The Selection

𝙚𝙪 𝙚 𝙫𝙤𝙘𝙚̂ 𝙘𝙤𝙣𝙩𝙧𝙖 𝙤 𝙢𝙪𝙣𝙙𝙤

Hailey p.o.v.

Eu caminhava pelos corredores do palácio com o Scooter e o Fai ao meu lado, todos nós tínhamos algo para resolver e os olhos estavam voltados para nós enquanto passávamos. Me separei dos dois ao chegar nas escadas, o Scooter estava indo validar o processo com o resto da corte suprema e o Fai ia acompanhá-lo para apresentação das provas que ele apurou, mas a minha era de longe a tarefa mais difícil.

Eu me aproximei do quarto do Justin, que estava com a porta aberta e eu conseguia escutar varias vozes vindo de dentro. Parei na entrada, observando ele sentado na cama, o rosto escondido entre as mãos, que se apoiavam nos joelhos, ele parecia perdido. As pessoas ao seu redor falavam sem parar, eu reconheci o seu conselheiro, um dos representantes de seu pai e dois empregados que corriam atordoados enquanto preparavam as coisas.

Pigarreei levemente, chamando a atenção de todos no quarto, menos a dele, o Justin nem se mexeu.

— Vocês podem nos dar licença por favor — eu falei séria, com autoridade, e ao ouvir a minha voz ele levantou de uma vez, me encarando com um olhar perdido que partiu o meu coração.

— Me desculpe senhorita mas não é hora para brinca... — o representante do pai dele, que era tão arrogante quanto o próprio rei, me respondeu.

— Isso não foi um pedido — dei um passo à frente, impondo autoridade e eles me olharam com os olhos arregalados.

— Mas quem você pensa qu... — ele não teve chance de terminar a frase.

— Vocês ouviram ela — o príncipe falou, em um tom que eu nunca o vi usar na minha frente, era o seu tom de príncipe herdeiro — Obedeçam.

Todos se mexeram imediatamente, não muito satisfeitos com a ordem, mas o meu foco só estava nele. Assim que o quarto se esvaziou eu tranquei a porta, me virando para ele e observando a sua pose de autoridade desmoronar em segundos. Me aproximei dele, os seus olhos estavam marejado e os meus automaticamente ficaram da mesma forma, eu não consegui dizer nenhuma palavra, apenas abracei o homem que eu amava como se pudesse protegê-lo de todo o mal do mundo.

Nós ficamos daquela forma por minutos, até que eu afastei nossos rostos e encarei ele, acariciando levemente o seu rosto e limpando as lágrimas que desciam silenciosas pelo seu rosto.

— Hails, eu não sei o que tá acontecendo, eu... — ele se embaralhou com as palavras.

— Calma meu amor, eu vim aqui para te ajudar — tentei tranquilizar ele, o dia seria longo e eu precisava que ele fosse forte hoje — As coisas estão confusas agora e pode parecer terrível, mas isso é o certo a se fazer, eu preciso que confie em mim...

— Espera — ele me interrompeu, se afastando de mim — Você fez isso? Hailey eu só contei para você e... O que foi que você fez?

Ele estava confuso, eu entendo que devia estar, mas eu preciso que ele compreenda que eu fiz isso para protegê-lo.

— Justin me escuta ok? — me aproximei, segurando o seu rosto de maneira firme — Eu fiz isso para proteger você, ele não pode ficar impune enquanto trata você como se ainda vivêssemos no século XVII, nós podemos fazer justiça por você! podemos evitar que isso aconteça mais uma vez... eu não posso saber que você tem essas marcas e apenas aceitar, não dá!

— MAS ELE É O MEU PAI! COMO VOCÊ PÔDE?

Eu me assustei quando ele gritou comigo, se afastando de mim e chutando a cadeira que estava na sua frente, eu recuei um pouco, nunca o tinha visto tão alterado daquela maneira.

— Eu contei para você... confiei em você! e você resolve contar para todo mundo as minhas dores mais íntimas Hailey? — eu tremi um pouco quando ele pegou um vaso e atirou contra a parede, despedaçando o mesmo. Eu não o culpava pela raiva que sentia.

— JUSTIN ME ESCUTA POR FAVOR— parei na frente dele, as lágrimas já tomando conta de mim e a emoção do momento fazia o meu coração palpitar como nunca antes — E se fosse eu no seu lugar? e se o meu pai me machucasse a cada vez que eu não fizesse algo que ele aprovava? e se eu tivesse uma marca nas minhas costas que me lembrasse de cada vez que eu fracassei em alguma coisa que eu não tinha a obrigação de saber? VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR? — eu me exaltei, falando alto como se só assim ele fosse me ouvir — VOCÊ CONSEGUE PENSAR NA IMAGEM DO MEU PAI ME BATENDO ATÉ AS MINHAS COSTAS SANGRAREM? PELO SIMPLES FATO DE EU NÃO SER UM ROBÔ EGOCÊNTRICO IGUAL A ELE? IMAGINA VOCÊ SABER DISSO! VOCÊ SABER QUE A PESSOA QUE VOCÊ AMA, SOFRE DESDE A INFÂNCIA NAS MÃOS DA PESSOA MAIS PODEROSA DO PAÍS E MESMO QUE SEJA DIFÍCIL, VOCÊ PODE FAZER ALGO A RESPEITO?

Eu parei, respirando fundo e processando o que eu falava. O Justin me olhava petrificado, eu conseguia ver dor ali, MUITA dor.

— Justin, algumas dessas marcas estão na suas costas para que não estivessem nas minhas, e eu amo você por isso.

Ele suspirou pesado, as lágrimas descendo sem parar e o corpo parecia pesado, ele tinha carregado aquilo por tanto tempo...

— Você me entende? será que você consegue ver o meu lado Justin? — eu sussurrei, me aproximando dele e torcendo para que ele entendesse o que eu estava fazendo, era tudo por ele.

A sua mão subiu até o meu rosto, segurando ele firme e os seus olhos analisaram o meu rosto, ele ainda estava com raiva mas parecia compreender o que eu falava.

— Eu mataria qualquer um que tentasse te ferir Hailey — eu lhe lancei um olhar triste e compreensivo — Me desculpa por tudo isso, eu não esperava... eu não sei se consigo encarar isso.

Abracei forte ele, dando um selinho nos seus lábios e sentindo o salgado das nossas lágrimas se misturarem, depois eu encarei ele.

— Nós vamos passar por isso juntos ok? eu prometi que não te abandonaria nunca mais e eu não vou, eu vou estar ao seu lado a cada segundo e nós vamos buscar justiça por você meu amor. Eu sei que é difícil mas eu preciso que seja o homem forte que eu conheço, que seja o homem que vai governar um país, que seja o homem que eu amo. Eu e você contra o mundo todo, para sempre.