Capítulo 32

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Pov. Logan
Sai apreensivo da casa da vovó em direção a minha casa onde finalmente tivemos a resposta do advogado Sobre a minha situação na empresa do meu avô e a contestação errônea de Leon e dos Leoninos. O irmão mais novo do meu padrinho nunca me considerou da família. Das poucas vezes em que aparecia em festas ou para pedir dinheiro, era cheio de indiretas para mim e para minha mãe chegando até a ter brigas feias por causa disso.
Eu sou um homem simples, sempre fui e sempre vou ser, não tenho a menor vergonha disso. O dinheiro que tenho hoje, posso dizer que foi pelos anos de esforço e trabalho desde a adolescência com meu padrinho e meu avô. Não pedi para ser parte da sociedade, mas foi a consideração que minha família tem por mim. Eu tenho parte da empresa do meu avô e do meu padrinho, trabalho na direção de ambas as empresas, mas faço porque amo meu trabalho e não recebo salário para isso. Isso não é um problema para Leon, até porque foi graças aos nossos esforços que a empresa decolou e hoje rende milhões de dólares aos sócios, e isso incomodou meu querido tio. Juntos, Leila e eu somos sócios majoritários das empresas, como Leila não tem interesse em tocar nenhuma delas, eu sou o responsável pela duas. Ganhamos mais dinheiro que os outros sócios. Temos a vinícola que nos rende muito dinheiro assim como as galerias e quadros de Leila.
Como um casal jovem e sem filhos, ganhamos mais dinheiro do que necessitamos. Meus gastos mensais não fazem cócegas com o dinheiro que recebemos mensalmente. Leila pode comprar coleções de grifes caras mensalmente que não faria diferença. Poderíamos comprar vinhos para nossa coleção que também não faria diferença, aliás já fazemos isso.
Tanto dinheiro me assusta. As coisas nunca dão certo quanto tem tanto dinheiro envolvido. As pessoas são capazes de perder seu lado humano quando há dinheiro envolvido. Pessoas mal caráter, como Leon e sua família de Leoninos, com dinheiro envolvido são capazes de fazer qualquer coisa.
- Oi, pai – falei entrando no escritório onde meu pai estava com seus óculos caídos no meio do nariz lendo atendo a algo no computador – E aí?
- Bom, filho. Pelo que eu entendi aqui, Leon está contestando o faturamento da empresa – fui para trás dele para ver o e-mail que nosso advogado tinha enviado – Porque está sendo divido entre você ele, você e vovô. Está contestando que você, isso pode ser facilmente resolvido com uma procuração minha. Porque é a minha parte que eu abri mão e dou a você e Leila. Ele está contestando que você ainda recebe dinheiro pela parte de Leila mesmo depois de divorciados... Isso é um pouco mais complicado..
- Se eu te confessar algo, o senhor promete não me matar? – falei com receio e ele tirou seu óculos me olhando sério – Eu não entreguei os papéis do divórcio. Leila e eu somos casados ainda. Legalmente...
- Isso é perfeito – disse ele se levantando e me abraçou – Temos tudo ao nosso favor! Quanto a parte do vovô na nossa empresa. No testamento do vovô está escrito que a parte dele da nossa empresa é sua e de Leila, porém Leon está contestando isso. Isso pode ser complicado para nós e talvez teremos que aturar os mulas na lá. Vamos ver isso. Agora ele tentou mexer com a vinícola..
- O que? – falei indignado – Aí já é demais!
- A vinícola pertenceu a família da minha falecida esposa, então, ele não tinha nem que contestar algo.
- E o dinheiro que vovô te emprestou? Para alavancar os negócios? Eu posso pagar o vovô de volta com correção e juros se necessário. Pai, eu posso até devolver o dinheiro que recebi da minha parte da sociedade. Leila e eu não precisamos...
- É por seu direito, Logan! Você trabalha naquele lugar. Você colocou a empresa em nível nacional e até internacional. Leon só recebe os frutos do seu trabalho. Você não vai dar desistir! – disse ele me abraçando novamente.
- Ele não me considera da família...
- Nós também não o consideramos da família – disse meu pai com um sorriso divertido e eu ri – Você é meu filho. Isso ninguém nunca vai mudar.
- Obrigado, pai – falei me sentando na cadeira do meu pai e li o e-mail do advogado sobre nossos próximos passos de como agiremos com esse processo.
- E Leila? – perguntou ele se sentando na mesa – ela pareceu tão bem hoje, filho. Estou com um pressentimento maravilhoso.
- Eu também, pai. Estou realmente muito feliz. Cheio planos para nós – falei encostando na cadeira.
- Isso que eu quero. Vocês dois felizes! Já que resolvemos isso, eu vou dormir porque amanhã preciso estar cedo na fábrica de queijo – assenti.
- Não estarei aqui para o café da manhã – meu padrinho me olhou com uma sobrancelha levantada – Vou voltar para casa da vovó.
- Ah, entendi – disse ele com um sorriso – Vai ser feliz, querido.
Meu pai e eu subimos as escadas para os quartos conversando sobre Leila. Isso é algo que eu amo sobre ele é que conversa comigo e me dá conselhos sempre sendo justo, independente que Leila seja sua filha, ele fala nunca passou a mão na cabeça dela quando nos separamos, ele procurou ser justo com nós dois sem forçar nada.
Parei no meu quarto e ele seguiu para o dele onde pude ver minha mãe abrir um sorriso e deixar seu livro de lado ao vê-lo abrir a porta. Sorri, ver minha mãe sorrindo significa o mundo pra mim. E bom, talvez seja melhor eu dormir fora hoje mesmo já que esses sorrisos estão muito safadinhos pro meu gosto.
Tirei minha roupa, tomei um banho rápido e separei uma troca de roupa para o dia seguinte. Coloquei uma calça de moletom cinza confortável e uma camiseta azul, joguei a mochila nas costas e voltei para a caminhonete seguindo para a casa da vovó.
Passei pela portaria com um singelo aceno para os porteiros que me olharam confuso e os mais antigos sorriram por saber exatamente o que eu estava fazendo ali. Desliguei os faróis quando me aproximei da casa para não alarmar a minha chegada caso eles estejam acordados e estacionei atrás do carro da vovó pegando minha mochila e segui para a parte de trás da casa onde tinha acesso a varanda de Leila.
A casa da vovó é toda cercada por plantas naquele jardim vertical. Lembro-me de quando era moleque e escalava essas paredes para poder ficar com Leila e tomava maior bronca deles por danificar as plantas, com o tempo acabei criando prática e subia sem fazer barulho algum. Bom, eu era um moleque alto e magricela e escalar era bem mais fácil. Tentei ao máximo plantinhas intactas mas meu tamanho não permitia. Vovó iria me matar no dia seguinte, mas foi por uma boa causa.
Quando cheguei para a parte mais difícil de pular da parede para a varanda sem perder o equilíbrio e cair dessa altura, Nuggets apareceu na varanda todo feliz com língua para fora e balançando o rabinho. Sorri, espero que não tenha feito tanto barulho e só tenha acordado meu pequeno travesso.
Com sucesso cheguei a varanda da minha bonequinha que ainda estava acessa e a taça de vinho que dividiamos ainda estava no chão próximo ao sofá com uma clara marca de batom rosa em um dos lados. Nuggets pulou em mim querendo atenção e carinho que dei prontamente já que passamos esses três meses praticamente todas as horas do dia juntos e sentiria falta de dormir longe dele essa noite. Dele e de sua mamãe claro.
Entrei no quarto com cuidado para não assustar Leila, mas minha decepção foi grande ao ver que ela não estava em sua cama. Coloquei as mãos na cintura confuso pensando que ela possa ter ido atrás de mim na fazenda, porém ela não deixaria nosso filho para trás. Mordi o lábio inferior e resolvi explorar um pouco em busca da minha fujona. Tirei meu tênis ficando só de meia para não fazer barulho e segui para o corredor que dava acesso aos demais quartos.
Nuggets seguiu diretamente para o quarto de vovô e vovó e eu resolvi ir atrás porque era a única possibilidade que passava pela minha cabeça. Leila não dormiria em algum outro quarto aleatório que não fosse o seu ou deles. E lá estava ela, dormindo tranquila entre eles. Sorri. Fiz carinho no meu dogginho e voltei para o quarto de Leila seguido por ele.
- É, parceirinho, seremos só nós essa noite novamente...
Nuggets subiu na cama se deitando ao pé enquanto eu tirava minha roupa, drobrava e deixava em cima da poltrona que ela tinha no canto do quarto. Fechei as cortinas que davam para a varanda porque gosto de dormir no quarto bem escuro e me deitei no meio da cama esperando que quando amanhecesse Leila tivesse uma surpresa ao acordar e me visse aqui nem que fosse para que tomássemos café da manhã juntos antes de cada um seguir para sua rotina diária.
Não sei quanto tempo se passou até que eu fui acordado por uma Leila sonolenta e manhosa e tivemos a conversa mais sem sentido e fofa que alguém já viu. Eu estava mais dormindo que acordado e ela também não estava diferente, mas dormir nos braços de quem se ama... Ah, essa é a melhor sensação do mundo.
*****
Acordo com Leila se mexendo nos meus braços para ficar de costas para mim mas ainda sim bem juntinho do meu corpo. Me virei para abraça-la de conchinha passando meu braço por dentro de sua blusa e beijei seu pescoço lentamente antes de me aconchegar novamente. Leila ondulou seu corpo ao meu e entrelaçou nossas mãos sussurrando um bom dia manhoso. Levantei o rosto para ver o horário que marcava no seu relógio no criado mudo e ainda eram sete da manhã.
- Dorme mais um pouco – sussurrei no seu ouvido dando beijinhos na curva do seu pescoço com a mínima vontade de me levantar.
- Sem você não – ela segurou minha mão com mais força como se isso fosse me impedir de levantar e deixar de abraça-la. Sorri – Falando nisso... Por que não vamos para a viagem de formatura? – perguntou ela se virando na minha direção. Coloquei uma mecha do seu cabelo para trás e contornei seu rosto bonito com a ponta do dedo antes de passar meu braço pela sua cintura e puxá-la pra mim.
- Você vai, princesa. Eu não vou – respondi mesmo a contragosto porque a ultima coisa que eu queria era deixar minha mulher solta na praia no meio de um bando de marmanjo solteiro que, diga-se de passagem, eu não era muito amigável com no ensino médio.
- Não vou sem você – disse ela fazendo um biquinho fofo que eu dei um beijinho – Eu não quero ficar separado de novo. Estamos nos acertando, colocando nosso relacionamento nos trilhos e você quer ficar aqui sozinho?
- Eu não quero ficar aqui sozinho – me expliquei – Eu quero que você se divirta com suas amigas. Têm muita coisa acontecendo aqui, bonequinha, não posso me ausentar mais de mais de uma semana.
- E eu não preciso ficar mais de uma semana na praia com minhas amigas para me divertir com elas. Sem você não tem diversão! Eu quero ir com você ou também não vou – disse ela teimosa e eu confesso que, por mais que eu queira que ela vá se divertir com os amigos, ela escolher ficar comigo encheu meu peito.
- Eu vou no final de semana buscar você – tentei mais uma vez convencê-la a ir – Passamos o fim de semana juntos na praia e voltamos pra casa.
- Você está querendo se livrar de mim,  Logan? – disse ela desconfiada tentando se afastar de mim mas eu a impedi – Posso saber o por quê? Tem algo a ver com o Leon estar se metendo na empresa do vovô?
- Quem te contou? – perguntei perdido tentando encontrar na minha cabeça algum momento que ela tenha ficado sozinha com alguém que saiba disso e a contou sendo que todos nós combinamos que não iriamos preocupa-la.
- Obviamente não foi você! – ela me acusou bufando – Não quero que me mantenha no escuro em nada da nossa vida!
- Bonequinha, não estou te mantendo no escuro. Estou te protegendo. É algo que eu estou resolvendo com seu pai e que nem você e nem nossos avós precisam se preocupar.
- Mas eu sou sua esposa! – sorri com sua resposta, sem me conter, sorriso de orelha a orelha – Você não precisa carregar as coisas sozinhos. Você pode dividir comigo. Eu não tenho sido a esposa perfeita, eu sei. Mas eu juro que..
- Shii – a calei com um selinho demorado – É a esposa perfeita pra mim. Prometo te contar tudo, mas não agora. Agora eu só quero curtir minha esposa um pouquinho antes de ir trabalhar – ela ainda fez um biquinho de que não estava convencida – E caso você não vá mesmo para a viagem, acho que alguém vai ter que se mudar para cá e ficar de olho em você.
- Ah é? – ela sorriu e passou a perna na minha cintura forçando para ficar em cima de mim – Ou eu posso ficar na casa de alguém! Não sei, talvez... Uma casa perfeita que tem na vinícola.
- Ah, mais de uma semana, só nós dois, na nossa casa? Parece perfeito demais para ser verdade... Estou começando a tentar te convencer a não ir para a viagem – ela riu me chamando de bobo antes de começarmos um beijo de verdade. Um beijo com amor, entrega e desejo reprimido – Pode ser um test drive para quando... Sabe... Voltarmos a morar juntos.
Sei que pareceu um pouco precipitado quando combinamos que começaríamos do zero e eu já estava falando em morar juntos. Ela não me respondeu, apenas sorriu e me beijou apaixonadamente antes que eu começasse a criar caraminholas na minha cabeça sobre ela não querer morar comigo novamente. por mim, ela estaria voltando direto para a nossa casa e eu cuidaria dela com minha vida, mas com as investigações em andamento e algumas descobertas, seria melhor que ela não fosse para lá visto que tem pessoas na minha própria segurança que não confio.
- Criançaaaas! Estão vestidos? – ouvimos vovó bater na porta interrompendo nosso beijo. Leila riu descrente e saiu de cima de mim. Se eu já estava com minha ereção matinal, agora eu estava a ponto de explodir – Desçam para o café da manhã. Temos que ir para a cidade para nosso dia de beleza, Leila.
- É impressão minha ou todo mundo está nos interrompendo quando estamos perto de fazer algo? – disse ela afastando a coberta para se levantar – Parece um sinal de que eu tenho que ir no ginecologista o quanto antes.
- Por que? Algum problema? – perguntei preocupado perto de surtar com essa informação e principalmente quando ela fala dessa maneira tão despreocupada.
- Porque... – ela respirou fundo e abaixou a cabeça – Eu vou ter que pedir para você ceder mais uma vez por mim. Não podemos ter o luxo de uma gravidez surpresa. Teremos que ter tudo planejado pelo bem do bebê e meu bem também. Eu sei que você quer muito ser pai e...
- Eu quero ser pai mas eu não quero ser pai se você não for a mãe do meu filho. Podemos esperar o tempo que for para estarmos prontos para engravidar – ela sorriu com seus olhos marejados, me abraçou com força e beijou meus lábios com carinho.
- Te amo – sussurrou ela simplesmente.
- Te amo...
Quando descemos para tomar café da manhã depois de um banho quase comportado, Leila não parava de falar que não me viu usando calça de moletom cinza e que isso é algo que ela tem muito interesse em ver e ela foi bem especifica em dizer que eu deveria estar sem cueca quando isso acontecer. Não entendi direito essa tara do nada, mas né.. faço tudo para agradar minha pequena.
Depois ela não parou de falar das minhas roupas mais modernas. Caipira chique segundo ela. Isso tenho que concordar que estou mais arrumado e isso grçaas as meninas que me ajudaram a renovar minhas roupas. Nisso, Leila ficou um pouco chateada por não ter sido ela a ir comigo comprar as coisas mas prometi que faríamos isso outra vez quando ela quisesse.
Leila estava com uma calça jeans de cintura alta, chinelos e uma blusinha curta branca. Usava chinelos e seu cabelo estava bagunçado no estilo acabei de acordar e sim sou perfeita assim mesmo. Uma maquiagem bem natural e seu característico batom rosado completavam o visual. Simples e maravilhosa que me fazia olhar sua bunda realçada pelo jeans feito um tarado.
- Não quer mesmo que eu deixe vocês lá na clínica? – perguntei abrindo a porta de trás do carro para ela que passou os braços ao redor do meu pescoço e me deu um ultimo beijo.
- Não, fica contra mão para você. Mais tarde eu passo na vinícola para podermos discutir algumas coisas da festa da uva – assenti mesmo a contra gosto e minha carinha triste me rendeu mais um beijo.
- Durma no seu quarto essa noite... Quem sabe você não tem uma visita surpresa no meio da noite.
Ela mordeu o lábio inferior assentindo antes de entrar no carro e o motorista as levarem para a clinica de Anna e Sophie para o dia de beleza. Entrei na caminhonete e segui em direção a vinícola para mais um dia de trabalho.
*****
Terminei a separação dos e-mails relacionados a festa da uva e encaminhei todos para Leila. O dia tinha sido muito corrido, parece que tinha sido o dia para que as coisas dessem errado em todas as empresas. Tivemos uma praga na safra que eu estava tratando com tanto carinho por ser um cruzamento que nunca tínhamos conseguido antes e não sei se o que conseguimos salvar será o suficiente. Tivemos um atraso no maquinário novo da fabrica de queijo e com o volume de pedidos aumentando teremos atraso nas nossas entregas e nosso gerente comercial da fabrica do vovô se demitiu tendo todo trabalho sendo jogado para mim, mais uma vez.
Encostei na cadeira massageando minha têmpora tentando relaxar. Fechei meus olhos para ver se a forte dor de cabeça que eu estava passava, mas eu sabia que só iria passar quando eu comece visto que já estamos quase finalizando o dia e eu só estou com o café da manhã no estomago.
Mas é o que dizem, nada do que está ruim que não possa piorar. Meu celular começou a tocar e o nome de Giovana piscava na tela sem parar. Deixei cair na caixa de postal sem a mínima vontade de atender, mas ela foi insistente e continuou me ligando. Resolvi atenderam
- Giovana...
- Logan – ouvi sua voz chorosa do outro lado da linha – Preciso de você. Preciso que venha até aqui.
- O que você precisa, Giovana? Eu te mando... – falei sem paciência para seus showzinhos.
- Eu não preciso de nada – disse ela rudemente – eu só preciso que você venha até aqui. O que eu tenho agora falar tem que direto com você! Com mais ninguém!
- Eu não posso, Giovana...
- Porque sua esposinha voltou? É... Eu a vi aqui na cidade com as amigas.. ela parece bem... Posso conversar com ela primeiro se você preferir – ameaçou ela e eu quase podia imaginar seu sorriso debochado – Ou você vem aqui ou eu irei falar o que tenho para falar diretamente com ela.  Você tem 30 minutos – e desligou o telefone na minha cara.

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