Capítulo Doze

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Capítulo Doze

Ana Júlia

Percebi que o silêncio havia tomado de conta do lugar e pelo jeito Rodrigo também, já que seus lábios já não tocavam os meus e seus olhos me encaravam.

Nos viramos para encarar todas as pessoas que assistiam de camarote um beijo entre duas pessoas terrivelmente problemáticas no canto de uma árvore.

Caio Sherman nos encarava com seus olhos azuis arregalados, típico olhar de quem iria matar alguém.

Me aproximei aos poucos dele, segurando sua mão e o arrastando para dentro da casa.

"Pode começar." sua voz estava mais séria do que quando ele iria fechar algum negócio ou estava literalmente irritado com algum erro de um dos seus funcionários.

"Rodrigo e eu estamos nos conhecendo."

"Sua mãe e eu começamos assim. Acredita?" debochou.

"Odeio quando debocha." o encarei.

"Desde quando estão nisso?"

"Faz pouco tempo, aliás, tem pouco tempo que estamos nesse país."

"Você gosta dele não é!?"

"Gosto de todos que estão aqui pai."

"Não. Eu conheço esse olhar." seu olhar mudou, parecia preocupado. "É esse momento que eu não queria que chegasse."

"Pai, eu não vou me casar com ele. Eu só estou curtindo essas férias."

"Ana Júlia." se aproximou segurando minhas mãos. "No passado eu fui terrivelmente machista por não deixar sua mãe ser independente quando o momento chegou e afundar ela em um relacionamento tóxico por dizer ser ciumento, sabendo que na verdade eu estava errado e não tinha desculpa para tudo aquilo. Me arrependo disso, mas não posso voltar no tempo e tento ser melhor hoje em dia. E com você não é ciúmes, é proteção. É cuidado e medo. Você vai se apaixonar, se já não estiver. Mas você pode ser quebrada, e da onde eu vou tirar força pra te ajudar depois? Se te ver mal é a pior coisa do mundo pra mim. Quando eu pedi a Deus e a sua mãe para me dar uma filha menina eu sabia que esse momento iria chegar, mas eu pensei que estivesse preparado." suspirou.

"Pai, não precisa." apertei suas mãos.

"Precisa. Porque eu não tive o meu pai comigo nesse momento a anos atrás e talvez as coisas poderiam ter sido melhores se ele me desse conselhos e apoiasse em algo." vi seus olhos marejarem, mas ele sorriu. "Se apaixone, ame, viva! Eu vou passar por cada fase com você, assim como passei nos últimos dezenove anos. E quando precisar de mim, eu vou estar aqui, sempre por você. Eu não posso te proibir de nada minha filha. Só posso te aconselhar e estar de braços abertos a qualquer hora."

"Eu não esperava tudo isso pai."

"Nem eu." sorriu. "Mas a vida nos ensina a melhorar." beijou minha testa. "Eu te amo."

"Eu te amo." o abracei.

"Mas ainda quero falar com ele." nós rimos.

As pessoas estavam em um terrível silêncio quando voltamos, com seus olhos arregalados e com um ponto de interrogação na testa.

"Amanhã quero falar com você." Caio encarou Rodrigo.

"Claro."

"Continuem! Ninguém morreu por enquanto." papai gritou para o restante da família.

A música voltou e as pessoas voltaram a se movimentar.

Vi quando Clarissa puxou Caio, com certeza queria saber oque conversamos.

ATRAÇÃO PERIGOSA [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora