V.

3.3K 319 34
                                    


O AMULETO ERA UM CÍRCULO DOURADO que possuía um círculo menor dentro de si, uma reminiscência de um eclipse solar, e nesse círculo menor, havia um olho prateado. O olho tinha uma esmeralda verde como íris e um pequeno diamante negro como pupila.

Amren não disse nada. Ela ficou sem palavras ao ver o amuleto.
Eu também fiquei na primeira vez que coloquei meus olhos nele.

— Amren? — Perguntou Rhysand, claramente confuso com o olhar surpreso e descrente de Amren.

Ela piscou voltando para uma realidade e olhou para mim.

— Onde você... — Ela começou a perguntar, mas eu a interrompi.

O onde e como não são coisas relevantes agora. O importante aqui é o que podemos fazer com isso. Você sabe que dá para fazer, mas temos que fazer agora, antes que seja tarde — eu disse, soando talvez um pouco desesperada, mas não tínhamos que tempo a perder.

Não quando eu estava sendo caçada.

Amren apertou a mandíbula e olhou para o amuleto mais uma vez.
Meu pescoço ficou exposto quando senti o olhar de todos eles no amuleto.

— Alguém viu você chegar? — Ela perguntou.

— Ninguém além de vocês. — Respondi.

Ficamos todos em silêncio por um tempo, e então:

— Amren? — Perguntou o Grão-senhor mais uma vez, claramente muito mais confuso com nossa conversa paralela.

Ela parou de olhar para o amuleto e sustentou o olhar de Rhysand.

— Você pode confiar nela, Rhysand. Pelo menos por enquanto — Disse ela, o choque ainda presente em seus olhos. — Não há tempo a perder. Você tem que leva-la para um local seguro. É muito perigoso tê-la aqui.

Rhysand olhou para ela. Eles tiveram uma daquelas conversas silenciosas que as pessoas que se conheciam muito bem tinham. Eu me perguntei o que eles estavam pensando...

A conversa silenciosa parecia ter terminado, porque o Grão-senhor olhou para mim e, ao estender a mão em minha direção, disse:

Vamos então.

...

— Bem-vinda à Velaris. — Ele me disse enquanto caminhávamos para a cidade, da qual a existência eu só tinha ouvido falar três meses atrás.

Era linda.
Tão linda que achei que poderia chorar.

Havíamos pousado em uma torre alta de onde podíamos admirar a vasta e bela cidade diante de nós. Haviam edifícios em que a arquitetura era algo que eu nunca tinha visto antes. Era algo tão interessante e intrincado, com todos aqueles pequenos detalhes e ornamentações. Haviam casas, lojas, restaurantes e até livrarias. As ruas também foram perfeitamente iluminadas, tornando mais fácil admirar o padrão da cidade à noite. As pessoas andando estavam nas ruas, rindo com seus filhos e simplesmente sendo felizes.

Era uma visão que eu não tinha muito tempo.
E o céu... Que o Caldeirão me salve.

Se eu estivesse sozinha neste lugar, estaria de joelhos chorando.
Era exatamente como imaginei que minha cidade dos sonhos seria.
Havia até uma rua de arco-íris que eu poderia ver à distância.

Eu realmente senti vontade de chorar. Eu nunca tinha visto uma cidade tão encantadora em toda a minha existência, e isso era uma grande coisa, considerando que eu tinha estado em todas as outras cortes antes de Sob a Montanha acontecer.
Como era possível que um lugar tão lindo e perfeito existisse?

— Vamos? — Rhysand questionou, enquanto apontava para a entrada da casa.

Eu balancei a cabeça, desejando ter mais tempo para admirar esta cidade incrivelmente perfeita.

Ele apenas olhou para mim e começou a entrar.
Eu apenas segui o Grão-senhor para dentro. Havia uma longa mesa na sala primorosamente decorada, que era usada para reuniões ou questões judiciais mais íntimas. O círculo íntimo dele se sentou, então eu também o fiz

Eles olharam para mim, esperando minha explicação.
Eu encarei cada um deles, até mesmo Morrigan, cuja presença me assustou um pouco. Os guerreiros illyrianos olharam para mim com precaução, claramente eles não confiavam em mim, o que foi uma jogada inteligente da parte deles. Amren apenas acenou para mim, esperando que eu dissesse as palavras que eram óbvias para nós duas, mas não para o resto deles.

— Lamento dizer isso, mas essa não é uma missão para nenhum de vocês cumprir — expliquei enquanto eles começavam a conversar.

— Por que não? — Perguntou Morrigan.

— Por que você simplesmente não nos conta por que veio aqui? — Disse o illyriano com as sombras.

— Rhysand, você não pode estar falando sério! — disse o outro macho alado.

A princípio fiquei chocado como eles se dirigiram ao seu Senhor, mas eu sabia desde o início que ele era diferente dos outros, então apenas o encarei. Ele estava olhando para Amren, que apenas acenou com a cabeça para ele.

— Saiam. — Ele ordenou.

Eles olharam para ele, confusos, mas seguiram sua ordem e foram embora.

— Não a mate ainda. — Amren disse ao se levantar.

Então ela olhou para mim uma última vez e saiu.
De repente, a sala parecia deserta, maior e mais intimidante.
Eu estava mais uma vez sozinha com o Senhor mais poderoso de toda Prythian.

— Então, essa sua história... — disse ele após fazer aparecer magicamente duas taças de vinho novamente. Uma para ele, uma para mim. — O que exatamente isso tem a ver com ressuscitar... ela?

Ele estava sentado à minha frente, o que me fez ter uma visão clara de suas reações.
Ele não consegue nem dizer o nome dela. Se isso era doloroso para mim, eu não conseguia nem imaginar o quão doloroso era para ele. Bem, eu soube quando estive dentro de sua mente totalmente acabada.

Eu só esperava que ele acreditasse na história que eu estava prestes a contar a ele.

𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐌𝐀𝐑𝐄𝐒 | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora