"Sobre uma garota que foi pra Nárnia durante a era do ouro, essa história só pode terminar mal"
E se os contos de fadas fossem reais? E se houve-se realmente uma aventura esperando a cada esquina? Sejamos sinceros, se você tivesse a oportunidade de...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Passei a maior parte do dia andando por ruas e mais ruas, até que no meio da tarde Diego me ligou, pediu desculpas e disse que se eu quisesse continuar ele seguiria comigo. Andamos por todo o quarteirão perguntando por Susana Pevensie, até que finalmente depois de horas um senhor me apontou para uma linda senhorinha, vestida com um belo vestido de época florido, sentada em uma cadeira de Jardim, vendo duas belas criancinhas correrem pelo Jardim.
_ Susana? - chamei-a e a senhora ainda tinha em seus olhos e em seu sorriso a mesma beleza encantadora que só ela possuía -.
_ Como é possível? - disse ela encostando sua mão suavemente sobre meu rosto - Não envelheceste um único dia minha velha amiga?
_ Voltei a pouco de Nárnia, e Aslam me mandou procurar por você, para lhe lembrar de Nárnia, lhe lembrar de Aslam.
_ Como você pode ainda acreditar em Nárnia? Em Aslam? Depois de estar a 70 anos de distância de seu único e verdadeiro amor? Sem poder nunca realmente estar com ele? Como consegue crer?
_ Eu estaria do lado de Aslam, mesmo que não existisse Aslam. Quem sou eu, fruto da criação para ir contra a vontade do criador? A justiça dele, é boa, perfeita e agradável ainda que por vezes eu não concorde.
_ Acha que ele me receberia de volta?
_ Acho que ele espera por você a mais tempo do que você existe.
_ Fácil assim? Não vai questionar nada?
_ Diego querido, estava tão quieto aí que quase não o notei. A idade deixa as pessoas mais sábias e não apenas mais velhas. Sabe, por tantos anos, ainda que não acreditasse mais em Nárnia, guardei algo que veio para minha tutela quando eles se foram. Acho que ele gostaria que chegasse até você, mas não sabia como e no fim não teve tempo.
_ Como é?
_ Espere aqui - Susana entrou pra dentro da casa e não demorou mais do alguns minutos para retornar, e quando retornou tinha em mãos um pequeno baú de madeira com arabescos entalhados, era uma peça delicada, mas ao mesmo tempo forte - aqui ele guardou cada palavra, rabisco e pensamento que teve desde o dia que passou por aquele guarda roupas de volta ao nosso mundo até o dia em deixou deste para sempre, todos destinados a você. Não precisa abrir se quiser, faça no seu tempo.
Fiquei em silêncio e senti como se o ar me faltasse, por que pela primeira vez desde que regressei foi que me dei conta de que ele já não caminha entre nós. E uma única lágrima solitária escapou de meus olhos fechados em um suspiro, não apenas de lamentação mas também de alegria, pois ainda que não estivesse entre nós, sabia que ele estava com Aslam, e não existe lugar melhor para se estar.
Passamos o dia inteiro conversando sobre o passado, e sobre o futuro. Relembrando nosso tempo em Nárnia, Susana depois disso teve uma vida magnífica, se casou com um soldado que muito a amava e teve um filho e uma filha, e estes lhe deram netos, crianças, maravilhosas que agora corriam por seu jardim e são a alegria de sua velhice, seu esposo faleceu a alguns anos de doença e sobre isso pouco quis comentar. Ela nos convidou para ficar e jantar com sua família, contamos histórias de Nárnia para as crianças, como quem conta um conto de fadas. E no dia seguinte, bem cedo, eu parti para seja qual for a minha jornada agora. Mas isso me fez entender que não é de menos que fui chamada de a Esperançosa.
