XIII.

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TUDO O QUE HAVIA ERA o silêncio.

Silêncio absoluto enquanto eu me afastava mais e mais dele.

Ótimo, pensei comigo mesma. Se ele não me seguir ou realmente me matar, terei que lutar contra a Hidra sozinha.

Em um segundo, Rhysand pousava em minha frente enquanto eu parava de me mover.

— Nunca te perguntei... O que aconteceu com Letus?

Ele estava realmente me perguntando sobre a história do rei morto e seu irmão quando claramente devíamos falar sobre como diabos ele havia trocado seu traje fino pela armadura illyriana sem eu sequer notar?

— Ignis o matou. — respondi.

Rhysand assentiu em compreensão, um som grave saindo de seus lábios.

— Traição é uma coisa difícil de perdoar. disse ele, olhando diretamente nos meus olhos.

Ele sabe.
''Não, ele não. Não deixe que ele te veja angustiada''.

Me atrevi a olhar em seus olhos, a inocência tomando conta de minhas orbes.

— Sim. É sim.

Eu podia sentir a tensão no ar, e eu simplesmente odiava esses jogos.
Esses movimentos de poder, as mentiras, o segredo oculto por trás de cada palavra...
Eu só queria que o constrangimento acabasse. Não estávamos ali para ser amigos, estávamos ali para salvar o que ambos perdemos e precisávamos um do outro para isso.
Então eu só queria que tudo isso acabasse o mais breve possível.

— Vai ser mais fácil inspecionar o templo do céu. — disse ele, ainda me encarando.

— Acho que sim. — tentei ao máximo não quebrar o contato visual.

Eu não disse nada quando ele caminhou em minha direção e agarrou minha cintura.

— Você poderia me machucar muito facilmente se quisesse, sabia? — eu sussurrei para ele enquanto agarrava seu pescoço.

— Você poderia facilmente fazer o mesmo comigo. — ele disse enquanto decolávamos.

...

Vimos o topo do templo do céu.

Era claramente antigo, mas não tão destruído quanto eu pensei que seria. Os tijolos não eram feitos de nenhum material que eu tivesse visto antes, e talvez tenha sido feito de algum material de outro mundo, eu sabia ser possível.

De qualquer forma, a magia estava claramente cercando o templo.
O fedor da morte e a sensação de medo em toda a área, encheram meus sentidos. Mesmo de longe no céu, eu estava completamente consciente dos ossos que cercavam a área e da estranha escuridão do oceano neste lugar.
Provavelmente foi por isso que ninguém veio a esta parte específica do oceano.
E eu não os culpo.

''Onde está você, hidra?''

— Você pode usar seu poder para entrar? — Rhysand me perguntou enquanto circulava procurando por uma entrada.

— Eu não acho que vai ser tão fácil. O templo deve ser protegido contra o uso de magia.

— Eu sei. — ele disse enquanto descíamos. — Eu posso sentir isso. É uma magia tão antiga e poderosa quando Prythian, talvez.

Aterrissamos em cima da única parte que não estava tão coberta de água quanto o resto. Eu me separei de Rhysand e examinei o lugar com mais cautela.                                     Tentei atravessar, mas sem sucesso. Isso obviamente não seria fácil, especialmente sem saber o paradeiro da Hidra.

— Onde está a hidra? — sussurrei para mim mesma.

— Deve estar escondido dentro do templo — ele respondeu, seus olhos se estreitando em pensamentos.

— O templo não é tão grande. A hidra... deve ser visível daqui... não é?

Cadê?

Isso não era bom.

Será que as espectros d'água mentiram para nós? Não havia hidra? Esta era a localização correta da relíquia? A relíquia ainda estava lá?

Enquanto eu me fazia milhões de perguntas sobre tudo o que poderia estar errado, eu senti.
Uma presença tão sombria quanto o tempo, e que me assustou muito mais do que um dia a própria tecelã fez.
Era como se algo estivesse nos dizendo para não entrar, para fugir e ir a algum lugar seguro e esquecer este lugar medonho.

A Hidra.

𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓𝐌𝐀𝐑𝐄𝐒 | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora