25「Apenas um susto」

1K 79 46
                                    

Após a fatídica notícia do infarto do presidente, dada de forma direta e nada sutil pela comandante, Sina não conseguiu processar nenhuma outra informação em seu cérebro. A sensação de estar fora da realidade, uma leve dormência e formigamento no rosto, o ritmo cardíaco acelerado, os tremores, a hiperventilação e os calafrios, anunciavam uma crise de pânico severa.

Olívia precisou amparar a herdeira pelas costas até o carro. Os olhos cor castanhos mantiveram-se marejados desde que soubera, pela ligação de um de seus subordinados, que o Sr. Isolde havia acabado de ser levado pela ambulância para o Johns Hopkins Hospital. Ela ficou tão apavorada, sentindo que detinha uma parcela de culpa pelo ocorrido - por não estar na Casa Branca quando do incidente - que as palavras "ele sofreu um infarto" simplesmente saíram de sua boca sem ao menos Jeong ter o controle do seu tom de voz.

Deinert, por sua vez, não proferiu nenhum som. Apenas chorou em silêncio até o momento em que deu-se o pico do seu ataque súbito de pânico. Em geral, quando acontecia, durava cerca de dez a quinze minutos, no máximo. Porém, dessa vez, já se passava dos vinte e nada das terríveis sensações ruins amenizarem, tamanho o medo que instalou-se na Sina.

- Sina, me perdoe. Estou me sentindo tão mal com tudo isso! Eu não devia ter te dito o que estava havendo tão desesperadamente. Por favor, tente se acalmar. Está ficando com taquicardia, como no dia do ataque à Casa Branca. Se lembra do que fizemos? Vamos respirar daquela mesma forma? Vai ajudar na oxigenação do cérebro. Por favor! Eu não quero te ver no leito de um hospital outra vez. Você fala muita besteira quando está dopada. - A brincadeira veio em forma de tentativa de alívio do clima tenso que instalou-se. No entanto, não pareceu ser bem vinda

- Desculpa. Estou me sentindo muito culpada. Sina - que segurava firme nas laterais do banco do passageiro, como forma de apoio e conforto - foi aos poucos respirando mais devagar, passando a controlar ritmicamente a ação do inspirar e expirar. A morena, olhando-a com sua visão periférica, intercalando sua atenção entre as vias e a mulher ao seu lado, percebeu o amenizar gradativo dos sintomas incômodos do medo demasiado.

- Você não tem culpa de nada. Foi uma fatalidade. - A mais nova engoliu em seco quando ouviu o que tinha acabado de dizer - Eu não posso perder meu pai, Yoon. Eu não vou suportar o fardo de viver sem ele. - O pranto, que parecia ter cessado, retornou molhando mais uma vez o rosto de pele sedosa da filha do presidente.

- Calma, meu bem. Não há de ser grave. Sabia que algumas pessoas enfartam e nem ficam.sabendo, só descobrem tempos depois em uma.situação completamente fora do contexto? Há um mito muito grande que cerca esse mal súbito. Acredite em mim. Não foi nada grave. Não foi. - Estacionando perto de um dos carros da presidência que estava frente ao hospital, a comandante saiu às pressas, abrindo a porta do veículo para a outra.

- Venha! Te ajudo.

Tão logo as mulheres deram poucos passos em direção à entrada, um grupo de embustes, mais conhecidos como repórteres urubus - que ficam à postos somente para noticiar a desgraça alheia - tentaram avançar. Por sorte, o esquema tático montado de última hora e as coordenadas que Heyoon deu por telefone, os mantiveram à uma distância considerável. Era um momento muito delicado para a família Deinert e qualquer entrevista ou pronunciamento estava fora de cogitação.

- Comandante, Srta... - Josh cumprimentou-as quando entraram na recepção - A primeira-dama está em uma sala reservada do hospital.

- Eu a acompanho. - Anne manifestou-se ao levantar da poltrona.

- Você quer que eu vá? - A morena parecia deveras preocupada com uma outra crise nervosa súbita da herdeira.

- Sei o que está sentindo e... - Sina interrompeu sua fala para limpar seu rosto das lágrimas

A Filha Do Presidente「𝑺𝒊𝒚𝒐𝒐𝒏▪︎𝑯𝒆𝒚𝒏𝒂」Onde histórias criam vida. Descubra agora