IV.

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OS GUERREIROS ILLYRIANOS ESTAVAM com suas espadas nas mãos mais rápido do que eu podia ver e estava mais do que prontos para atacar. Quase assumi minha posição de combate, mas percebi que eles estavam esperando que seu Senhor desse a ordem.

Seu Grão-Senhor apenas olhou para mim.

Isso era surpresa em seu rosto?

- A que corte você serve, Daeris? - Ele perguntou enquanto cruzava os braços.

Eu tinha certeza de que ele sabia que eu menti sobre minha identidade, mas estava feliz por ele deixar passar. Pelo menos por enquanto.

- Eu não sirvo a nenhuma das cortes de Prythian, se é isso que você está perguntando - eu disse.

Tecnicamente, não era uma mentira.
Eu não tinha um corte. Não no momento.
Eu costumava servir à uma, mas sua crueldade me trouxe a este momento. Para esta minha missão que eu estava tentando cumprir tão desesperadamente.

Eu não voltaria para aquela corte. Nunca.
Pelo menos não até que minha missão fosse concluída.

- Cassian, Azriel, tragam Amren. Agora. - disse Rhysand enquanto mantinha seu olhar em mim.

Os guerreiros illyrianos recuaram pelas escadas e então éramos apenas ele e eu mais uma vez. Ele estava parado a poucos metros de mim. Eu massageei meus pulsos inconscientemente. Já estou muito tempo que não me amarravam desta maneira e, honestamente, esse Grão-Senhor me deixava nervosa por algum motivo.

Belos e poderosos machos feéricos são os piores, pensei comigo mesma.

A iluminação onde quer que estivéssemos não era boa, o que me fez começar a tremer. Eu não suportava estar em lugares escuros como este. Mas, mesmo na escuridão, eu ainda podia ver seus olhos violetas olhando diretamente para mim, o que fez eu sentir menos assustado por algum motivo e também um pouco frustrada comigo mesma por não ser profissional.

O Grão-Senhor ficou quieto.

Dei uma olhada ao redor da sala, com raiva de mim mesma por não ter feito isso antes. Era uma masmorra bastante sombria e decadente. A única maneira de entrar e sair eram pelas escadas de madeira. Sem janelas. Nenhum sinal se era dia ou noite. Nenhum sinal se estávamos em terra ou no topo de uma construção alta. A iluminação aqui era feita por tochas, então era difícil focalizar algo mesmo com a visão feérica aprimorada. Realmente, não tive nenhuma pista de onde exatamente isso era, mas estava frio. Muito frio. Frio o suficiente para fazer minha pele doer.

Eu gostaria de ter mais camadas de roupas ao invés deste vestido.

Ainda estamos na Corte Noturna?

— Diga-me... — disse ele de repente.

Quase pulei. Eu estava tão concentrada em descobrir onde estava que quase esqueci que não estava sozinha. Meu pai e minha mãe ficariam muito decepcionados comigo e com minha personalidade facilmente distraída.
Olhei para o macho confusa.

— Diga-me como você pode resgatar Fey... Me diga como você pode resgatá-la dos mortos.

Eu suspirei. Isso seria difícil de explicar, mas eu estava pronta para convencê-lo a me ajudar, ajudando-o.

— Primeiro preciso te contar uma história. — disse com cuidado.

— Uma história sobre o quê? — ele perguntou, olhando com desconfiança.

— Uma história tão antiga quanto o tempo. Uma história sobre dois irmãos esquecidos. Uma história sobre um Reino há muitos anos desaparecido. Uma história sobre ganância e traição. —disse eu.

Ele apertou a mandíbula.
Ele estava decidindo se eu era digno de seu tempo ou não. Eu podia ver em seu rosto.

— E o mais importante: uma história sobre uma recompensa escondida para quem encontrar o... — ele me interrompeu.

— Como você passou pelas minhas paredes mentais? — Ele perguntou enquanto se aproximava de mim.

Eu enrijeci. Eu não esperava que ele perguntasse sobre meus poderes.

— Ninguém jamais foi capaz de fazer isso tão facilmente quanto você — ele se aproximou enquanto falava — Nunca vi o poder que você possui e já estou neste lugar há muito tempo.

Ele estava fechando a distância entre nós. Eu odiava que ele me deixasse inquieta dessa forma estranha. Eu não concentrava quando ele estava perto de mim. Seu cheiro... Era inebriante. Eu odiava isso, e também odiava o fato de que sempre que ele se aproximama de mim, eu podia sentir seu calor, que era tudo que eu queria considerando a frieza da masmorra.

— E-eu... — gaguejei.

—Eu...? — Ele disse, esperando minha resposta.

De repente, a porta se abriu, revelando os dois guerreiros illyrianos de antes e uma pequena feérica cujo olhar pousou em mim.

Eu nunca poderia confundir aqueles olhos prateados.
Ela caminhava em minha direção agora, e o Grão-Senhor olhou para ela.

Mas Amren tinha seus olhos prateados fixos em mim.

Eu poderia mentir para cada um deles, mas não poderia mentir para ela. Ela sabia quem eu era. Ela se lembrou de quem eu era. Não há dúvida. A única pergunta era se ela contaria à Rhysand minha verdadeira identidade e arruinaria minha missão.

— Então — ela disse enquanto me olhava da cabeça aos pés — Este é sua nova amiga, Rhysand? Que bom que ela é ruiva, já que já matamos a ruiva do passado, não foi?

Engoli em seco.
Eu não esperava que ela fosse aliada de um Grão-Senhor... e para ser completamente honesta, eu não esperava que ela fosse aliada de ninguém.

Ela não. Aqui não. Não neste mundo.

Eu deveria saber melhor.
Toda esta missão estava pior que eu esperava em meus piores cenários.

— Amren — alertou o Rhysand, claramente insatisfeito com o rumo dessa conversa.

—Então, garota, como você planeja ressuscitar alguém que não foi capaz de ser ressuscitado pelos próprios Grão-Senhores? — Amren perguntou.

Todos estavam olhando para mim. Os dois guerreiros, o Grão-Senhor, e o mais importante: Amren. Ela me encarou como se fosse uma leoa olhando para sua refeição.

Respirei e tentei acalmar meu coração acelerado.

— Estou planejando ir em uma busca com seu Senhor.

— Que tipo de busca? — Ela perguntou, claramente interessada.

— A missão é para encontrar alguém. Alguém cujo poder é maior do que qualquer um de nós. Acho que você pode entender o que quero dizer. — eu disse a ela enquanto segurava seu olhar.

Amren apenas continuou me encarando. Nenhum sinal de qualquer emoção ou expressão para me assegurar de nada. Seu rosto era uma pedra completa.

- Quem você está procurando? - Ela perguntou em voz baixa.

Eu não disse nada.
Apenas puxei o amuleto que estava usando e mostrei à ela.
Seus olhos se arregalaram.

Atingi o ponto certo então.

𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐌𝐀𝐑𝐄𝐒 | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora