Capítulo sete
Na plantação o sol escaldava a pele e o suor escorria pelo rosto de Sebastian, sua pele preta o tornava uma diversão para os soldados implicarem. A água era regulada e como já havia bebido sua cota no dia só lhe restava trabalhar.
A enxada batia no solo árduo e tilintava quando tocava o pedregulho. As terras da plantação eram sem duvida as piores que já havia visto. Muito pouco das colheitas feitas ali podia ser aproveitada, em sua maior parte nem nascia. Todavia os pastos criados para os ovinos eram na sua maioria verdejantes e só os mais bem apessoados eram escolhidos para pastorear.
— Já usou de sua cota de água? — Um homem alto e loiro cutucou as costas de Sebastian.
— Já sim — Sebastian chacoalhou o cantil sinalizando para o colega que estava vazio. – Eu sou Sebastian — Estendeu a mão para o homem.
— Enderson, mas por gentileza só me chame de Ed. — Apresentou-se o homem — Nunca o vi antes. Como veio para aqui?
— Roubo, e sabe os tiras não vão com minha cara — Zombou.
— Por que fica tão animado? Sabe que vai passar o resto da vida trabalhando para eles — Essas palavras foram deferidas em tom de zanga para o rapaz.
— Não penso dessa forma Ed, você devia ter mais esperanças — Sebastian falou de forma animada para ver se convencia a si mesmo de continuar mantendo a sua.
— Eles mataram minha irmã, há vinte anos e me puseram aqui para fazer-me sofrer o resto de minha vida sentindo sua falta. — Ed comentou aquilo como se fosse à coisa mais simples do mundo, como se referisse ao tempo ou ao cantil de água.
Talvez o tempo fosse bom e o livrou da tortura fazendo com que não sentisse mais nada, ou até já tivesse contado aquela historia tantas vezes quanto podia.
— Eu sinto por sua perda — Disse Sebastian já não contendo a curiosidade. — O que sua irmã fez para que a punissem de tal maneira?
Ed olhou fundo nos olhos de Sebastian e disse — Deu a luz a uma linda menininha.
Sebastian ficou a encara-lo sem entender. Então Ed continuou sua historia.
— Quando era jovem eu adorava torrar todo dinheiro que ganhava durante a semana em festas. Em uma determinada festa minha irmã foi buscar-me, pois nossa querida mãe havia passado muito mal. Nessa festa ela o conheceu um dos miseráveis Esayban, também foi esse o dia da morte de mamãe. Nos dias seguintes eu praticamente morava na taverna, quase nem via mais minha irmã, Suelen. Em um desses dias na taverna escutei alguém falando de que ela estava noiva, claro que não acreditei, então voltei para casa para procura-la.
"Estava na cara que ninguém morava mais na casa a tempo, bêbado e furioso fui até o castelo como previsto barraram-me na entrada. Mas com muita insistência e algazarra que fiz consegui que um dos guardas chamasse ela, quando me viu pediu desculpas por não ter deixado um bilhete, contou que o amava e que iria casar-se na semana seguinte. Sua inocência fez me aborrecer disse que não iria a seu casamento, pois não estava de acordo com sua decisão. Estava certo, um mês após o casamento minha irmã solicitou que fosse visita-la, quando cheguei me contou que estava gravida e que tinha descoberto inúmeras traições."
Ed deu uma pausa como se para recuperar o ar e continuou:
"Marcamos de fugir, entretanto na ultima hora Dante descobriu de sua gravidez e a rodeou de guardas e mimos. Depois falou para mim que havia decidido ficar e que ele tinha prometido ser um bom marido. Novamente eu fiquei puto de raiva e me distanciei. Pobre Suelen. Quando a criança nasceu foi como se uma maldição tivesse caído sobre ela. Ouve complicações e não poderia vir a gerar novos bebês, era uma menina e Dante enfureceu-se e não quis vê-la, odiou a criança desde o momento de seu nascimento. Suelen adoeceu e novamente marcamos de fugir, mas a pegaram e me pegaram também, enforcaram-na em minha frente e me jogaram aqui para apodrecer. Eu covarde que sou nunca consegui dar um fim a isso, então só aguardo minha partida enquanto trabalho para aquela família de canalhas."
— Mas e a criança? — Sebastian ficou atônito com a história, seria possível ser verídica?
— Querendo ou não é uma Esayban, uma concorrente ao trono a menos que ajam novos herdeiros.
— Ei vocês voltem já ao trabalho ou vão para o açoite — Gritou um dos soldados.
— Ao trabalho garoto, não vai querer passar por isso — Falou Ed. Sebastian obedeceu.
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Adaga de Prata
FantasyHá muitos séculos os humanos conseguiram banir os seres de magia de seus territórios e depois disso fundaram a própria monarquia. Consequentemente a sociedade humana vivendo sozinha tornou-se mesquinha e fútil valorizando mais a aparência do que a p...