Capítulo vinte e dois
O dia nascia à noite caia e Lua acompanhava tudo da pequena janela, havia semanas que estava ali aguardando que algo acontecesse. Mas não ia e no fundo ela já sabia o quanto era inútil manter esperanças.
A refeição vinha para ela duas vezes por dia. No começo ela recusava-se a comer atirava os pratos nos guardas, gritava, implorava e era sedada. Seu corpo estava pálido e magro. As roupas que recebia iam ficando cada vez mais largas e desajustadas. O pouco da refeição que agora comia era somente o suficiente para mantê-la viva.
Em um dos dias que quebrara um prato havia conseguido esconder um pedaço de louça que deixava abaixo do colchão aguardando hora certa de ser usado.
Os guardas que a vigiavam costumavam manter silencio absoluto, Lua tentou inúmeras vezes conversar ou brigar. Eles permaneciam silenciosos. Para não enlouquecer começou imaginar histórias que via quando pequena. Ajudavam a manter a lucidez.
Ouve cinco batidas na porta, depois disso Jones entrou. As batidas eram um aviso para os guardas não atacarem quem vinha. Lua nem o encarava mais aquela altura, preferia sentar no chão e olhar pela janela observando os trabalhadores dia e noite que reforçavam a muralha. Sempre na esperança de ver Felipo, saber que alguém ainda estava vivo seria um conforto.
— Gostaria de saber o que se passa por essa cabeça — Jones sentou na cama olhando para Lua que indiferente a sua presença observava a vida lá fora — Tudo bem, então vou ter de falar sozinho. Escolher as coisas também, mas achei que fosse comum a mulher escolher seus assessórios para o casamento. Em poucos dias você será minha garota e gerara um filho puro sangue.
Dentro da cabeça de Lua passavam-se inúmeras respostas, como por exemplo, o fato de não ser uma égua para falarem com ela daquela maneira. Tudo que desejava era a morte para os embustes e o fim daquela monarquia, mas em vez disso mantinha-se atenta e controlava seu ódio esperando a hora certa para vingar-se.
Esse ódio crescia e criava raízes maiores a cada dia, que enfestavam sua alma, prontas para agir no momento certo, determinadas a fazer qualquer coisa para ter o que desejavam. Mesmo que aquilo custasse sua vida...
— É muito triste não poder contar com minha bela noiva — Jones deu as costas a ela — Pois bem é melhor que coma, não quero uma mulher moribunda.
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Adaga de Prata
FantasyHá muitos séculos os humanos conseguiram banir os seres de magia de seus territórios e depois disso fundaram a própria monarquia. Consequentemente a sociedade humana vivendo sozinha tornou-se mesquinha e fútil valorizando mais a aparência do que a p...