Capítulo Treze

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Capítulo Treze

Rodrigo

Abraçar Ana Júlia antes de dormir não foi só um relaxamento para ela.

Naquele momento percebi o quanto precisava sentir alguém do meu lado e do quanto ela me fazia bem. Nossas loucuras se completavam e de algum modo conseguiamos depois uma boa discussão se apoiar um no outro. Se paixão era parecida com isso eu estava literalmente fodido.

Depois de acordamos por volta de uma da tarde e almoçarmos senti os olhos do pai dela me queimar, foi naquele momento que me levantei o chamando para conversarmos de uma vez por todas.

"Você tem noção do que Ana Júlia é para mim?" perguntou após entrarmos na sala de jogos e observar pela parede de vidro a filha dentro da piscina com os demais.

"Tudo?" o encarei. "Na verdade eu não sei o que é o amor de um pai."

"Rodrigo você foi planejado e muito amado pelo Saulo. Só não sabemos o que aconteceu com a mente e o coração dele. Você já parou pra pensar se consegue perguntar isso á ele?"

"Prefiro pensar que eu não tenho pai."

"Engraçado. Eu vejo muito do Caio de alguns anos atrás em você. Presta atenção, não estamos aqui para falar do Saulo, mas pense bem, muito bem. Não se iguale com tudo oque ele se tornou e quando o seu coração for tocado vá até ele. É melhor, acredite. A gente passa a viver mais leve quando ouvimos a verdade."

"Então não é o momento."

"Tudo bem, eu entendo." suspirou. "Você gosta dela?"

"Ana Júlia é uma pessoa muito especial." respondi sem deixar de encará-lo.

"Ela é. Demais. Eu não vou proibir vocês de nada. Só peço para irem com cuidado, vocês podem sair bem machucados disso tudo. São duas pessoas diferentes vivendo em países diferentes. Uma hora a rotina volta, e aí? Espero que vocês tenham isso bem fixo na mente. Digo isso porque eu sei o quanto vai ser difícil. Curtam, mas se preparem."

"Só queria deixar claro que meu intuito é estar por perto para fazer o bem a sua filha, jamais vou fazer mal a ela."

"Eu agradeço."

Caio Sherman, aquele que acreditou no homem que se dizia meu pai, esticou sua mão para que eu apertasse a sua. Dessa vez ele estava confiando em mim.

A responsabilidade de não desapontar Ana Júlia estava nas minhas mãos.

Duas pessoas completamente instáveis tentando se apoiar uma na outra.

Voltamos para a área externa e aproveitei para pegar uma cerveja no freezer.

"E ai?" Isaac parou ao meu lado.

"Cara...ele acredita em mim." engoli seco.

"Isso é bom. Ou não?" me encarou.

"Da mesma forma que ele confiou seu império em Saulo, ele está confiando que eu vou cuidar da filha dele. Você entende a responsabilidade?"

"É cara...você tá bem ferrado." bateu em meu ombro.

"Fodido mesmo." nós rimos.

Bebemos por um bom tempo enquanto jogávamos conversa fora.

"E aí fofoqueiros." Ana Júlia entrou no meio de Isaac e eu.

"E ai coisa linda." Isaac sorriu.

"Você tá parecendo um camarão." comentei.

"Você tem tanta melanina que deve estar vendendo." me encarou.

ATRAÇÃO PERIGOSA [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora