26「Decisões que mudarão nossas vidas」

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Ao longo dos séculos, uma quantidade imensurável de palavras foram gastas para descrever os mistérios que cercam a paixão. Do físico Albert Einstein - "como a ciência poderia explicar um fenômeno tão importante como o amor?" - ao matemático Blaise Pascal - "o coração tem razões que a própria razão desconhece" - todas as maiores mentes da humanidade se declararam impotentes frente aos cultos secretos e caprichosos desse sentimento arrebatador.

Sina e Heyoon, segundo pesquisadores do mundo inteiro, estavam inveteradamente viciadas. Saltavam entre a alegria e a euforia, entre tremores e coração acelerado, ansiedade e até mesmo um certo "quê" de desespero. Essas mudanças de humor são bastante parecidas com o comportamento dos dependentes químicos. No caso das mulheres, estavam viciadas uma na outra. Não repetiram o feito da noite passada, onde tomaram banho juntas e gozaram masturbando uma à outra. Primeiro foi a loira, enquanto a comandante ajeitava o lanche e escolhia o programa que assistiriam. Depois a outra, enquanto a filha do presidente a espiava, mesmo sob protesto. Já devidamente banhadas e acomodadas na cama, sem agüentar a fome que as consumia, Deinert começou a devorar o seu hambúrguer.

Após colocar no canal escolhido, Jeong fez o mesmo, sem firulas nem cerimônias. Vez ou outra, a comandante interrompia a sua mastigação para admirar a mais nova. Mesmo com os cantos da boca sujos de maionese industrializada, Sina não perdia a elegância, qualidade que a morena tinha certeza que lhe era natural, já que exalava tão perfeitamente de seus poros. Ela não comia ou bebia, deleitava-se com os sabor; não combinava um alimento com o outro, harmonizava. Sina Deinert, mesmo não intencionalmente, prospectava tudo o que fazia.

E o fato de seus atos não serem forçados, deixava tudo ainda mais gracioso. No entanto, a herdeira aprendera com Yoon - mesmo no pouco tempo de convivência - que a vida é muito curta para ficarmos só "degustando". De tanto harmonizar, de tanto levar uma rotina gourmetizada
no pouco - pouco sentimento verdadeiro, pouco amor, pouca liberdade - até o singelo ritual de empastar o rosto com o molho do lanche virou sua delícia preferida. Às favas com as normas de etiqueta da nata da sociedade burguesa americana - onde a família presidencial estava no topo - e da aristocracia da comida, as mulheres devoravam seus sanduíches gordurentos com batata frita, sinônimo de James Jean, de jaqueta de couro e de anos 80.

- Você...está bem? - A loira indagou, após deixar as migalhas de pão e as embalagens sobre o criado mudo.

Repetindo o ato da outra, bufando baixo já entendendo sobre o que Deinert queria dizer, Jeong sorriu deitando-se na cama com as mãos postas sobre o peito.

- Estou. E você?

- Heyoon...tem certeza de que não quer conversar?

- Meu bem, eu...eu já te contei tudo sobre essa parte sombria do meu passado. Não acho que não tenha mais o que se falar sobre o assunto. Eu já me conformei. Só espero que, onde quer que o Arthur esteja, que ele seja muito feliz.

- Infelizmente não posso tirar, nem sequer amenizar a sua dor. Não faço Idéia do que vem passando durante todos esses anos. Só acredito que perder as esperanças é como se estivesse perdendo tudo, tudo o que lhe resta. Eu sei que é difícil, mas eu também sei que é de apenas uma fagulha que necessitamos para seguir em frente. Eu não deixo a minha se apagar nunca, por pior que as situações pelos quais eu passo, sejam. Você me ajudou a manter a chama da esperança acessa dentro de mim. Quero fazer o mesmo por ti.

A comandante não podia acreditar na sorte que tinha. Por mais que tristezas já tenham dominado certas fases de sua vida, ter chegado até onde chegou, podendo contar com pessoas que a amavam de verdade, era uma benção. Ter chegado até ali e conhecido Sina, foi um presente. Puxando a herdeira para perto de si, fazendo com que deitasse a cabeça em seu peito, a mais velha aproveitou a boa sensação que a proximidade lhe concedia.

A Filha Do Presidente「𝑺𝒊𝒚𝒐𝒐𝒏▪︎𝑯𝒆𝒚𝒏𝒂」Onde histórias criam vida. Descubra agora