Capítulo 18

460 77 24
                                    


Pov. Leila

Logan e eu nos encarávamos a alguns minutos. Sua expressão era de choque, ele tentou falar algumas vezes mas as palavras não saíram ou ele simplesmente desistiu.

Passei em seu escritório para pegar o livro de anotações e curiosidades sobre cada safra para poder discutir com as meninas qual vinho elas achavam que seria bom para o leilão e então eu pintaria um rotulo exclusivo. Sem querer peguei alguns documentos de dentro do envelope, basicamente eram os certificados de autenticidade e originalidade dos nossos vinhos e dos vinhos da coleção, porém uma folha me chamou atenção. Era diferente de todas as outras e eu não resisti em olhar.

O mesmo documento que assinei meses atrás, antes de me internar na clinica psiquiátrica, dando a ele a liberdade que ele tanto pediu. Mas o documento estava apenas com as nossas assinaturas, sem assinatura de advogado, juiz ou o que quer que seja lá que coloquem para formalizar o processo. Concluindo, ele e eu ainda somos casados. Eu ainda sou a Sra. Johnson.

- Logan – falei calmamente me levantando. Deixei os papeis em cima da mesa e segui até onde ele estava – Ainda somos casados? – repeti a pergunta.

- Eu não entreguei os papeis para o advogado dar continuidade no nosso divórcio – confessou ele me olhando.

Eu não sabia o que sentir naquele momento. Quero dizer, eu estava sentindo uma felicidade imensa dentro do meu peito que eu queria gritar, pular nele e fazer esse chucro cabeça dura me amar de uma vez por todas.

Ele ainda me ama. Mesmo depois de todo esse tempo, toda o sofrimento que o fiz passar, ele ainda me ama. Eu também o amo, sempre o amei e sempre iriei amá-lo. Ele é o único que foi dono do meu coração. Posso ter tido relações sexuais com outro homem, mas quem eu realmente amo está bem aqui, na frente, me dizendo que ainda é meu marido, meu esposo.

- Logan... – eu me aproximei dele lentamente.

- Eu não pude – sussurrou ele com a voz embargada pelo choro e seus olhos encheram de lágrimas. Raramente via esse caipira chucrão chorar e acho que a maioria delas fui eu quem casou esse choro. Mas eu espero que esse seja de alegria. Passei os braços ao redor do seu pescoço e o abracei forte, tão forte quanto eu conseguia.

Senti suas mãos quentes passando pela minha cintura e me abraçando contra seu corpo o máximo que ele poderia. Me abraçava tão forte que eu estava ficando sem ar. Sorri contra a pele do seu pescoço. Choramos baixinho abraçados um ao outro no nosso mundo, na nossa bolha, sem nos importar com nada e ninguém. Naquele momento, ninguém poderia estragar nossa conexão e cumplicidade.

Eu chorei e ele também.

Talvez era disso que precisávamos. Chorar juntos, sofrer juntos e superar junto tudo que aconteceu nas nossas vidas para que possamos seguir um caminho sem os fantasmas do passado nos atormentarem. Graças a Deus, os esforços dos meus médicos e o apoio da minha família meu tratamento estava dando certo e se depender de mim continuará dando. Lutarei contra essa doença a minha vida toda, isso não é uma opção, mas faço isso por esse grandão, por meu pequeno que está a quilômetros de distancia de mim porém melhor impossível, por minha família e, consequentemente, por mim mesma.

Por essa Leila que estava adormecida dentro de mim tomada pelos monstros e escuridão da doença, manipulação e das drogas. Da Leila que construí e tenho orgulho de ser. Minhas batalhas fizeram de mim a mulher que sou hoje: mais madura, mais forte e mais independente. E isso eu não quero perder e não irei perder.

- As meninas estão aqui e você precisa ir para a fábrica de queijo – o olhei e ele limpou as lagrimas da minha bochecha e eu fiz o mesmo com ele – Precisamos conversar, Logan.

O Que Restou De NósOnde histórias criam vida. Descubra agora