Connection

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 Não esqueçam de lerem as notas finais, tem recadinho super importante... Boa leitura!

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   Depois daquela última mensagem, a resposta não chegou. Rafaela pensou que talvez tivesse sido um pouco dura em sua frase final, o que não deixava de ser verdade, mas não precisava ser tão direta, não assim de cara, não com uma desconhecida. Não sabia explicar, mas sentia que precisava ser diferente, tinha que ponderar suas palavras mesmo que fosse apenas nesses primeiros contatos, talvez aquela "conversa" não teria continuidade. Sentia que Bianca estava fugindo de sua dor, tinha camuflado todo seu sofrimento, mas ele ia bater em sua porta cedo ou tarde, era questão de tempo, e temia por ela, não sabia até que ponto esse relacionamento tinha lhe afetado, sabia que por trás daquela mulher brincalhona e sempre alto astral se escondia uma tristeza e muitas outras coisas que ela ainda não tinha conseguido desvendar...
Não tinha certeza de quase nada nessa vida, mas desde aquele domingo que a viu chorando em seus stories, Rafaela desejou imensamente proteger aquela garota. 
     Do outro lado da cidade, Bianca já estava trabalhando quando recebeu a resposta de Rafaela, ficou com um nó na garganta. A conversa em si era bem engraçada, duas desconhecidas achando que se conheciam o suficiente para ficar trocando áudios daquela forma, ficou surpresa em ver como tinha desenvolvido tão rápido uma conversa com uma estranha, por que na verdade por mais que Bianca tivesse tentado descobrir mais sobre Rafaela, teria falhado e seu coração insistia que a desconhecida não era apenas uma estranha para si, sentia que tinha muito mais por trás de toda aquela "conexão". Com sua última reposta, ela viu o quanto a mulher era dura e o quanto já sabia de si, mesmo sem conhece-la pessoalmente, aquelas palavras lhe atingiram de forma cruel, até o atual momento não tinha parado para pensar a respeito de seu término com Bárbara. 
Já tinha chorado um pouco, fez alguns stories chorando, bebeu naquela noite em função de seu término, mas de fato não tinha sentado e prestado atenção em si, em sua dor, não tinha parado um só minuto por que se recusava a sentir a famosa dor de perder alguém, se recusava em  deixar ela ir embora, queria fingir para todos que estava bem e que ia lidar com tudo aquilo da melhor forma possível, que seria trabalhando, sua marca é sua vida e sempre foi assim, não tinha tempo para parar seu "mundo" em função de sua dor. 
 E foi pensando em tudo isso que bloqueou seu celular e deixou a moça sem resposta, olhou para o espelho em que se preparava para tirar as fotos da nova campanha, limpou uma lágrima que estava no canto de seus olhos, olhou para si e pensou em tudo que suportou naquele último ano, não foi fácil, não mesmo, longe disso, mas ela não queria parar agora, talvez amanhã, quem sabe um dia se permita sentir tudo isso, mas agora só queria finalizar aquela campanha, e foi isso que fez. Saiu do camarim improvisado que fizeram na sacada de um prédio, ela até jurou que seria o prédio mais alto de São Paulo, subiu mais um lance de degraus, abriu uma porta branca, pesada e se viu naquele terraço enorme, teve a sensação que se esticasse um pouco seu braço conseguiria tocar o céu, aquele lugar era lindo, fascinante e tão calmo, apesar da correria que estava no andar de abaixo, ela sentiu uma brisa leve tocar seu rosto e o nó na garganta já não existia mais, talvez fosse isso que ela precisava, estar ali, estar em paz, estar bem consigo mesmo e ela já sabia como conseguiria aquilo, só estava tentando fugir de si mesmo, a verdade era essa, tinha medo de como sentir tudo aquilo de uma só vez, e se prejudicasse seu trabalho? E se não aguentasse? Todos a sua volta pensavam que tinha sido só mais um término, mas a verdade era que tinha sido bem mais que isso... Seus amigos sabiam de sua relação conturbada com Bárbara, mas de fato eles não sabiam de quase nada que se passava ali, algumas coisas ela até chegou a comentar sem dá muita importância, outras, guardava para si por que não queria que eles sentisse antipatia por sua "namorada" e nem tomassem suas dores.
    Bianca estava encostada em um parapeito, pensando em tudo que estava preso em sua garganta, aquela frase de Rafaela foi um gatilho que não tinha previsto e era isso que lhe matava, ser surpreendida por alguém que nem lhe conhecia...
Foi chamada algumas vezes por seu amigo, mas como não ouviu, Miguel se aproximou, mesmo com medo, ele tinha pavor da altura daquele parapeito, Bianca parecia não se importar com isso, estava na ponta daquele aranha céu, de 165 metros e nada menos que 46 andares, aquilo era um pesadelo sem tamanho para alguém com acrofobia, e sim ele estava apavorado. Quando aproximou-se viu uma lágrima tímida escorrer no rosto de sua amiga que parecia estar presa em seus pensamentos, talvez por isso não tivesse lhe escutado. Se aproximando ele tocou de leve em seu braço, ela pareceu voltar a si e se assustou com sua presença. Discretamente, ele limpou o rosto dela.

O amor não tem partidaOnde histórias criam vida. Descubra agora