Christiane de Pizan

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Christine de Pizan nasceu em Veneza, em 1364 e seu pai trabalhava na corte do rei francês Carlos V, permitindo que a filha recebesse educação adequada. A morte do pai e do esposo obriga Cristine a buscar alternativas para sustentar a si mesma e a seus filhos, então passa a escrever poesias e textos, entregando cópias a diferentes mecenas aos quais sua produção poderia agradar. Vivendo na corte de Valois durante um período particularmente tenso da história francesa, sendo testemunha de eventos como a Guerra dos Cem Anos e o Cisma do Ocidente, momento em que a Igreja Católica está dividida, havendo dois Papas disputando o poder. Este momento de turbulência certamente influenciou suas reflexões e Cristine não estava indiferente ao que ocorria na esfera política do período.

Cristine teve acesso a diferentes obras da vasta biblioteca real, bem como à possibilidade de dialogar com intelectuais da época e constituiu obras das mais diferentes naturezas, para públicos diversos. Apesar de compor escritos sobre diversos temas, Cristine, considerada a primeira mulher escritora profissional, é conhecida por sua defesa das virtudes do sexo feminino em obras como Querelle de la Rose e Cidade das Damas. A primeira obra se constitui em uma crítica ao escritor Jean de Montreuil, o qual representa as mulheres a partir de uma visão pouco favorável, imbuído da perspectiva misógina habitual durante o medievo. Na visão de Cristine, o autor deveria ser responsabilizado por seus escritos que teriam um efeito deletério para a imagem feminina. Outros autores procuraram defender Jean de Montreuil escrevendo cartas para Cristine, exigindo que esta se retratasse, o que ela não apenas não aceitou como ainda solicitou que sua protetora, a rainha Isabel da Baviera que tornasse as cartas públicas.

Contudo, a obra mais conhecida de Christine é Cidade das Damas, na qual a autora levanta reflexões sobre o fato de que uma suposta superioridade masculina não se dava por questões naturais, mas pelo fato de que as mulheres não seriam incentivadas a cultivar virtudes com a razão. Assim, apesar de seus argumentos filosóficos estarem muitas vezes pautados pelo pensamento cristão vigente na época e imputar-lhe a perspectiva de uma mulher feminista pautar-se numa prática de anacronismo, sem dúvida Christine de Pizan, além de uma talentosa escritora, foi uma das primeiras mulheres que buscaram debater as diferenças entre homens e mulheres na sociedade não como uma questão vinculada a características naturais, mas relativa a determinadas oportunidades ofertadas a homens e mulheres.

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