim você pode ter um por cento de noção do quanto o seu pai fez mal ao meu pai."

"E eu sinto muito, mas ninguém escolhe a família que vai pertencer."

"É verdade. Mas dizem que os filhos são o reflexo dos pais. Quem me garante que você não é tão pior quanto seu pai?" segui o encarando.

Eu vi o momento em que seu maxilar travou, seus olhos pareciam pegar fogo e seus braços ficaram rígidos pela força que ele fez para travar as mãos. Sorri sarcástica.

"Realmente tem que fazer muita força para não agredir alguém né!? É difícil ouvir a verdade, eu sei."

"Você é tão teimosa. Eu já disse que sinto muito."

"Isso não basta."

"Garota, você pode bancar todos aqui tranquilamente. Todo seu dinheiro ficou, eles conseguiram detê-lo e com todos esses anos seu pai deve ter multiplicado tudo. Quanto ele ganha por minuto? Deixe-me ver. Milhões? Eu tenho certeza que seus pais lhe deram a melhor educação do mundo, então use."

"Realmente, eles me deram educação. Mas te ver e saber quem você é me causa o mais puro repúdio."

Ficar cara a cara, sem ligar para quem via ou ouvia, apenas o encarando me fez sentir uma pontada no peito e eu não fazia idéia do que aquilo significava.

ATRAÇÃO PERIGOSA [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora