Os discursos sobre as mulheres foram mudando ao longo do tempo e muitas mulheres também ofereceram, em diferentes momentos, movimentos de resistência a situações que lhes retiravam direitos e criavam obstáculos a práticas as quais estavam acostumadas. Assim, muitas mulheres anônimas foram às ruas, participaram de movimentos de resistência, foram presas ou mortas por lutarem contra os discursos que as inferiorizavam. Algumas mulheres no século XVIII passaram refletir de modo teórico sobre esta questão e produziram textos demonstrando que, ao contrário do que se difundia na sociedade, as mulheres não eram inferiores em nenhum sentido aos homens, sendo consideradas precursoras de um pensamento feminista. Assim, destacamos duas pensadores que, entre tantas outras, contribuíram para este olhar sobre a injusta situação imposta às mulheres: Mary Wollstonecraft e Olympe de Gouges.
Mary Wollstonecraft
Autora nascida na Inglaterra no século XVIII é considerada uma das primeiras filósofas feministas e sua obra influenciou mulheres do mundo todo a se perceberem como seres humanos intelectualmente capazes, ampliando a reivindicação de mudanças sociais. Em sua principal obra, “A Vindication of the Rights of Woman” (1972) além de fazer uma crítica à sociedade, Wollstonecraft afirma que a inteligência feminina não é inferior à de qualquer homem, mas que a forma como as mulheres eram educadas fazia toda a diferença em sua forma de ser e pensar. Deste modo, não era algo natural, mas estava vinculado à formação da mulher e a falta de estímulo a sua educação, a qual, quando ocorria, diferia muito da ofertada ao homem.
- Mary Wollstonecraft, em retrato de John Opie, 1797.
Olympe de Gouges
A francesa Marie Gouze foi uma dramaturga, escritora, filósofa e politica francesa que contribuiu para a discussão do papel das mulheres e sua opressão pelos homens durante o século XVIII. Durante a Revolução Francesa iniciada em 1789, Marie, que havia adotado o nome de Olympe de Gouges, passou a atuar com mais profundidade na política, compreendendo a necessidade de formular uma nova sociedade, na qual prevalecesse a igualdade e a justiça. Em 1791 redigiu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, texto que criticava a ausência de direitos para as mulheres na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Olympe de Gouges foi decapitada em 1793 por suas críticas ao governo de Robespierre.
- Olímpia de Gouges, em pintura de Alexander Kucharsky.
VOCÊ ESTÁ LENDO
HISTÓRIA DAS MULHERES E FEMINISMO
ChickLitEste livro tem por finalidade problematizar questões demonstrando que por muito tempo as mulheres ficaram afastadas do cenário público por uma série de fatores, sendo construídos discursos que inferiorizavam e infantilizavam as mulheres, apresentand...